2006-09-17

Vamos lá à fruta da época que o Outouno está à porta. Comecemos pois pelo ensino.
Faz sentido o estado interessar-se na prestação de um sistema de ensino aos cidadãos? Faz sentido o desiderato de pôr à disposição das populações um sistema de ensino? Deve este ser deixado ao acaso da sua própria dinâmica ou, pelo contrário, merece ser objecto de organização e planeamento tendo em vista a obtenção de resultados determinados? Será sensato pensarmos em termos de planeamento e organização no âmbito de um sistema de ensino, será possível fazê-lo, há países em que assim aconteça e que, por isso nos permitam sustentar empiricamente a resposta anterior? Perante a complexidade do tecido social e económico, qual a entidade, entre toda a malha de componentes da sociedade portuguesa, no seu todo, qual a entidade, dizíamos, capaz de, com um mínimo de exequibilidade, conseguir levar à prática os propósitos anteriores? O que poderemos pedir a um sistema de ensino? Quais os objectivos que poderemos estabelecer para o mesmo? Como avaliar e corrigir o cumprimentos dessas metas?
Escolha uma ou várias destas perguntas e partilhe connosco os seus pontos de vista ou preocupações a esse respeito. Se preferir, deixe-nos aqui as suas ideias sobre este problema sem ter em conta as questões que tão só servem para mote de conversa. Pode ainda limitar-se a trocar impressões com os restantes companheiros desta viagem.
Bem hajam todos pelo tempo que generosamente perderam neste largo.

28 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Esperemos que não seja tempo perdido. Tudo para ganhar nada para perder, embora a perca também faça parte e seja até, por vezes, necessária. O funcionamento de um sistema de ensino, público ou privado, também deve ser assim, tudo para ganhar nada para perder.

21:45  
Anonymous Anónimo said...

O que mais impressiona na discussão em torno do actual sistema de ensino e especificamente quanto aos aspectos que se abordam e ainda às formas como se processam tais abordagens, é o facto dos intervenientes apresentarem as suas ideias e pontos de vista sem curarem de saber da verosimilhança e exequibilidade das mesmas. Por muito que aparentemente ou não alguns deles apresentem e tratem dados empíricos e procurem adequar as suas análises e sugestões ao que aqueles possibilitem, para além do Autor da “Pedagogia do Avestruz”, não nos ocorre qualquer outro exemplo de consideração do espaço físico da sala de aula e do que aí se possa construir. A verdade é que aquela realidade física é a componente mínima de todo e qualquer sistema de ensino que possamos considerar e, nessa dimensão, é aí que teremos que testar tudo o que possamos pensar e querer para esse mesmo universo. Se queremos saber se uma determinada medida faz sentido, como, por exemplo, a promoção da leitura entre o corpo discente, mas também a outros níveis se é ou não alcançável a preparação para a vida activa através da aprendizagem escolar e muitos outros casos poderíamos aqui levantar, se pretendemos verificar se estamos ou não no plano da sensatez e no domínio do plausível é na sala de aula que devemos procurar comprovar.
Como é que se pode ensinar alguém que não quer ser ensinado que, numa verificação lapidar, não está minimamente interessado em aprender o que quer que seja? Esta é a questão de fundo que a Pedagogia não consegue resolver e que nos deveria chamar a atenção para o facto de todo e qualquer sistema de ensino se sustentar a partir precisamente daquilo que eventualmente suceda nas salas de aula. Com efeito, se através de uma dada organização de ensino não conseguimos resultados positivos para a sociedade e até para os indivíduos supostamente objecto de todo o trabalho desenvolvido, é na sala de aula que poderemos encontrar a chave para alterar a situação e melhorar os saldos resultantes dos esforços de cada um dos envolvidos. Por isso impressiona que se fale tanto disto e daquilo, desde as faltas de presença dos professores às expressões do seu empenho ou brio profissional, às más prestações e comportamentos dos alunos, ou da desatenção que os respectivos encarregados de educação manifestam em face dos problemas da escola, sem nunca antes prestarmos um pouco de atenção à sala de aula e verificarmos que apenas se pode ensinar aqueles que pretendem aprender e que, em conformidade, se queremos alcançar desideratos para a população discente é na sala de aula que teremos que avaliar a pertinência ou eventual eficácia e –salvo seja a expressão- possível rentabilidade daquilo que possamos almejar pôr em prática.
O que é que queremos? Como poderemos alcançar os nossos propósitos? Quais as medidas que devemos tomar, quais os comportamentos que deveremos prosseguir? Tudo isso passa pelo teste da sala de aula. Mas muito mais importante é que através daquele espaço físico conseguiremos estabelecer o modo mais simples para procurarmos entender estes problemas e agir em consonância. Queremos que os alunos aprendam conhecimentos e práticas que lhes permitam prosseguir os estudos ou inserir-se nos mercados de trabalho? Queremos alunos interessados em aprender e que aqueles que sempre desdenharão tal atitude não tenham condições para impedirem os restantes de o fazer com sucesso? É para a sala que deveremos olhar é aí que teremos que encontrar as respostas mais adequadas para esses desafios.
Na casa em que não há pão é aquilo que diz o dito popular e é isso que parece estarmos a ver nas discussões sobre o ensino entre nós. Tem-se falado de tanta coisa e tem-se proposto e experienciado as mais mirabolantes opções como os períodos de aulas de noventa minutos, mas jamais se diz como deve ser a sala de aula, qual o clima que aí deveremos conseguir obter e como a devemos usar na prossecução dos objectivos que possamos estabelecer.
Experimentemos medidas simples como fazer turmas pequenas e criteriosamente elaboradas segundo o princípio de distribuirmos uniformemente os melhores alunos por todas elas de tal maneira que por cada cinco alunos haja um ou dois com rendimentos elevados e os restantes repartindo-se na mediania entre os pólos mais e menos elevados. Conciliemos esse objectivo com escolas pequenas e bem apetrechadas em termos de recursos humanos e materiais e sejamos nós capazes de estabelecer uma cultura de disciplina rigorosamente observada que veremos como os indicadores qualitativos melhorarão paulatinamente nos anos seguintes e começarão a ter retorno social quando as primeiras levas de jovens chegarem ao mundo laboral. Se juntarmos a isso uma boa política de gestão dos recursos humanos e especialmente daqueles que dizem respeito ao corpo docente, pela qual os profissionais sejam convenientemente avaliados e responsabilizados pelo trabalho efectuado, naturalmente com bons e justos índices remuneratórios e socialmente promovidos, estaremos em condições para estabelecermos objectivos de género de pretender que os alunos adquiram boas formações no patamar das línguas e das novas tecnologias de comunicação, bem como das matemáticas e das ciências e tecnologias em geral e procurarmos calendarizar quantitativos para a avaliação desses mesmos propósitos.
Por muito que se diga isto e aquilo sobre as matérias e os programas, as técnicas e os métodos de ensinar, enquanto continuarmos a ter escolas com elevadas densidades populacionais por turma, em face do clima de ruído que isso tende a gerar na sala de alua e da cultura dominante entre os alunos que não privilegia uma atitude de plena atenção e concentração perante as matérias a aprender, muito dificilmente se conseguem resultados melhores do que actualmente tanto nos envergonham.
A grande revolução do ensino seria tão só a concretização de medidas simples como aquelas de que falámos. Mas para que elas fossem financeiramente viáveis, teríamos que eliminar desperdícios desnecessários e que também ganham e vidência se mais uma vez virarmos o nosso macroscópio para o espaço da sala de aula.
Ponhamos um ponto final aos cursos via ensino e deixemos que as academias continuem a formar licenciados nas mais diversas áreas de saber, confiando que aqueles abandonam a universidade ou o politécnico com sabedoria e competência suficiente para ministrar uma qualquer matéria lectiva, devendo submeter-se para tanto a um estágio profissional complementar que, repetindo a velha experiência da profissionalização em exercício, seria feito no ano imediato à entrada na vida docente e que encontraria nas actuais Escolas Superiores de Educação a necessária rede de suporte técnica e pedagógica. Tenhamos até a coragem de acabar com as habilitações para a docência que só podem impedir vocações, para as mesmas havendo alternativa por via da avaliação curricular do candidato que dessa maneira mostraria créditos para ministrar esta ou aquela disciplina. Depois bastaria que as próprias actividades dos estagiários levassem às escolas actividades de reactualização de conhecimentos e metodologias de ensino em particular e culturais e científicos em geral e que, para os estabelecimentos de ensino sem tal fermentação, essas tais unidades da malha das ESES funcionassem como centros difusores de actividades e sessões de formação e actualização profissional. Para sabermos se os trabalhos são sérios, os exames em final de ciclos permitiriam aferir se, estatisticamente, os alunos espelhavam os resultados obtidos na avaliação executada ao longo do ano lectivo ou não.
A grande reforma que importa levar a cabo no ensino em Portugal começa por passos simples como os que acabamos de descrever.
Obviamente, a redefinição organizativa que enunciamos, provavelmente, implicaria o fecho de muitos serviços com a consequente criação de excedentes entre os respectivos funcionários, professores ou não. Mas no conjunto assegurar-se-ia um maior equilíbrio entre a oferta e a procura no que se refere à formação de pessoal para a docência e, pelo menos no médio prazo, igualmente se conseguiria um período de crescimento no que se refere às necessidades de contratação de efectivos para as práticas de ensino.
E o que seria fundamental, finalmente criaríamos as condições para invertermos a tendência que já nos remeteu para a cauda dos países mais ricos do planeta e que, nos dias que correm, é um dos principais obstáculos ao nosso desenvolvimento.
Se persistirmos em querermos falar de ensino sem atendermos à sala de aula, continuaremos como até aqui, alegremente apostados na patetice de criarmos uma escola em que pouco se ensina na proporção da pouca vontade de aprender. Ora nesta dimensão, o futuro de Portugal está no sub-desenvolvimento dos tecidos sociais de alguns países sul-americanos dos nossos dias.

23:35  
Anonymous Anónimo said...

O que poderemos pedir a um sistema de ensino? Quais os objectivos que poderemos estabelecer para o mesmo?

Espera-se que um sistema de ensino forme a generalidade ou a maior malha possível de uma população tanto do ponto de vista académico, isto é, forneça as bases necessárias para que aqueles que assim o pretenderem possam seguir os seus estudos, como do ponto de vista profissional, possibilitando a aquisição dos instrumentos necessários para que um aluno possa abraçar a vida activa e aí escolher e aprender uma profissão. Naturalmente e porque não somos máquinas, faz igualmente sentido a preparação do aluno como cidadão, o mesmo é dizer, ali se criem as oportunidades e se reunam os meios para que os alunos possam crescer na aprendizagem e no domínio dos deveres e dos direitos de cidadania.
Em Portugal, para mal de todos nós, estamos muito longe de uma situação destas.
É pena que as discussões destes problemas se façam nos contextos da luta político partidária e por entre as querelas das reinvidicações laborais. Para serem discutidos em profundidade e com objectivos práticos, estes problemas precisam de discussões serenas e com propósitos construtivos.
Pode parecer que não, mas é o futuro do país que está em causa.

22:29  
Anonymous Anónimo said...

Até mesmo nos Estados Unidos da América, onde as melhores escolas secundárias e universidades são privadas, a rede de ensino público é boa e não deixa ninguém sem possibilidades de estudar ou seguir para o trabalho desde que tenha força de vontade e capacidade para tanto.
Assim, faz todo o sentido que o estado tenha por obrigação proporcionar às populações o acesso a um bom sistema de ensino.
Em Portugal, dados os nossos atrasos, essa devia ser a primeira prioridade dos nossos governantes.

13:05  
Anonymous Anónimo said...

Em Portugal perdeu-se a noção de que o ensino deve procurar a excelência. Num país que apostou na mão-de-obra barata como modelo de desenvolvimento, naturalmente o ensino sempre foi encarado como um dos parentes pobres dos serviços do estado e apesar das aparências e de todo o dinheiro que o sistema absorve e consome, a ideia sempe foi a de fornecer prestar uma formação o mais barata possível. A filosofia é a do para quem é bacalhau basta.

00:04  
Anonymous Anónimo said...

Tudo o que dissermos sobre o ensino tem que passar o teste da sala de aula, o mesmo é dizer que tudo aquilo que possamos pensar ou dizer quanto aquela temática, aquilo que possamos pretender para a realidade em que se materializa, tudo isso tem que fazer sentido no espaço da sala de aula, isto é, as nossas palavras, as nossas ideias, os nossos conceitos, até mesmo as balizas teóricas dos discursos gerais e propostas práticas e também os métodos quer de abordagem do problema, quer em termos das práticas existentes, tudo isso tem que fazer sentido na sala de aula, ser exequível com o que aí se passa e, porque estamos perante uma actividade humana, com os resultados que se pretendam e se consigam obter.
Isto é assim pela simples razão que aquele espaço físico, naturalmente com as devidas adaptações culturais e temporais, é o mínimo denominador comum que poderemos encontrar se considerarmos todos os -digamos assim, por mera comodidade de linguagem e de comunicação- sistemas de ensino de que há memória histórica entre a nossa espécie.
Naturalmente que algo do género de um sistema de ensino moderno e, nomeadamente, aquele que se oferece em Portugal às populações residentes, na qualidade de produto da actividade humana e de decisões e planeamentos conscientes, algo assim dificilmente poderá ser objecto de tratamento científico. Contudo, não é menos verdade que se considerarmos um período determinado ou uma dado exemplo, desde que estejamos a olhar situações já distanciadas no tempo, então estaremos nos meandros das ciências da História e aí, sem estarmos aqui a discutir a cientificidade das Humanidades e sem embargo da pertinências ou das razões em confronto num tal debate, apesar de tudo deparamo-nos com um corpo de investigação que, modesta mas não menos pertinentemente, denota a aplicação de métodos específicos capazes de obterem resultados independentemente do observador que os usa e a obtenção de resultados conformes e universalmente refutáveis ou não de acordo com os dados empíricos em apreço e à disposição num determinado momento e lugar.
Ora nada nos impede pois que pretendamos tratar estes assuntos do sistema de ensino ou, como na conversa corrente se designa, do ensino e da educação, dizíamos que nada nos impede de encararmos estes temas como se os mesmos fossem passíveis de um olhar, digamos, científico que de um modo simples se traduz em procurar verificar a verosimilhança empírica daquilo que tomamos por certo.
Pois bem, tudo isso se terá que fazer na sala de aula e se há algum sentido naquilo que dizemos então é lá que poderemos obter as respostas para as dúvidas e os problemas que actualmente defrontamos.
É fácil de entender esta opção, à primeira vista, tão bizarra. Podemos fazê-lo com uma espécie de pequeno jogo em que, usando a abstracção, podemos criar uma espécie de modelo físico –ainda que, neste particular, imaginário- onde rapidamente poderemos induzir a afirmação que registamos a respeito do mínimo denominador comum aos múltiplos sistemas de ensino. Não é nada de novo e há até mesmo precedentes ao nível das metodologias de que poderemos dispor. Tirando partido do método dos cartões com que o Professor Claude Lévi-Strauss descodificou múltiplos e variadíssimos mitos e, por exemplo, chegou ao conceito de mitema, podemos considerar num eixo que projectamos num ecrã tridimensional, em que a diacronia é dada pela profundidade, todos os sistemas de ensino conhecidos desde a noite dos tempos. Desde a formação dos escribas no Antigo Egipto, para considerarmos um caso, passando até pela transmissão de conhecimentos entre pais e filhos ou tios e sobrinhos maternos, em populações caçadoras, às escolas dos sofistas e dos pitagóricos na Grécia das cidades estados, enfim, desde os tempos dos bancos da escolástica aos mais modernos estabelecimentos de ensino nas sociedades mais desenvolvidas da actualidade, se para todos estes exemplos nos fosse possível registar todas as características e organização inerente verificaríamos que por muito díspares entre si, um elemento se afirma comum a todos eles é, independentemente do aspecto e forma que tenha, o espaço e o momento em que alguém transmite a outrem um determinado conhecimento ou uma dada aptidão e isso é aquilo que, na linguagem da actualidade e genericamente podemos designar por sala de aula. É pois este espaço físico que poderemos tomar como o elemento fundamental de um qualquer sistema de ensino, o seu elemento mínimo e é nele que as nossas teorias podem ser avaliadas como positivas ou não, exequíveis ou não e que toda e qualquer avaliação dos nossos resultados pode e deve ser realizada.
Daqui deriva que se pretendemos discutir o ensino com um mínimo de racionalidade devemos então usar a sala de aula como ponto de partida de todas as nossas ideias, teorias, propostas, atitudes e comportamentos e todo e qualquer planeamento que eventualmente queiramos fazer com vista a obtenção de resultados previamente definidos. Na minha modestíssima opinião, creio que foi por isto que tanto dinheiro se aplicou nas escolas portuguesas com resultados tão fracos.

00:15  
Anonymous Anónimo said...

O comentador anónimo tem razão. Nunca tinha visto o problema desta maneira mas é verdade, é na sala de aula que afinal se materializam todos os resultados finais que pretendemos atingir no interior de um sistema de ensino.
Visto desta maneira, temos que ter bons professores, alunos interessados, matérias adequadas e bem definidas e sistematizadas e naturalmente os meios para conseguirmos transmiti-las de modo positivo isto é, conseguindo que aqueles a quem elas são dirigidas as aprendam e possam com elas prosseguir os respectivos caminhos.
Ora nesta perspectiva, o sistema de ensino que temos é o melhor para aquilo que precisamos para o desenvolvimento do nosso país? É uma pergunta pertinente a que importa responder.
Pois quanto a mim a resposta é negativa e revela as deficiências e faltas que na nossa escola impedem uma boa formação do corpo docente com os pobres resultados que são de todos conhecidos.
Como é que deveremos organizar a escola pública –isto porque é àquela que na minha opinião deve competir a formação da população- para conseguirmos que a maioria daqueles que a frequentem a terminem com boas competências para a continuidade da vida estudantil ou para a entrada na vida laboral?
Seguindo o princípio de fundo das perguntas que apresentam, parece-me ser nesta direcção que a discussão deve prosseguir.
Quanto a isto muito haverá a dizer, mas gostava de ler as opiniões de outras pessoas. Até lá, fico-me por aqui.

Patrícia Castro
Professora do Ensino Secundário

13:42  
Anonymous Anónimo said...

O ensino devia ser todo privatizado, isso sim e quem não tivesse dinheiro para pagar o estado avançaria com um cheque-edducação que, se o aluno tirasse um curso universitário seria, posteriormente, pago sem juros e com plano de amortização de fácil cumprimento; caso o aluno concluísse apenas os estudos secundários não teria que devolver a verba aplicada na sua formação.
Acabavam os desperdícios do sistema em três tempos.

13:57  
Anonymous Anónimo said...

Diga-me Senhor Eduardo, e naquelas Vilas do interior será que há mercado para um tal investimento? E se não houver, o Estado entregará o cheque educação para que os alunos estudem onde? Em Espanha, como no caso das maternidades? Ou se por qualquer motivo que eu sou incapaz de imaginar a actividade acabar por dar prejuízo, o Estado cobrirá as despesas e manterá o serviço aberto?
Ou... Por favor, Senhor Eduardo, explique-me omo se eu fosse muito burra.

17:27  
Anonymous Anónimo said...

A educação e a formação pessoal e profissional não são mercadorias no sentido económico do termo. Logo, não podemos esperar que ela obedeça às mesmas leis que regulamentam as trocas e os consumos daquelas. A educação não se destrói no acto da sua utilização -se é que esta frase tem algum significado. Não se pode pois abordar o problema da educação tomando o mercado e as relações mercantis como pontos de referência. Aliás, seria absurdo,pois tal não acontece em lado algum.

00:18  
Anonymous Anónimo said...

A coexistência do sistema de ensino público e da rede privada é uma realidade e não há como fugir a ela.
O equilíbrio e o entrosamento entre ambos deve estar na mira das eventuais políticas educativas. Até aqui tudo bem. Como isso se faz, será problema a discutir e confesso que não tenho opinião sobre o assunto.
O que eu quis dizer é que a mola real de qualquer dos sistemas deve ser a da gestão empresarial, mesmo nas escolas públicas para que se eliminem os desperdícios e se procurem atingir objectivos e avaliar o que fizermos para isso.
Reconheço que a minha primeira afirmação é demasiado radical. Mas não perderíamos nada se introduzíssemos o factor concorrência nesta área de actividade. Será que actualmente este é real?

19:35  
Anonymous Anónimo said...

Em que ficamos, Senhor Eduardo?

23:27  
Anonymous Anónimo said...

Sem querer estar a tomar partido nas perguntas ao Sr. Eduardo Ponce de Carvalho e de uma forma acrítica, aqui reproduzo um artigo de Helena Matos, "A Máquina Com Vida Própria" que seguramente servirá como mais um elemento para o assunto que aqui está em discussão.

HELENA MATOS
ele alunos da Escola Secundária D. Inês de Castro, em Alcobaça, foram agredidos por dois jovens do sexo masculino, com 16 e 17 anos. que não frequentam aquele estabelecimento de ensino. O episódio ocorreu na última quinta-feíra 121 de Setembro], por volta das 14 horas, mas só ontem 125 de Setembro/, foi divulgado pela PSP. O facto dea escola não ter portaria facilitou a entrada dos autores das agressões, que, segundo a vice-presi-dente do conselho executivo da Escola D. Inès de Castro. Dulce Lopes, são da freguesia de Pataias, no mesmo concelho."
Este facto relatado pelo Jornal de Notícias na sua edição de 26 de Setembro não tem aparentemente nada de excepcional. As agressões nem sequer foram muito graves, sobretudo quando comparadas com outras ocorridas noutras escolas. Mas chamo contudo a atenção para a seguinte frase "Ofacto dea escola não ter portaria facilitou a entrada dos autores das agressões. "Uma escola sem portaria? O que é estranho é que este dado não nos choca. Não deixa de ser peculiar que segurancas e contínuos nos interroguem ao que vamos quando entramos no edifício duma junta de freguesia e que simultaneamente consigamos entrar e sair dumas instalações escolares sem que alguém nos pergunte o que quer que seja.
Várias vezes me tenho interrogado sobre os profundos temores que levarão ã proliferação de contínuos e segurancas - não raramente em perfeita duplicação e triplicação de funções - nos mais díspares serviços públicos como as bibliotecas, arquivos, centros de saúde ou até em instituições militares. Contudo, inúmeras escolas funcionam sem qualquer controlo de entradas e saídas.
Não duvido que os alunos podem igualmente ser agredidos em plena rua, mas também tenho a certeza que uma escola a funcionar sem portaria é uma escola que não deve funcionar.
A ausência de controlo de entradas e saídas nas escolas públicas -e quiçá em algumas privadas, mas esse é um problema delas e de quem lã coloca os filhos - é apenas um e nem sequer o mais grave problema do ensino público em Portugal. Digamos que é uma espécie de símbolo daquilo a que se chegou.
Mais do que ser um gigantesco sorvedouro de dinheiro, o ensino estatal constituiu-se em Portugal como um maquinismo de corda que se autonomizou da realidade. O ensino público não vive para servir o público - no caso os alunos -, vive para corporal i vãmente se sustentar, o que já não é tarefa de pouca monta, dado o gigantismo da estrutura que, em nome da educação, tem sido montada ao longo de décadas e décadas. Mesmo que os alunos se volatilizassem, a engrenagem continuaria largos anos em funcionamento, reivindicando sempre mais funcionários. A escola pública não está concebida do ponto de vista dos alunos, logo um espaço onde existem tempos lectivos, não lectivos, refeições, saídas, entradas... Antes pelo contrário, a escola organiza-se segundo a delimitação das obrigações de cada grupo profissional: quem não tem obrigação de vigiar os recreios? Quem não tem obrigação de limpar isto ou aquilo? Quem não tem obrigação de ficar depois das I5h?... Não se trata de trabalhar pouco ou muito. Mal ou bem. Em muitas destas escolas e jardins de infância existem excelentes e dedicadíssimos profissionais. Mas falta a concepção de que a escola só existe, se tiver alunos.

*v.ui~ imv lynata uai uiiid upiiiiict aula, wJ a seguir
ninguém se preocupar com o facto de a escola não ter portaria ou de se praticar um horário absolutamente incompatível com os horários de trabalho das famílias.
De igual modo, os conteúdos não estariam transformados numa espécie de ode ao politicamente correcto e muito menos os tempos lectivos seriam ocupados com actividades que apenas resultam na fase de experiência pedagógica, com turmas escolhidas e professores escolhidos em escolas que também são aquelas por acaso. Por exemplo, qual tem sidoo saldo global da disciplina que dá pelo nome de Área de Projecto? É certo que devem existir experiências maravilhosas para mostrar em powerpoint nos seminários sobre o que se pode fazer nesta disciplina. Mas na generalidade os conteúdos aí abordados dificilmente ultrapassam uns considerandos vagos sobre assuntos como a vida maravilhosa das baleias ou a roda dos alimentos.
Este esvaziamento dos conteúdos penaliza claramente os mais desfavorecidos em termos de saber e de competências para aprender. A substituição das disciplinas em que se transmitem conhecimentos por aquelas em que se modelam atitudes tem o seu expoente na chamada Educação Cívica. Estadisciplina tornou-se numa espécie de exercício de rnetalinguagem sobre os problemas da turma. Os nossos filhos saem da escola sem saber distinguir os poderes do Presidente da República dos do primeiro-ministro, mas sabem desdea mais tenra idade que têm problemas, que estão numa turma com problemas e que a escola ela mesma é um problema que não se resolve, porque o Ministério da Educação não dá esse abstracto indispensável que é necessário para erradicar os ditos problemas.
Dir-me-ão que estas tolices curriculares também imperam no ensino privado. É certo que sim, mas também é certo que a preocupação em apresentar resultados leva, apesar de tudo, a alguma moderação. E aqui chegamos aobusüis da questão: a escola pública não muda, enquanto não existir liberdade de escolha dentro do universo das escolas públicas e entre estas e as privadas.
Note-se que a simples possibilidade de se escolher a escola pública que se quer é uma excepção. Todos temos vergonha do tempo em que os portugueses eram tão pobres que ensinavam os filhos a mentir, quando inquiridos sobre a sua idade nos transportes públicos. Pois agora mentem sobre o local onde vivem, de modo a que os seus pais possam escolher a escola pública que querem.
A possibilidade desses mesmos pais dizerem tranquilamente que preferem a escola A porque é melhor do que a B soa a blasfémia e é mais do que meio caminho andado para verem a sua pretensão recusada. Termos como melhor ou pior são absolutamente interditos neste universo. E não só nele. Note-se que a maior parte dos nossos dirigentes políticos e figuras públicas - sejam eles de esquerda ou direita - opta por, nos níveis do básico e secundário, colocar os seus filhos no ensino privado. Jamais dirão que fizeram essa opção porque acreditam que o ensino privado garante melhores resultados, mas sim porque "dá mais jeito", "fica mais ao pé de casa", "os amigos também foram para ali"... Às vezes dizem que os horários do público não são compatíveis, mas o assunto morre aí mesmo.
E assim os portugueses que pagam caro um sistema público de ensino não só não podem escolher a escola pública que querem - e que oficial-menteé gratuita, o que levará um extraterrestre a pensar que se auto-sustenta -, como são também gravemente penalizados, caso optem pelo ensino privado. O que leva a que não se pondere sequer a possibilidade de o Ministério da Educação transferir para a escola pública ou privada indicada pelas famílias a verba que anualmente despende com cada aluno? Porque se teme que muitas escolas públicas ficassem às moscas. Os nossos filhos estão reféns da máquina. • JORNALISTA

15:24  
Anonymous Anónimo said...

O debate está interessante e já aqui foram apresentadas ideias e sugestões em número suficiente para nos permitirem fornecer um pouco mais de luz ao problema que constitui, neste triste país à beira-mar saqueado, um sistema de ensino que obtém os fracos resultados que são do conhecimento público e, neste domínio, nos remetem para a cauda da Europa onde seria imprescindível que não estivéssemos.
Pelo que aqui tem sido avançado, provavelmente até nem seria muito difícil conceber, planear e pôr em prática uma escola onde os alunos encontrassem uma boa formação pessoal, escolar e profissional.
Acompanho a Srª. Profª. D. Patrícia Castro no destaque que confere às palavras do comentador anónimo. São pertinentes e colocam-nos numa dimensão em que mais facilmente se percebe o que de facto poderia ser feito para os almejados e incontornáveis melhorismos que no sistema de ensino terão que ser introduzidos se queremos trilhar a via do desenvolvimento.
Afinal, aquilo que faz falta são estabelecimentos de ensino suficientemente pequenos para que a disciplina seja eficaz em termos de neutralizar aqueles que, não estando interessados em grandes resultados escolares, podem contribuir para obstar o regular e positivo decurso das actividades lectivas. Sem uma forte cultura de disciplina, por muita pedagogia que sejamos capazes de utilizar, esataremos sempre indefesos perante os maus comportamentos daqueles que muito simplesmente não querem aprender.
Turmas com um limite de vinte alunos permitiriam um melhor acompanhamento por parte dos professores em relação à progressão e às dificuldades dos discentes perante a aprendizagem.
Os Professores, por sua vez, após as licenciaturas com que chegassem à profissão, deveriam ser objectos de formação específica que teria que necessariamente acontecer nas escolas e sob supervisão de professores credenciados e com provas dadas que, por sua vez, estariam enquadrados e por isso mesmo beneficiariam dos apoios necessários na rede de Escolas Superiores de Educação que actualmente se espalha por todo o território nacional. Parece-me que as licenciaturas via-ensino são um desperdício e tenho sérias reservas quanto a conseguirem formar indivíduos dentro do espírito universitário do auto-didactismo e da capacitação para a aplicação e avolumar dos conhecimentos que toda e qualquer Universidade deve procurar conseguir. Do mesmo modo que as habilitações deveriam decorrer dos curriculum de cada candidato e das matérias que as respectivas licenciaturas tivessem tratado.
Naturalmente e para que as competências possam ser devidamente avaliadas, ter-se-ia que acabar com a lógica da mão-de-obra barata -o sistema assenta nos professores à espera de entrarem para o quadro com as diferenças salariais daí decorrentes- e permitir que as escolas contratassem o pessoal docente de acordo com as necessidades reveladas que obrigatoriamente seria remunerado com justiça e conveniente e rigorosamente avaliado no seu desempenho.
Provavelmente estamos a falar de gastos elevados mas a verdade é que se eliminássemos os desperdícios e redireccionássemos as aplicações dos dinheiros, talvez até nem estivéssemos a propor um significativo aumento dos custos.
Infelizmente, por um lado falta coragem para tomar medidas desta natureza que tocariam em interesses instalados e acabariam com muita vidinha descansada que dorme à sombra da inércia actual; por outro lado e aqui reside a nossa tragédia, o mais certo é também faltar a competência e a visão necessárias naqueles que se sentam nas cadeiras das decisões. Sobre este aspecto, compete ao cidadão comum começar a apontar nomes credíveis para darem corpo a uma mudança que nos faça sair do plano inclinado em que estamos com o precipício no horizonte.
Urge falar sobre isto e neste sentido, este espaço está de parabéns.

17:36  
Anonymous Anónimo said...

Será que a ministra da educação aprenderia alguma coisa com o que aqui se tem escrito ou muito simplesmente compreenderia que a melhor decisão que poderia tomar seria a de se demitir e com isso dar lugar à hipótese de se encontrarem pessoas mais conhecedoras e competentes para lidar com estes problemas?

22:02  
Anonymous Anónimo said...

A manifestação que hoje teve lugar em Lisboa resolveu a pergunta do leiitor anterior.

22:15  
Anonymous Anónimo said...

Muito se fala no despesismo no nosso sistema de ensino mas raramente se diz que aquele tem sido suportado na lógica da mão-de-obra barata, como alguém disse aqui. Agora vem o nosso Primeiro-Ministro com as tretas de que o país não pode garantir que todos os professores cheguem ao topo da carreira como se isso alguma vez tivesse acontecido. A verdade é que nestes últimos trinta anos, em vez de se acreditar e investir a sério nos professores, não, encarou-se a formação para a docência repetindo os erros que noutros países já tinham manifestamente dado maus resultados, com a opção por uma preparação barata e em contrapartida, primeiro sustentou-se o sistema a partir da figura dos professores provisórios que agora permanecem com outras designações mas sempre fora da efectivação no quadro de uma determinada escola que era o que deveria acontecer se quiséssemos ter profissionais empenhados num trabalho contínuo e com resultados comensuráveis simultaneamente quiséssemos fazer uma avaliação rigorosa que separasse o trigo do joio e premiasse os bons docentes.
Da mesma maneira que não se fazem omoletas sem ovos, jamais conseguiremos ter um ensino que se preze sem bons professores e não é com gente que não sabe o dia de amanhã e anda aos trambolhões de escola em escola que se conseguirá aquilo que seria de esperar, o objectivo de o sistema de ensino formar capazmente a generalidade da população escolar.
Boa noite a todos e bom fim-de-semana.

00:00  
Anonymous Anónimo said...

Como é que na Finlândia há um ensino completamente gratuito -até as refeições dos alunos são de borla- com excelentes resultados e aqui não?

12:03  
Anonymous Anónimo said...

É por causa da cultura da corrupção!!!!

15:52  
Anonymous Anónimo said...

O que é que a corrupção tem a ver com o ensino?

16:37  
Anonymous Anónimo said...

Raramente consigo estar tão de acordo com o Autor das palavras que se seguem e por isso aqui deixo mais um contributo para o que aqui está em discussão.


VASCO PULIDO VALENTE
O MAL DA EDUCAÇÃO


Vinte mil professores com o apoio de 14 organizações sindicais fizeram quinta-eira a maior manifestação de sempre contra um ministro da Educação, neste caso a ministra Maria de Lurdes Rodrigues, que
não há muito tempo passava por uma das luzes do Governo e que de repente se transformou em "ditadora", "autista" e "mentirosa". Motivo? A reforma da carreira docente. De maneira geral, os professores não têm razão. Um exemplo: ao contrário
do que eles pensam ou fingem que pensam, um curso superior não garante hoje (se alguma vez garantiu) qualquer proficiência em matéria alguma. Uma avaliação posterior é mais do que justificada, como aliás se exige em Portugal e fora de Portugal em muitas profissões, como a advocacia ou a medicina. Outro exemplo: o "ano à experiência", uma espécie de um estágio, mede uma capacidade específica, a de ensinar, que não coincide forçosa ou frequentemente com a competência
académica. Não seria útil e sensato acabar com ele.
Mas, dito isto, há um ponto em que a fúria dos professores se compreende. A tentativa de regular e dirigir um sistema tão extenso, pesado e complexo de um prédio da 5 de Outubro deu, e dará sempre, um péssimo resultado. A escola única, gratuita e obrigatória, instituída e comandada pelo Estado, produto do nacionalismo e do anticlericalismo do século XK, é agora inteiramente obsoleta e uma fonte de ineficiência e confusão. Reservando para si um papel fiscalizador e regulador, o Estado devia promover a emergência de um "mercado de ensino", em que a escola (pública, particular ou cooperativa) fosse de facto autónoma (e pudesse, nomeadamente, contratar professores), mas sobretudo um "mercado" em que a escola, mesmo a título simbólico, fosse paga.
Existem argumentos sérios para deixar no Estado a essência da Segu-
rança Social e da Saúde. Não existe nenhum argumento convincente a favor do monopólio ou quase monopólio público da Educação. No que prometia (a igualdade, a qualidade, a "neutralidade" ideológica e política) esse monopólio falhou. E, em contrapartida, criou um mundo fechado e absurdo, em que ninguém é responsável por ninguém: nem os pais pêlos filhos, nem os filhos por si próprios, nem os professores pela escola em que os forçam a trabalhar e a viver. O "mercado", embora imperfeito e limitado, ajudaria a devolver alguma responsabilidade ao sistema: aos pais porque pagariam, aos filhos porque a violência, a indisciplina e a preguiça custariam caro,« aos professores porque a concorrência lhes traria uma autoridade real. O esforço de "arrumação" da sra. ministra é meritório. Sõ que, infelizmente, sendo as coisas o que são, não mudará nada do que importa mudar. •

19:33  
Anonymous Anónimo said...

Nada, directamente a corrupção não tem nada a ver com a educação.
Mas os nossos dirigentes políticos só nunca apostaram a sério na educação pelo simples facto de um povo educado jamais votar em figuras tão emblemáticas como a Sr. de Felgueiras e o Sr. de Gondomar e tantos outros de que não vale a pena aqui falar.
Num país em que o mérito distinguisse aqueles que nos dirigem e aqueles que chegam aos melhores lugares da sociedade, o ensino seria uma das pedras fortes das políticas públicas.
É assim na Finlândia, mas também na Suécia, na Dinamarca, na Noruega e muitos outros países que não apenas os do norte da Europa.
Percebeu, ora esta?

16:12  
Anonymous Anónimo said...

Faça-se uma lista dos países desenvolvidos e verificaremos que todos eles, sem excepção, apostaram a sério na educação. A Suécia, a Noruega, a Dinamarca, a Alemanha e outros ainda no século dezanove.
É claro que a prazo a coisa deu frutos.
Será que o actual Governo está a seguir o caminho de uma aposta a sério na educação? Não me parece.

10:16  
Anonymous Anónimo said...

O Manel é que sabe.

12:39  
Anonymous Anónimo said...

Quem possa visitar Eisenach, na Turíngia, Alemanha, encontrará entre os locais de interesse cultural e turístico, a casa da família Cotha, onde o Sr. Martinho Lutero, natural de Erfurt, viveu na infância enquanto estudante naquela cidade e protegido daquela família abastada.
Entre as mais-valias que a dita unidade museugráfica possui, para além da própria casa em si cujo valor histórico é inegável, está a reconstituição de uma escola antiga do tempo de Lutero; digamos uma recriação da escola que o pai da Reforma terá frequentado.
Surpresa das surpresas, não é que estamos perante uma sala de aula que muito se parece com aquelas em que decorreram a nossa própria aprendizagem das letras? Com a pequena nuance da diferença de quase quinhentos anos entre uma e outra.
Obviamente não estamos a querer dizer que naquele principado e naquela época existia uma escola para a maioria dos habitantes; mas existia para uma minoria que ficava bem preparada para ler e entender os textos e reflectir sobre eles e os problemas da vida e do mundo envolvente e não é por acaso que na vizinha Praga só viveram Tycho Brae e Joannes Keppler e que a tradição filosófica produziu vultos como, por exemplo, um Kant nas vizinhas terras alemãs.
Ora Portugasl ficou arredado de todo esse movimento e daí a triste situação que hoje vivemos com elites tiram partido da ignorância geral para manterem os seus privilégios e impedir a renovação dessas camadas superiores que Vilfredo Pareto apontou como a mola de transformação das sociedades e que eu diria ser um do factores de progresso nas sociedades.
Já repararm como a sociedade portuguesa é tão oligárquica em termos de poder e, ao mesmo tempo, é tão escassa a tradição das famílias manterem negócios em crescendo por várias gerações?

16:41  
Anonymous Anónimo said...

E depois desta conversa toda vejam lá se se esquecem de fazer greve.

21:03  
Anonymous Anónimo said...

Estes sindicalistas esquecem-se que os sindicatos foram igualmente culpados da situação a que isto chegou; durante anos a fio pactuaram com o status quo que teve por resultado a situação de descrédito a que a nobre profissão da docência chegou nos dias que correm.

22:36  
Anonymous Anónimo said...

Quem construiu Tebas, a das sete Portas?
Nos livros vem o nome dos reis.
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilónia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casasda Lima dourada moravam os obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? Agrande Roma
Está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os Césares? A tão cantada Bizêncio
Só tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar os seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sózinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Fílipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a Guerra dos Sete Anos.
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitória.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem?
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas.

Bertolt Brecht

Quem ensinou os médicos?
Não houve um único professor no seu passado de aprendizagem?

00:14  

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