UMA DÚVIDA BIZARRA?
Há jornalismo livre em Portugal?
A pergunta pode parecer um tanto ou quanto estranha e até provocatória. As liberdades de pensamento e expressão, de informação e publicação, estão consagradas na Constituição da República e protegidas por articulados legais que, deste ponto de vista, as estabelecem como algo adquirido e irreversível. Neste sentido, a liberdade de imprensa é um facto entre nós e aparentemente, pelo menos, nada há no horizonte que a ponha ou possa pôr em causa. A dúvida que lançamos pode assim parecer bizarra e descabida de todo. Ainda assim ousamos colocá-la: há jornalismo livre em Portugal?
Os órgãos de comunicação social têm liberdade para investigarem e publicarem mas será que o fazem? Será que o podem fazer? Por outras palavras, será que aqueles podem publicar tudo quanto eventualmente investiguem, podem investigar todo e qualquer assunto, toda e qualquer organização ou personalidade? Será que há poderes institucionais e/ou pessoais que conseguem subtrair-se a esses direitos naturais dos jornalistas?
Entre nós, o facto de os media mais importantes estarem na posse de grandes grupos económicos não condiciona o trabalho dos jornalistas? Podem, por isso, estar aqueles sujeitos a pressões imediatas e directas que lhes condicionem o trabalho e em última instância os levem a auto-censurarem-se quantos aos eventuais conteúdos do mesmo? Será que há quem tenha o poder para impor temas e conteúdos à produção da imprensa audiovisual ou escrita? Quer dizer, podemos identificar casos de jornalismo em que o propósito implícito é a promoção de certas figuras e interesses ou, ao contrário, a destruição de imagens de pessoas e instituições?
Enfim, há jornalismo livre em Portugal?
Eis o que desta vez lhes propomos para tema de conversa. As nossas mais vivos agradecimentos para todos os que nela participem.
A pergunta pode parecer um tanto ou quanto estranha e até provocatória. As liberdades de pensamento e expressão, de informação e publicação, estão consagradas na Constituição da República e protegidas por articulados legais que, deste ponto de vista, as estabelecem como algo adquirido e irreversível. Neste sentido, a liberdade de imprensa é um facto entre nós e aparentemente, pelo menos, nada há no horizonte que a ponha ou possa pôr em causa. A dúvida que lançamos pode assim parecer bizarra e descabida de todo. Ainda assim ousamos colocá-la: há jornalismo livre em Portugal?
Os órgãos de comunicação social têm liberdade para investigarem e publicarem mas será que o fazem? Será que o podem fazer? Por outras palavras, será que aqueles podem publicar tudo quanto eventualmente investiguem, podem investigar todo e qualquer assunto, toda e qualquer organização ou personalidade? Será que há poderes institucionais e/ou pessoais que conseguem subtrair-se a esses direitos naturais dos jornalistas?
Entre nós, o facto de os media mais importantes estarem na posse de grandes grupos económicos não condiciona o trabalho dos jornalistas? Podem, por isso, estar aqueles sujeitos a pressões imediatas e directas que lhes condicionem o trabalho e em última instância os levem a auto-censurarem-se quantos aos eventuais conteúdos do mesmo? Será que há quem tenha o poder para impor temas e conteúdos à produção da imprensa audiovisual ou escrita? Quer dizer, podemos identificar casos de jornalismo em que o propósito implícito é a promoção de certas figuras e interesses ou, ao contrário, a destruição de imagens de pessoas e instituições?
Enfim, há jornalismo livre em Portugal?
Eis o que desta vez lhes propomos para tema de conversa. As nossas mais vivos agradecimentos para todos os que nela participem.
42 Comments:
A questão trás em si alguma ambiguidade. Existem muitos tipos de jornalista e depende do que se entende por ser livre.
Existem jornalistas que só fazem peças por encomenda. Poderá neste caso um jornalista ser livre?
Mas se nos referirmos só à composição escrita da peça, penso que, regra geral, ninguém é obrigado a escrever o que não viu.
Mas depois temos o Chefe de Redacção, o Conselho de Redacção, os Vice-Directores, o Director, o Patrão (os grandes grupos económicos). É evidente que os conteúdos de um jornal, de uma televisão, vão sendo orientados conforme a posição hierárquica.
Todos têm subordinação de poder até ao Patrão, embora regra geral o Patrão não interfira na orgânica de um "jornal", mas é ele quem nomeia e quem exonera.
Talvez a última palavra do que se publica caiba exclusivamente ao Director. Então deverá dizer-se que é ele o único verdadeiramente livre?
Não me parece. O processo tem de ser visto dentro de uma certa complexidade, de acordo com os vários tipos de função e contribuição que todos os intervenientes vão dando até ao resultado final.
As perguntas são delicadas e requerem respostas ponderadas. Há, concerteza, jornalismo livre em Prtugal e, se mais não houvesse, o chamado "Caso Casa Pia" aí estaria para o provar pois, segundo me parece, tudo foi despoletado pela investigação jornalística. Mas também é verdade que há muita coisa que não se sabe e se poderia saber, ou muita coisa que se diz e mais tarde é desmentida o que, sem nos preocuparmos em provar a afirmação, indicará que há limites, pelo menos à liberdade de publicar ou e de investigar também. De maneira que faz um certo sentido colocar a questão que talvez até acabe por ter uma resposta perturbante. Contudo requer cuidado no que se escreve e sobretudo que não se fale sem dados ou, abordando o caso de uma maneira genérica, pelo menos não nos limitemos a uma mera conversa de diz qie disse.
Não concordo com a observação anterior que me parece de um formalismo inoperante. Não é pelo que ali se escreveu que perde relevância a discussão nos termos em que foi proposta. Na verdade, aquilo que transparece das questões colocadas é saber se o jornalismo que se faz em Portugal está suficientemente livre ou não dos poderes que sobre ele se podem exercer. Creio que podemos sintetizar todas aquelas interrogações nesta simples pergunta e é precisamente esta resposta que se pode revelar perturbante.
Na minha inútil e modesta opinião, existe há liberdade parcial, isto é, existe liberdade no jornalismo sem dúvida mas só até certa medida… dessa medida em diante a liberdade jornalística acaba.
Pode acabar pelos mais diversificados motivos: um senhor poderoso em dada área que não quer ver a sua vasculhada, e como tal ou ameaça o jornalista ou o suborna.
As próprias hierarquias jornalísticas e editoriais, até que ponto não são as grandes castradoras da liberdade jornalística?
A questão é delicada, mexe com a ética jornalística, a influência desmedida de certas individualidades nas mais diversas áreas. Tudo isto me leva a novas questão: até onde pode ir o jornalismo? Até que ponto essa parcial liberdade em lugar de uma total liberdade é boa? E até que ponto é má?
Enfim, sou só eu a divagar…
Errata:
"... a novas questões"
Bem, é velha a história dos governos quererem condicionar quando não controlar descaradamente a informação, não vamos mais longe, na RTP. O que se compreende, diga-se. Já repararam o que seria se jornalistas se atirassem de corpo e alma ao trabalho de escamotearem, por exemplo, a circulação entre certas cadeiras do poder e lugares de empresas a respeito das quais se tomaram decisões benéficas para os respectivos interesses? Já viram o que seria se isso fosse um hábito instalado sem olhar a quem?
Não estaríamos em Portugal ou então viveríamos num país muito diferente daquele em que vivemos e não me custa a acreditar que fosse para melhor.
Estes gajos são mesmo incríveis. Então vocês queriam que andassem por aí a descobrir as carecas deste regabofe que têm sido estes últimos trinta anos?
"Os blogs, podcasts, wikis e vídeos na Internet não são transposições para o ambiente web de antigas práticas de produção da informação. Eles apontam para a criação de novos formatos e linguagens, em que o compartilhamento torna-se uma condição essencial. A produção da informação, assim como a produção cultural, cada vez mais assume seu caráter de híbrida recriação coletiva, em que, para se fazer frente à elaborada produção da mídia tradicional é preciso arregimentar esforços coletivos.
Será viável criar, utilizando-se a Internet e as estratégias colaborativas, um novo jornalismo que possa fazer frente aos grandes grupos de comunicação?"
http://www.cibersociedad.net/congres2006/gts/gt.php?llengua=po&id=64
"a transformação do jornalismo de hoje para o jornalismo do amanhã deu-se quando, em um momento único e crítico da História, a tecnologia estava lá para qualquer um vestir o figurino do jornalista e relatar o acontecimento. Entramos, naquele momento, na era em que "nós somos os media".
http://bertocchi.info/content/?q=node/41
Se houver imaginação para tanto, sim. Essa será mesmo uma das vias para conseguirmos manter a informação livre e para tudo o que seja noticiário inconveniente possa vir a ser conhecido pelo público em geral. Na blogosfera, por exemplo, de uma forma tímida e por vezes atabalhoada e até mesmo mal feita, já vamos vendo o prenúncio disso mesmo.
Sr. Rodrigues dos Santos!
Que quer dizer com o seu comentário? Que afinal a liberdade no jorbalismo depende especificamente de quem o pratica, isto é, dos jornalistas? Será isto?
Então e os casos de agressão física -houve jornalistas deixados às portas da morte- sobre aqueles que ousaram ou tentaram publicar dados incómodos para algumas figuras de quem aqui não podemos dizer o nome? Tem dúvidas? Então procure, por exemplo, as páginas de Marinho Neves. Use o "google" e depois veja se, perante aquilo que está proposto para debate, fazem sentido essas suas palavras.
O jornalismo livre é uma ficção, não passa de conversa fiada para entreter leitores e ganhar audiências e se calhar é melhor assim. Não se pode saber tudo, o povo não pode saber tudo e os jornalistas têm que se controlados por alguém. O contrário origina o caos, como o regabofe que se tem visto por aí.
Sr. Armando Coelho
a única coisa que tentei dizer, e pelos vistos de forma não muito clara, foi
que a pergunta proposta para debate dificilmente poderá ser de sim ou não;
que a questão, na generalidade, deve ser pensada tendo em conta uma realidade complexa, onde coexistem variadíssimos tipos de interesses e, geralmente, com indivíduos dispostos a defendê-los com veemência;
que existem, decerto, grupos de pressão organizados com diferentes fins, não olhando a meios para conseguir os seus objectivos, como será o caso das máfias ligadas ao futebol;
que existem máfias de várias cores e para muitos gostos (na droga, no tráfico de armamento, na política, na religião), sem dúvida (!), muitos deles dispostos a tudo, como seja a fazer revoluções quanto mais a maltratar jornalistas.
Agora estou de acordo consigo, Sr. Rodrigues dos Santos.
Estamos perante um assunto muito sério e eu não tenho qualquer dúvida em afirmar que uma das causas da corrupção que graça por aí e do atraso que mantemos em relação aos países mais desenvolvidos da União Europeia é precisamente a pouca liberdade que o jornalismo consegue ter em face desses tais poderes encapotados de que fala.
Jornalismo para mim, na verdadeira acepção da palavra, significa a procura da verdade. São sinónimos. Mas todos sabemos que não existe uma verdade única, quero eu com isto dizer que para se publicar ela tem que ser verdade mas nem tudo o que é verdade pode ser publicado. Pressões hierárquicas, pressões políticas podem inviabilizar aquilo que muitos jornalistas desejam. O furo! Se formos a ver por esta perspectiva a liberdade está naturalmente condicionada.
Felizmente vivemos numa sociedade democrática, ninguém vai preso por isso e é-lhe concedida a “liberdade” de vir para a praça pública fazer a denúncia de eventuais (re)pressões, se não quiser ser conivente com o caso. Mais deprimente para mim, é assistir à forma leve como são publicados determinados factos, sem qualquer confirmação. A ânsia de fazer notícia e ter mais audiência no telejornal ou maior tiragem no jornal. Factos são só factos quando não confirmados,mas tudo faz notícia...
Estive a ler diversos comentários deste e de outros temas e fiquei sinceramente surpresa pela qualidade dos mesmos. Quis agradecer ao Luís a amabilidade da visita e não deixar em branco o convite. Serei só mais uma a ler-vos com interesse. Vocês merecem. Um bem-hajam e uma boa noite.
A Gi coloca o problema numa perspectiva muito interessante. Vendo comparativamente com o comentário do Sr. Rodrigues dos Santos, creio seria assim que o mesmo deveria ter sido apresentado por aquele comentador. É que apesar de toda a complexidade de que fala e em ela de todas as autoridades que no meio jornalístico propriamente dito possam condicionar o trabalho do jornalista, a verdade é que ninguém vai preso se denunciar publicamente as (re)pressões que sofre. É neste sentido e só neste sentido que o jornalismo livre, em parte, também depende do jornalista propriamente dito. Logicamente que na realidade não será assim tão fácil resistir a tais pressões e até prepotências e é óbvio que será precisa coragem para o fazer. Mas tudo depende da vontade da pessoa em informar a verdade de que fala Gi e aqui entra aética jornalística que a "irritadinha" referiu.
Mas são precisamente estas palavras de Gi que dão sentido às questões colocadas para debate, pois pelas mesmas podemos ver alguns mecanismos que levam ao condicionamento do liberdade dos jornalistas para fazerem o seu trabalho tendo sempre como guia a procura da verdade.
Muito obrogado pelas suas palavras Gi.
"Mais deprimente para mim, é assistir à forma leve como são publicados determinados factos, sem qualquer confirmação. A ânsia de fazer notícia e ter mais audiência no telejornal ou maior tiragem no jornal. Factos são só factos quando não confirmados,mas tudo faz notícia..."
A Gi coloca um problema que até aqui esteve arredado desta conversa. Entramos manifestamente no âmbito da deontologia profissional, algo para o que a "irritadinha" já nos tinha chamado a atenção.
Como fazer para que a ética não seja estiolada perante o vale tudo das pressões comerciais de vendas e audiências? Paree-me que foi Karl Popper quem escreveu a esse respeito e falou no auto-controlo, em orgão de auto-regulamentação por parte dos profissionais dos orgãos de comunicação social. Por cá, lá vamos tendo as figuras dos provedores dos leitores mas em minha opinião não chega. O que que vocês têm a dizer sobre isso?
O jornalismo que temos é o reflexo da sociedade dos três éfes em que vivemos, se bem que o fado ande agora um pouco arredado pela apetência pimba destas nossas élites de cartão. Hoje há meia dúzia de espertalhões que mandam naqueles que se sentam nas cadeiras de poder e o jornalismo e os jornalistas são o melhor espelho disso mesmo. É claro que existem pessoas sérias e competentes e gosto de acreditar que, apesar de tudo, são a maioria dos profissionais da comunicação social. Também é verdade que existem espaços de liberdade em tal área mas a coisa fica por aí, alguns profissionais que escrevem livremente e alguns sítios em que se pode escrever e falar livremente. De resto temos paus mandados e vozes do dono e onde isso se torna uma evidência é nos jornais desportivos; nos restantes, especialmente naqueles que costumamos desginar por jornais de referência, é preciso efectuar análise de conteúdo para chegarmos a essa conclusão mas, perante maior ou menor subtileza, ela mostra e bem a vergonha de jornalismo que promove Pintos da Costa e achincalha um Rui Rio e isto é só para darmos um exemplo que, quer se goste ou não das pessoas em causa, é bem ilustrativo do que acabamos de escrever. Naturalmente que há critérios disto e daquilo mas a referência é muito simplesmente o poder que uns têm para impor os seus uinteresses e conveniências ao dsicurso jornalístico e noticioso. É isso que explica que se deixe avançar o mau hábito de publicar factos não confirmados; dessa forma, é mais fácil fazer passar a encomenda sob a capa de erros ou do simples desleixo.
Ora este é um dos indicadores do nosso ainda sub-desenvolvimento.
Sr Coelho, vou-me dirigir a si, provavelmente, pela última vez.
Não me diga como devo escrever e dê-me liberdade para expressar as minhas ideias. Se tem opiniões diferentes faça o favor de as expressar, sem se apoiar exclusivamente nas palavras dos outros. Discuta as ideias e não as pessoas.
Por mim, devo confessar-lhe, tenho dificuldade em entrar na sua lógica de raciocínio, sobretudo, pela forma como arruma as palavras (ou talvez devido a uma pontuação tão pouco a meu gosto, ou talvez por outra razão que agora não consigo descortinar...). No fundo interessa-me pouco o seu Marinho Neves. Daí o comentário não incluir a apreciação das suas ideias, mas tão pouco a sua forma.
Peço desculpa pelo facto, mas não dá para mais...
Nem entendo porque se coloca esta questão quando à partida se sabe a resposta, o poder instituido afunila a liberdade para os interesses, a partir daqui ela deixa de existir passando a ser relativizada pela abrangência que pode ter. Um blog é um exemplo de liberdade de expressão, mas mesmo aqui se repararmos bem ela não existe e pode ser facilmente minada como já aconteceu a muitos entre eles o MEC. A sua própria liberdade de expressão é condicionada pela informação obtida... ciclo vicioso... bom tema... avançou-se o quê? Nada!
Sr. Rodrigues dos Santos
"Não me diga como devo escrever e dê-me liberdade para expressar as minhas ideias." Quanto a isto tem toda a razão e tenho que admitir que me expressei da pior maneira. Tenho que lhe pedir desculpa por isso.
"Discuta as ideias e não as pessoas." Parece-me que discuti precisamente as suas ideias e não o discuti a si. É o que indica a observação anterior.
"No fundo interessa-me pouco o seu Marinho Neves." Trata-se do caso de denúncia de agressão a jornalistas por causa de publicaren certas notícias.
Viva Gi!
Seja bem-vinda a este humilde blog que bem mais interessante ficou com a sua presença e a luz do ponto de vista que tão generosamente decidiu ofertar a todos nós. Por isso o nosso bem-haja e apenas podemos acrescentar o desejo de que regresse muitas e muitas vezes e se sente connosco na sombra de uma conversa, mas também que o seu encanto se não limite apenas a isso ou a comentários no Largo e que de preferência entre nos restantes espaços e, se for essa a sua vontade, neles acrescente um pouco da beleza que revela no blog que é o seu.
Até lá, os nossos melhores votos de paz e saúde, para si e todos os que lhe são queridos.
Luís F. de A. Gomes
Viva Bigmac!
Bem-vindo a este blog que muito se alegra com a sua presença e apenas formula o desejo que regresso muitas mais vezes para connosco partilhar os seus pontos de vista que seguramente introduzirão uma pluradidade sem a qual estes espaços não terião o menor sentido e esse só pode ser o da conversa, desinteressadamente, sem qualquer outro objectivo imediato que não seja a troca de ideias com as quais, mesmo quando não damos conta disso e somos cépticos de pé firme, acabamos sempre por avançar para algum outro lugar, mesmo quando isso só acontece mais tarde. Não se trata da paciência do pescador, antes se trata da alma aberta de quem anda na vida ao encontro da mesma, isto é, de quem tenta manter intacta a curiosidade de se deixar tocar pelas coisas deste mundo, mesmo quando nos limitamos a ver a harmonia de um reflexo de uma poça de água nos trilhos do quotidiano.
Votos de saúde para si e todos os que lhe são queridos.
Luís F. de A. Gomes
Tudo bem.
Pois é Sr. Rodrigues dos Santos, só lhe fica bem aceitar as desculpas do Sr. Armando que, de facto, foi inconveniente e ainda mais se considerarmos que ele, afinal, até já começa a ser um dos comentadores habituais deste fórum e o Sr. -a mesno que esteja enganado- foi a primeira vez que aqui entrou. Ora bem e faço minhas as palavras da Gi para ilustrar as palavras que se seguem, este blog prima pela elevação dos comentários que aqui podem ser lidos e, não será difícil percebê-lo, as pessoas responsáveis são de uma cortesia desconcertante e de uma simpatia que não nos deve merecer todo o reconhecimento como, muito mais que isso, como o Tacci -bom dia, senhor, ainda não lemos aqui a sua opinião a respeito deste tema- já aqui escreveu, nos impõe o agradecimento por nos proporcionarem um tão querido espaço de liberdade como este. Assim, folgo por ter lido o pedido de desculpas do Sr. Armando e sem me querer substituir a quem de direito nesta casa, espero vê-lo mais vezes entre os leitores/comentadores com as suas palavras que nos merecem atenção e apreço.
Mas não era para isto que aqui entrei hoje e sim para a opiniãozinha da praxe.
Há um jogo que solicito a todos que o façam pelo qual poderemos aferir da liberdade existente entre os jornalistas da nossa praça.
Já aqui falarm do Sr. Pinto da Costa que eu me inibo de comentar mas que tenho para mim que serve bem para verificarmos se por um lado existe jornalismo de encomenda e por outro lado existe a capacidade de impôr esses produtos às próprias direcções das redacções e respectivas orientações editoriais.
Vamos comparar o tratamento que este goza na imprensa com aquele de que foi alvo um outro dirigente desportivco, o Sr. Dr. João Vale e Azevedo. Os casos são comparáveis, pois o mediatismo de ambos teve como ponto de partida o dirigismo desportivo e ambos acabaram processados por problemas derivados dessa sua actividade.
Alguém quer desenvolver aqui o modo como um e o outro foram tratados pela comunicação social?
Eu creio que um tal exercício nos revela uma realidade perturbante.
José Lopes
Qual o grau de liberdade que a imprensa se pode permitir quando está dependente da publicidade para sobreviver?
Que liberdade jornalistas a recibo verde se podem permitir para resistirem aos grupos de pressão?
Acho que o jornalismo está condicionado por vários contra-poderes, agora qual a capacidade que a imprensa tem em resistir é que irá determinar o seu grau de liberdade. Um bom exemplo são as fugas de informação cirúrgicas, em que não se tem que provar nada.
Claro que os interesses/figuras que a imprensa podem promover numa determinada altura, também num momento seguinte o podem desfazer.
Mas também não sejamos inocentes e acreditemos no jornalista que contra tudo e todos procura a verdade, será que estes paladinos da verdade (qual? não será só a deles), também não estarão a servir outros poderes/interesses.
José Lopes
O assunto é sério para deixarmos o mesmo resvalar para um assunto meramente futebolístico e suas paixões que nos toldam o raciocínio, pois considerar que existem jornais desportivos é uma falácia, o que existe são jornais de futebol que reservam algumas páginas para outras modalidades.
Falar em Marinho Neves como jornalista é cómico, dizer que o "Sr. Dr. (interessante o Sr. Dr.) João Vale e Azevedo foi apenas processado pela sua actividade enquanto dirigente desportivo é ignorar processos anteriores que já corriam em tribunal.
Toda a capacidade que os dirigentes do futebol tem em influenciar jornais, são bem menores de que os "Poderes" ligados à alta finança ligada ao poder político tem de influenciar a nossa vida diária e aceitar os temas e opiniões que condicionam a organização da sociedade.
Boa tarde Sr José Lopes
Antes de mais votos de saúde para si e todos os seus.
É claro que concordo consigo quando diz que o assunto é demasiado sério para o confundirmos com o futebol.
Mas vejo que o Sr. não conhece o Porto -cidade, é claro- pois não? É que se tivesse um mímnimo que fosse de conhecimento sobre a segunda cidade portuguesa, dificilmente falaria assim do dirigismo futebolístico que só conseguiu pôr um complexo desportivo como prioridade para uma rede de transportes fundamentais para o tecido urbano de toda uma região como a é o grande Porto, como ainda deixou as freguesias a pão e água enquanto os seus dinheirinhos, Sr. José, foram desbaratados no pagamento de uma obra cujo único beneficiado é uma empresa privada de gestão desportiva que todo e qualquer retorno que pudesse dar à cidade já foi mais que consumido por tudo quanto ao longo destes últimos quinze anos obteve do orçamento camarário que é pago por todos nós. Se tiver memória, recordar-se-à seguramente do anúncio de candidatura de Fernando Gomes, depois das suas aventuras como ministro, em que do lado direito estava Jorge Coelho em representação do PS e, na altura, do Governo de Guterres e do lado esquerdo estava nada mais nada menos que o tal dirigente desportivo que tão pouca capacidade tem para influenciar jornais. Do Sr. Nuno Cardos nem é bom falar pois ainda estão por esclarecer as negociatas que envolveram os terrenos do parque da cidade a favor do.... Tal dirigente desportivo, calcule só. E convido-o para vir aqui ao Porto e ver com os seus próprios olhos como a cidade tem mudado para melhor com a gestão de Rui Rio. E não é que pelos jornais estamos quase perante um malfeitor? E tudo por pressão de quem? Sua não é concerteza e os interesses financeiros pouco ou nada concorrerão para este caso.
Quanto à comparação entre o tratamento de Vale e Azevedo e Pinto da Costa faça-a você mesmo. Quantos aos processos anteriores do primeiro não falo do que desconheço mas é curioso como afinal o homem era assim tão conhecido de todos, mas enfim, nada tenho a ver com ele pelo que nada direi em sua defesa; tão só queria destacar o tratamento diferencial comparativamente com outro dirigente desportivo.
Um resto de um bom dia, Sr Lopes.
Marinho Neves não é um jornalista? O que quer dizer com isto, Sr. José Lopes? Não entendo. Quer explicar?
Alguém é capaz de explicar o papel das agências de comunicação social que servem para colocar, entre outras coisas, notícias nos jornais? Já ouvi falar disso mas não sei nada sobre o assunto. Algum dos presentes neste debate é capaz de falar sobre isso?
Tenho seguido esta discussão com bastante interesse e, se não meti ainda a minha colherada, meu caro Rudolfo, foi mais por estar há vários anos afastado da Comunicação Social - como se dizia noutros tempos - e por não saber distinguir, confesso-o, no meu des-gosto pelo jornalismo actual, que parte se deve apenas à natural evolução das coisas e que parte se deve à instrumentalização cada vez maior dos «media» pelos grandes grupos. Sem querer discutir pessoas, o que é muito perigoso - cuidado com as paixões políticas e clubísticas, não nos façam elas zangarmo-nos uns com os outros - julgo que o jornalismo sofreu uma enorme transformação a partir de dois estilos: a «agressividade jornalística» da Manuela Moura Guedes e a «leveza» (irónica, a roçar o sarcástico por vezes, no caso dele) do M. Esteves Cardoso. Julgo que foi a partir destes dois jornalistas que a notícia, enquanto espectáculo em si mesma, substituiu o que é noticiado. Claro que isto é muito mais rentável do que a seriedade prudente do jornalista que procura a «verdade» (com a objectividade posível), a confirmação das fontes, a opinião da parte contrária... E com a concorrência desenfreada que gerou a abertura do mercado aos novos investidores, receio que, cada vez mais, o jornalismo se vá transformando em acrobacias de circo. Quanto tempo resistirão os alunos da escola em que se formou a Felícia Cabrita, por exemplo? Quantos já terão desistido?
Mas pronto, pelas alminhas dos que lá têm: digam-me que não tenho razão.
Um abraço para todos.
Belo comentário Tacci, com poucas palavras e ideias simples acabou por dizer o essencial. E colocou os pontos nos is e não se esqueceu de pôr o dedi na ferida.
Como diz o povo, tardou mas arrecadou.
Jornalismo é um saco muito grande onde cabe muita coisa distinta. Tão grande que torna muito difícil uma resposta objectiva, embora se possa divagar eternamente à volta do tema proposto. Não tem interesse o tema? Tem, e muito.
Costumamos ouvir dizer que a comunicação social é o 4º poder, logo a seguir ao governo, ao parlamento e aos tribunais. Se é o 4º ou não, não tem muito interesse, mas lá que tem muito poder é verdade.
Ou não vivessemos nós numa sociedade cada vez mais globalizada, onde a informação e a comunicação tem uma importância decisiva para vários tipos de sucesso: político, económico, religioso, desportivo, em que muitas vezes os interesses particulares se sobrepõem aos interesses colectivos.
Portanto, não deixa de ser uma prática corrente, habitual, a utilização da comunicação social para a consecução de determinados fins. Legais e ilegais. Na política, na economia, na religião, no desporto...
Pode o jornalismo ser livre quando se tentam atingir interesses particulares que muitas vezes são lesivos dos interesses colectivos? Claro que sim. No mundo democrata liberal, capitalista, não somos todos iguais, nem temos todos os mesmos direitos, não é verdade? Mas será isso desejável?
Aqui o conceito de liberdade (jornalismo livre) surge-nos, nitidamente, como que ferido da intenção inicial com que é utilizado. Vocês não acham?
Como escrevi no primeiro comentário este é um tema delicado em que é preciso o cuidado de ilusrar aquilo que se diz sob pena de podermos estar a fazer acusações injustificadas e até injustas.
Curiosamente, neste mesmo blog, na secção do "Clube", está agora em destaque nos diários que ali têm vindo a ser publicados, um texto que refere um bom exemplo daquilo que aqui temos escrito.
Será que se tratou de coincidência ou o Sr. Luís Gomes escolheu o momento deste debate de acordo com o ritmo de publicação daquela obra -a qualidade da prosa justifica o termo?
Seja como for e esperando que o Autor não me leve a mal o reparo, devo chamar a atenção para o lapso de deixar no tinteiro a referência à notícia do Público que cita. Naturalmente que estamos perante um simples esquecimento mas sem os dados completos aquele exemplo perde força. Peço que o Sr. Luís não entenda isto como uma observação crítica, mas a verdade é que pelo interesse do debate e da referência em causa para o mesmo, seria do máximo interesse vermos identificada a notícia que afinal justifica as afirmações que se fazem no próprio texto do diário.
Bom fim-de-semana para todos.
Viva Sr. Fernando!
Por economia de espaço e naturalmente de tempo pois,como compreenderá, para esta brincadeira apenas temos a disponibilidade do amador decidimos desde a primeira hora que agradeceríamos apenas as presenças de autores de blogges, mas o Senhor e outros queridos amigos que tanto têm contribuido para fazer deste espaço alguma coisa, mostram bem que apesar da sensatez da decisão por mera falta de alternativa, não deixa aquela apesar disso de comportar uma certa injustiça em si mesma, pois deixa de lado a maior parte da massa crítica que, afinal dá corpo a este sítio. Seja como for, cremos que não chegamos à ingratidão pelo simples facto de a todos incluirmos no agradecimento final que temos vindo a fazer, em forma de fecho das conversas que aqui nos têm ocupado.
Em conformidade, só podemos receber o seu reparo com um agradecimento do tamanho do mundo e jamais o tomaríamos como algo inconveniente e muito menos ofensivo. Seria tontice da nossa parte se, depois de acompanharmos a sua participação neste Largo, não conseguíssemos compreender estar perante uma chamada de atenção amiga que, diga-se, em outras circunstâncias e para com outras pessoas nós também já fizemos.
Quanto à coincidência, por muito estranho que possa parecer, tratou-se de um fruto do acaso, pois este debate já estava planeado desde o início do "Atirei..." e se apenas agora o lançamos foi por entretanto nos terem enviado dois temas -o debate sobre Alhos Vedros e o seguinte, sobre a igualdade do género- que, por óbvios motivos de poupança nas nossas reservas, decidimos passar à frente daqueles que tínhamos em agenda. Digamos pois que se terá tratado de uma coincidência felíz, mas é claro que a apetência para levar o assunto à discussão tem raízes antigas na minha maneira de ver o mundo como, justamente, os textos deste "Diário da Margarida" bem o podem comprovar.
Resta-me desejar-lhe um resto de bom fim de semana e expressar os melhores votos de paz e saúde para si e todos os que lhe são queridos.
Naturalmente já contamos com a sua presença "No Largo da Graça" que, sublinhamos, não é o único espaço do "Atirei o Pau ao Gato".
Luís F. de A. Gomes
Parece que estes últimos dias dão razão a muito do que aqui se disse.
Parabéns pelo debate.
...maneira muito simpática de dar por fim este debate, e eu revejo-me nela.
Eu também.
Posso só fazer uma pergunta? Ao reler os comentários dos participantes, fiquei com a impressão de que, de uma forma geral, todos considerámos que a liberdade de expressão existe, em Portugal, pelo menos, mas não a liberdade do jornalismo. Quer dizer: um meio de comunicação pode publicar o que decidir que é conveniente, mas o seu corpo redactorial, esse tem de se submeter a demasiadas pressões.
Interpretei mal?
Um abraço para todos.
Por mim está bem. Muito bem. Abraço para todos.
Creio que se pode tirar essa conclusão, Tacci.
Bom fim-de-semana para todos.
Sempre reconhecidos pela vossa presença e a generosidade das vossas palavras e pensamentos, nunca podemos deixar de agradecer o sítio que os nossos caríssimos visitantes tão bem têm sabido construir. Vale a pena repetirmo-nos, todo o mérito do interesse que este espaço tenha para quem nele entre e se sente para os ouvir, a vos e só a vós cabe por inteiro. Humildemente nos curvamos perante isso e as vossas pessoas e tudo aquilo que nos têm dado.
Como amanhã faremos o último post deste ano de dois mil e seis, queremos que desta vez sejamos a oferecer-lhes um presente, do fundo do coração,como a nossa forma singela de lhes desejarmos um ano de dois mil e sete cheio de saúde e com trabalho e daquela força mágica e secreta que nos leva a superarmo-nos para alcançarmos os nossos desejos mais bonitos e profundos. Esperamos pois que aceitem a surpresa que lhes reservamos como uma prenda, não pela vossa presença no Largo que por isso vós não a aceitariam, antes por existirem, como são naquilo que mostram ser pelo que dão a partilhar aos outros.
E eu tenho a certeza que a minha irmã, Paula Canena que está sempre comigo, no cantinho que para ela guardo aqui dentro do peito, estou certo que ela se alegrará por repartir uma dedicatória que aqui quero reservar para uma doçura muito especial que a vida nos deu a saber neste universo anónimo e virtual em que comunicamos.
Todo o amor que haja nessa vida para vocês.
Luís F. de A. Gomes
Desculpem estar a entrar fora de tempo mas o tema não me dizia nada até aomomento em que li muitos dos comentários que aqui foram escritos. Fiquei, nem sei como explicar, mas talvez o termo certo seja estarrecida. Mas dando crédito às vossas palavras, só posso concordar com a conclusão do Tacci.
Os melhores cumprimentos para todos
Este conto fala-nos do que podemos fazer para sernos livres enquanto pessoas e enquanto sociedade. A menina chama-se liberdade porque democracia não é pois ninguém alguma vez baptizou uma filha com esse nome.
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