2007-01-21

ORA VAMOS LÁ À PENA DE MORTE: SIM OU NÃO?

O tema que lhe propomos desta vez é a pena de morte. E claro que a primeira série de perguntas são as mais simples: concorda em alguma circunstância com a pena de morte? Ou pelo contrário, condena a pena de morte em termos absolutos? Isto sem esquecer de interrogar se, de todo, concorda coma aplicação da pena de morte, isto é, se acha que há crimes que pela sua gravidade merecem ser punidos com a pena capital?
Seria demasiado fácil se nos limitássemos a estas interrogações e nós queremos complicar um bocadinho.
Podemos abrir excepções para a recusa da pena de morte? Há criminosos e crimes que mesmo perante a rejeição de tão irreversível punição devem sofrer um tal castigo?
O recente caso de Saddam Hussein e os seus acólitos do regime do Partido Baas pode servir de ponto de partida para esta última reflexão, mas não nos podemos esquecer dos carrascos da Shoah. Como agir perante o indizível? Será que aqui se considera uma excepção à recusa da pena de morte ou nestes últimos casos, pela natureza dos desastres e Catástrofes provocadas sobre os outros, os seus intérpretes colocam-se para lá da norma do valor absoluto da vida humana?
Desde já os nossos melhores agradecimentos pela vossa presença e contributos para esta conversa e o voto para que a mesma seja do vosso agrado e em ela dêem o vosso tempo por bem empregue.

54 Comments:

Blogger tacci said...

Não queria seu eu a iniciar esta troca de ideias, tanto mais que, confesso, não sei o que merecem os maiores criminosos, os que do seu gabinete determinam o extermínio de um qualquer grupo inconveniente: Kurdos, Judeus, Ciganos, Hutus (ou Tutsis?), Índios da Amazónia.
Nem sei o que merece um Jack Estripador que persegue, viola, estripa e mata uma prostituta.
Sei que não consigo evitar a profunda repugnância por «coisas» a que não ouso chamar «seres humanos» que torturam e acabam por matar um bebé de dois, três anos.
Atribuímos a Deus a competência para os julgar e, em calhando, condená-los a uma sorte pior do que a morte: o sofrimento eterno, não sei se chamas, azeite a ferver, Treblinkas ou Guantânamos eternos. A minha imaginação é pobre, graças a Deus, para refinadas torturas.
Mas há uma coisa que eu sei, com uma certeza absoluta, filha, quem sabe, de um sentimentalismo tolo, mas inamovível: eu não condenaria ninguem à morte. Que ninguém o faça em meu nome, em nome do povo a que eu pertenço.
Consinto que construam um aeroporto na Ota em nome dos meus interesses, que ponham um TGV a rodar (canhestramente, como tudo em Portugal) rumo a Madrid. Mas há uns pequenos nadas em que sou objector de consciência. A pena de morte, por exemplo.
Se calhasse era a melhor maneira de me tornar num bombista - se a bomba não matasse nenhum ser vivo, claro.
Um abraço.

00:17  
Anonymous Anónimo said...

Bom dia a todos e especialmente para o Tacci que me roubou a honra de inaugurar este debate. Mas prometo ao nosso querido Luís que no oróximo serei eu a fazê-lo, até para lhe mostrar o quanto lhe agradeço tudo o que aqui tem feito por nós e a pessoa que ele é, avaliando pelo que escreve no diário da sua filha e pelo que aqueles que o conhecem dizem a seu respeito.
Mas vamos lá ao que interessa.
Creio que o Tacci coloca o problema como eu gostaria de o ter colocado, mas mesmo assim ainda acrescento que, sendo contra a pena de morte seja qual for o condenado e a(s) circunstância(s) que tenha(m) levado à aplicação dessa pena, há pessoas -seria capaz de pedir para que Hitler não fosse condenado à morte?- que sendo a ela condenadas, não só o não lamentaria como não seria capaz de condenar -moralmente- os responsáveis por uma condenação tão irreversível.
Um resto de uma boa semana de trabalho para todos e para o Luís, um carinho muito especial por este espaço tão cheio de interesse que aqui temos à nossa disposição.

12:02  
Anonymous Anónimo said...

Em princípio sou contra a pena de morte mas acho muito sinceramente que para gente como aquela que provocou o Holocausto ou o próprio Saddam Hussein e mais outros de um lista grande de mais para caber aqui só a pena de morte serve.

12:55  
Anonymous Anónimo said...

Pena de morte sim, mas que raio de conversa é esta. Se calhar se houvesse pena de morte não víamos tanta criminalidade com aquela que vemos, desde a pedofilia aos pais que matam os pilhos à pancada.
Há gente que nem o ar que respira merece.

13:55  
Anonymous Anónimo said...

Há muito simplismo naqueles que são contra a pena de morte. Em teoria é tudo muito bonito e os argumentos são todos muito sólidos. Mas a verdade é que há países em que a única verdadeira barreira para a selvejaria é precisamente a pena de morte. O contrário acontece no Brasil e é sabida violência acontece nas grandes cidades.
Não defendo abertamente a pena de morte, mas não posso condená-la de ânimo leve sem atender à realidade dos países em que aquela se aplica.

16:30  
Anonymous Anónimo said...

E é para responder sobre homens ou sobre animais?

20:19  
Anonymous Anónimo said...

Tema complicado amigo Luis, muito complicado mesmo.

Voltarei lá para amanhã.

Um abraço.

22:21  
Blogger tacci said...

Como a Valéria, penso que eu também não condenaria, por exemplo, o executor de Heydrich, o carrasco de Praga em Maio de 1942. Mesmo se ao atentado se seguiu uma repressão muito mais brutal do que a que já existia.
Mas assumo que sou eu quem não condenaria uma forma desesperada de resistência. Não espero que toda a gente pense como eu. A minha opção quanto à pena de morte centra-se muito mais em mim próprio do que no criminoso julgado e condenado. Eu não mato. Ponto. Com as excepções conhecidas, se um louco furioso com um facalhão ameaçar um dos meus filhos e eu não tiver alternativas, claro, que posso eu fazer se apenas tiver uma pistola?
Disparar, não? Se os espanhóis, marroquinos, americanos ou outros quaisquer invadirem o meu país estripando as jovens e as velhinhas, a resistência será legítima e talvez não conseguisse poupar o inimigo. Mas, quando ele já está reduzido à impotência, preso, julgado e condenado? É cobarde matá-lo, não é? Por muito vil que ele seja, receio muito mais igualar-me a ele na vileza. Como se, ao matá-lo, algo da sua bestialidade me contaminasse.
Não sei se é muito racional, mas creio que uma sociedade que aceita matar, se assume como agressora.
Julgo que há alternativas e que devemos optar por elas.
Um abraço.

00:20  
Anonymous Anónimo said...

Estou com o Carlos (Brocas, desta vez o amigo Luís apresentou-nos um problema muito difícil e terei que pensar mais a fundo para lhe dar uma resposta aceitável. É evidente que se somos contra a pena de morte não poderemos abrir excepções. Mas será que a coerência é o aspecto mais importante quando estamos perante certo tipo de criminosos e de crimes? Boa pergunta, mas ainda não tenho resposta para ela. Terei que reflectir bastante sobre isto e conto voltar mais tarde.

13:43  
Anonymous Anónimo said...

A pena de morte tem toda a razão de existir. Há crimes que só podem ser punidos com a morte e o resto é conversa da treta. Que dizer dum sujeito que mata outro premeditadamente e a sangue frio? Forca com ele e o resto é conversa.

13:46  
Anonymous Anónimo said...

Muito obrigado pelas palavras Tacci, mas acho que você confunde a legítima defesa com o direito que se concede ao estado de matar. Não podemos comparar o que faria para a defesa da vida dos seus filhos com a possibilidade de, num qualquer país, as autoridades condenarem alguém à morte.
Seja como for continuo sem saber descalçar esta bota, mas, por intuição, parace-me que nos devemos estar a esquecer de alguma coisa ou a colocar mal a questão.
Oh Luís, este é o tema mais difícil que até agora nos apresentou. Acredite que muito gostaria de o ouvir falar pessoalmente sobre o que você pensa a este respeito pois imagino que deve pensar qualquer coisa sobre este assunto. Afinal até seria uma forma de nos conhecermos, não acha?
Bem por agora é tudo e assim que tiver algo mais a dizer sobre este tema aqui voltarei. Até lá, cumprimentos para todos e para o nosso querido Luís, um carinho muito especial.

17:50  
Blogger Gi said...

O tema suscita o meu interesse e amanhã venho até aqui trocar umas ideias, se bem que a minha postura em relação ao assunto não seja aquilo a que se chama de socialmente correcto.
Até amanhã e noite feliz aos participantes

00:34  
Anonymous Anónimo said...

Proponho que se inspirem nos iluminados: "Não Matarás"...

09:27  
Anonymous Anónimo said...

Nesta matéria sou muito terra a terra. Sou contra a pena de morte e como é óbvio não admito excepções.
Mas será que podemos considerar, o Hitler, como refere a Valéria, uma excepção? Que outra pena poderia haver para um homem que foi responsável por tudo que o nazismo fez de mal ao mundo? Será que ao condenarmos estes homens à morte estamos a ser incoerentes com a nossa postura? Honestamente não sei explicar, mas não me parece isso. Há gente que pelo que fez merece morrer. Quem e porquê seria tema para mais debate no interior desta conversa.
Um resto de boa semana para todos os participantes.

13:06  
Anonymous Anónimo said...

Ainda ninguém me conseguiu explicar o porquê de sermos contra a pena de morte.

13:20  
Anonymous Anónimo said...

Isso é fácil, Sr. Eduardo, se me permite que pegue nas suas palavras.
Somos contra a pena de morte porque somos seres dados à possibilidade de errar, isto é, em tudo o que possamos pensar, dizer ou fazer existe sempre por natureza a possibilidade de errarmos. Nesta dimensão, à partida temos que admitir que podemos errar e condenar à morte uma pessoa inocente. Executando a pena, nesse caso, diríamos que tiraríamos injustamente a vida a um inocente. Não me parece que a vida de um inocente justifique o acerto em todos os restantes condenados.
É pois por esta razão simples que, por motivos técnicos e aqui estou apenas a referir este género de motivações, nem entro nas razões de ordem moral, só pela simples razão de podermos matar um inocente não podemos aceitar a pena de morte.
Vê, Sr. Eduardo? Ndem precisamos de grandes e eloquentes princípios para sermos contra a pena de morte. Mas também podemos falar de questões de ordem moral e ética e aí apenas reforçaremos aquilo que acabei de defender.
Saúde, meu caro Senhor.

18:54  
Anonymous Anónimo said...

Em qualquer circunstância sou contra a pena de morte e aí não podem haver excepções.

18:59  
Blogger Gi said...

Como ser humano que sou, arrogo-me o direito às minhas contradições e, neste tema que o Luís aqui trouxe, elas estão bem patentes. Tema difícil este . Ou nem por isso...
Bom, eu costumo dizer que, se algum dia tiver que matar para comer por certo vou morrer à fome. Posso acrescentar, caso suscite alguma dúvida, que esta minha repugnância, já não é tão grande, quando outros o fazem por mim. Hipocrisia dirão alguns. Não, não sinto que esteja a hipotecar os meus princípios , é uma questão de sobrevivência que está latente no espírito de todos, ou quase todos nós. Bom logo aqui coloca-se a questão. Condenar à Morte. Morte? Que morte? O princípio da vida não deve ser comum a todos os seres?
Aqui está a minha primeira contradição.
Passo agora à segunda, tendo como exemplo o Género Humano que é daquilo que o tema trata.
Tendo em conta esta incapaciade que me reconheço de tirar a vida, até mesmo por vingança , o que me tornaria tão repulsiva quanto os meus algozes, muito francamente, já não me repugna tanto o facto que alguns crimes violentos tenham como pena, “ in extremis”, a morte.
É uma prática bárbara e hedionda sim, mas não consigo deixar de pensar na angústia, na revolta, da raiva das famílias de muitas vítimas, em relação aos criminosos. Digamos que esta sede de vingança, a compreendo, não que aceito: De um ao outro, quanto a mim, vai uma diferença abismal.
Presumo que até o melhor católico nestes casos se esquece de “dar a outra face” quando o mal lhes entra pela porta a ética salta-lhes pela janela.As famílias respiram fundo e creio que de vez em quando respiro fundo com elas. Não sou tão boa pessoa como gostaria de ser mas resta-me a consolação que não sou das piores.
Mas aqui aparece-me outra contradição .
A de não saber com toda a certeza de que quem está a ser julgado é mesmo o criminoso.
A história tem mostrado que existem provas forjadas, que já foram condenadas pessoas que mais tarde se verifica serem inocentes, pessoas que estão presas durante anos por crimes que não comenteram. A justiça é feita pelos homens e os homens erram, condenar à morte alguém é pois, pisar areias movediças.
E a consolação, por vezes não me chega....
Considero ainda que o pior castigo é a reclusão, mas sem qualquer tipo de contacto com o exterior, sem mordomias, sem confortos. A morte resolve tudo muito depressa e eles precisam de tempo para repensarem as suas vidas e o mal que fizeram.
Mas continuo a pensar nas famílias...
Terá sido a condenação recente de Saddam que levou a que o tema fosse trazido até aqui . Já o disse e repito aqui , a morte de alguém não me deixa feliz, o que me deixa por vezes infeliz é o facto de esse alguém algum dia ter nascido. Em abono da verdade não me causou grande transtorno saber da sua morte, ficar vivo só iria abrir a possibilidade de mais tarde servir de moeda de troca para um qualquer grupo terrorista. Incomodou-me mais o espectáculo criado à volta do acontecimento. Parecia que tínhamos voltado à idade média onde as execuções eram públicas e a multidão em gáudio, aplaudia de pé.
Depois deste exercício (muito longo) de escrita só posso dizer que me sinto bem por no nosso país não existir a pena de morte, que ela não reduz os indices de criminalidade, pois ela continua a existir e a crescer nos paises onde ela ainda existe, mas admito as excepções, não há regras sem elas. Então porque não?



.

20:34  
Blogger mac said...

Ao olhar para o lado de lá do Atlântico, mais precisamente para os EUA, onde a pena de morte é aplicada em alguns estados, verificamos que houve pessoas condenadas à morte, que depois veio-se a descobrir que eram inocentes. A justiça não é infalível.
Falou-se aqui em filhos, e ninguém gosta de ver os entes mais próximos sofrerem alguma barbárie. Mas não será a morte um caminho demasiado fácil? Se calhar, eu ficaria mais satisfeita ao saber que essa pessoas estaria em prisão perpétua, e condenada a trabalhos forçados. É que com uma injecção, tudo acaba em segundos. Agora, trabalhos forçados durante 30 ou 40 anos, custa muito...
Quanto ao Saddam, assistiu-se ao mais triste espectáculo de hipocrisia perpetuado pelos governos ocidentais: como podem estar indignados com a morte de Saddam e terem embarcado numa guerra ilegal? Quiseram persegui-lo, prendê-lo e julgá-lo e não pensaram que haveria consequências?

22:48  
Anonymous Anónimo said...

Sr. Eduardo, desculpe perguntar, mas você não é visceralmente contra a interrupção voluntária da gravidez? Então e agora é a favor da pena de morte?
E você Valéria, não comete por acaso a mesma contradição?

10:49  
Anonymous Anónimo said...

Não Comentário anterior faltou acrescentar isto:

Eu não quero estar a ser mal educada e ainda mais com quem parece nutrir uma admiração tão especial pelo Sr. Luís, mas... Afinal estamos a conversar e se defendemos ideias temos que ser coerentes com aquilo que dizemos, ou não será assim?

10:54  
Anonymous Anónimo said...

Errata:
Onde está Não, no início da frase deve ser lido, No.

Desculpem, mas há coisas que nos tiram do sério.

10:55  
Anonymous Anónimo said...

Credo Carla, tanto azedume. Faz algum mal manifestarmos o quanto gostamos de alguém que se revela uma pessoa excepcional? Ou será que estamos no século XIX e nós as mulheres não podemos dizer abertamente o que pensamos a respeito de um homem? Estarei por acaso a ofender alguém dos presentes? Acha que por acaso estarei a ofender a pessoa em causa? Porquê? Por dizer que gostaria de o conhecer pessoalmente? Essa nem lembra ao diabo, então não posso ter as minhas preferências?
Quanto às contradições é como alguém aqui escreveu. As pessoas são mesmo assim, por vezes são incongruentes. De qualquer forma, dizer não à IVG é uma coisa, é impedir a formação de uma nova vida e condenar alguém à morte é castigar por dessa maneira alguém que à luz das crenças e valores de uma sociedade o mereça. Por acaso a Carla não condenaria o Hitler, por exemplo, à morte?
Bem, peço desculpa ao querido Luís por estas palavras a mais mas senti que devia dizer qualquer coisa a respeito de um reparo que me pareceu desajustado. Não lhe concorda comigo? Pessoalmente explicar-me-ia muito melhor. Não acha que seria interessante se isso acontecesse?
Votos de um resto de boa semana de trabalho para todos os presentes e para o Luís que tanto trabalho tem para nos oferecer este Largo, um beijinho muitíssimo especial.

13:44  
Anonymous Anónimo said...

Como é que é isso Valéria, impedir uma nova vida é mais grave que tirar uma vida? Não sei porquê mas gostaria muito de a ouvir explicar isso. Provavelmente até teremos aí novas pistas para reflectirmos sobre este assunto.

17:12  
Blogger Joaquim Nobre (JJ©N) said...

Sou contra a pena de morte!!!
Mesmo para aqueles assassinos desumanos que existem por aí.

(Ninguém tem o direito a tirar a vida a outro ser humano!!!
Por isso é que sou contra a guerra e outras acções em que implica a morte do ser humano)!!!

Mas a alternativa seria;
Prisão perpétua para todos esses assassinos, sem direitos ou regalias alguns como existe hoje, numa prisão brutal como eles, sofrendo o resto da vida!

Isso sim, era o castigo merecido!!!

18:43  
Anonymous Anónimo said...

Mais uma vez tenho que dar os parabéns aos responsáveis por este espaço pelo excelente tema que nos apresentam para discussão.
Para mim a pena de morte está excluída desde logo por motivos religiosos -como nos recorda o Carlos, lá diz o mandamento, não matarás.
Mas as coisas não podem ser vistas assim de um modo tão linear pois sabemos que há maldade nos homens e que por vezes aquela chega a expressões inconcebíveis e que fazem dos seus autores mais Bestas que pessoas humanas. Neste caso e aqui já deram o exemplo de Hitler mas há mais na história da humanidade, infelizmente há muitos mais, não me parece que se possa aplicar a esses indivíduos o princípio de exclusão da pena de morte. Não me parece que uma população tenha o dever ou deva ser obrigada a suportar os custos de vida de gente em prisão perpéctua quando o que eles mereceriam seria mesmo o não existirem -tal como a Gi escreve, também eu lamento que tenham nascido.
Pois aqui comparo a posição perante a pena de morte com o pacifismo.
A pergunta é: pode haver pacifismo absoluto? Não me parece e a segunda guerra mundial continua como a melhor resposta a essa pergunta. Perante criminosos sedentos de guerra jamais teremos outro remédio se não dar-lhes guerra. A alternativa foi todo o processo que permitiu aos nazis armarem-se para provocarem a tragédia que teve lugar na Europa.
Espero que me tenha explicado convenientemente pois estou a escrever com uma certa falta de tempo, apesar de ter visto ontem o tema e de ter reflectido para aqui deixar este comentário.
Mais uma vez parabéns pelo blog e os melhores cumprimentos para todos os presentes.
Votos de um bom fim de semana.

12:31  
Anonymous Anónimo said...

Estava à espera de ler a resposta da Valéria e eis que vejo o esclarecimento às dúvidas que coloquei no meu primeiro comentário.
Muito obrigado Patrícia, pois acho que disse aquilo que me faltava para explicar as minhas ideias naquela intervrenção.
Mais uma vez a Patrícia se revelou uma pessoa cheia de inteligência e capaz de nos simplificar uma questão aparentemente complicada.
Parabéns para a Patrícia.

14:08  
Anonymous Anónimo said...

A pena de morte faz falta em certas situações. Se calhar, se houvesse pensa de morte em Portugal, os pedófilos não tinham abusados dos miúdos da Casa Pia como abusaram.

17:32  
Anonymous Anónimo said...

Paulo, a questão está na inocência e na culpa. No caso da IVG estamos a impedir a formação de uma vida inocente e no caso de se admitir a pena de morte para certas pessoas estamos a castigar crimes que pela sua dimensão consideramos que só podem se punidos daquela forma. Isto para mim parece-me claro.
Bom fim-de-semana para todos e para o Luís em particular.

21:51  
Anonymous Anónimo said...

Só agora é que tive disponibilidade de entrar neste debate que considero bastante interessante.
Venho manifestar a minha opinião contrária à aplicação da pena de morte.
Vivemos numa sociedade de Direito, que deve ter o seu sistema de justiça a funcionar, e com as normas punitivas para quem cometer actos que não se coadunam com a vida em sociedade.
Mesmo nos casos mais extremos, a eliminação das pessoas, será que vai resolver a situação ou o problema?
Será que nas sociedades onde se aplica a pena de morte, têm diminuído os crimes? Veja-se o exemplo dos EUA, onde nalgumas cidades, se registam homicídios diariamente e não diminuem.
E mesmo quando se aplica a pena de morte já verificou após as execuções, que pode haver enganos, mas depois já não há nada a fazer.
Penso que para avaliar certos casos, temos de os contextualizar, do ponto de vista social, cultural ou político, em que ocorrem.
Existem processos punitivos eficazes, sem passar obrigatoriamente pela pena de morte, e dignificam muito mais, aqueles que mandam aplicar as penas.
Se cairmos no olho por olho, dente por dente, estamos a fazer uma bola de neve que talvez não a possamos poder parar.Vejamos o exemplo do Iraque e da execução do Sadam, o que resolveu? E o que ainda está para vir?

Bom fim de semana para todos os participantes neste debate, em especial um abraço para o Luís.

02:38  
Anonymous Anónimo said...

Muito obrigada Paulo, com tanto elogio fico mesmo sem graça. Seja como for, muitíssimo obrigada.

13:42  
Anonymous Anónimo said...

Se abordarmos a questão à luz da lei kármica do Induismo, ou do Budismo, etc., que tem uma relação directa com a ideia da reencarnação da alma, a condenação, a execução,ou até o apoio, devem constituir determinadas penas que não se ficarão só pelo condenado.

Embora não pertença a nenhum dos referidos "ismos", estando por isso mais à vontade para os referir, não tenho a veleidade de simplesmente os recusar, pelo contrário, são formas de conhecimento a que gosto de dar atenção.

Existem muitas maneiras de castigar faltas ao bem pessoal e colectivo que não passem pela pena de morte. Por exemplo, a prática de serviço comunitário, ou humanitário, é uma delas.

Acredito que um colectivo humano que se caracterize por um elevado nível das consciências não coexistirá com penas de morte, nem sequer enjaulamentos, quanto mais.

14:47  
Blogger tacci said...

Não sei como hei-de dizer estas coisas, mas penso que uma sociedade que admite a pena de morte e a executa, é uma sociedade arrogante, mais própria para gerar «hitleres», «taylores» e tantos outros de que é melhor nem falar, do que para gerar prémios Nobel da Paz.
Temos de optar por uma sociedade pacífica - embora não parva, claro; pronto, comprem lá os malditos submarinos - ou por uma arrogante.
Eu, por mim já escolhi: não quero que os meus netos sejam criados numa sociedade que gera os tais «hitleres». Como evitá-lo? Bom, aí está uma tarefa digna, um objectivo interessante para os homens de boa vontade, não é?
E se me dizem que é um objectivo utópico e que mais ninguém está interessado nisso, só posso perguntar-lhes: então não é isso que estamos aqui a fazer no blog do Luís?
Um abraço para todos.

23:14  
Anonymous Anónimo said...

Portugal foi pioneiro na abolição da pena de morte e na renúncia à sua execução mesmo antes de abolida.

No colóquio internacional comemorativo do centenário da abolição da pena de morte, realizado em Coimbra, em 1967, Miguel Torga e Vergílio Ferreira falaram assim:

Miguel Torga:

"A tragédia do homem, cadáver adiado, como lhe chamou Fernando Pessoa, não necessita dum remate extemporâneo no palco. É tensa bastante para dispensar um fim artificial, gizado por magarefes, megalómanos, potentados, racismos e ortodoxias. Por isso, humanos que somos, exijamos de forma inequívoca que seja dado a todos os povos um código de humanidade. Um código que garanta a cada cidadão o direito de morrer a sua própria morte".

Vergílio Ferreira:

"...E acaso o criminoso não poderá ascender à maioridade que não tem? Suprimi-lo é suprimir a possibilidade de que o absoluto conscientemente se instale nele. Suprimi-lo é suprimir o Universo que aí pode instaurar-se, porque se o nosso "eu" fecha um cerco a tudo o que existe, a nossa morte é efectivamente, depois de mortos, a morte do universo".

Cumprimentos a todos os comentadores.
Pela Vida.

01:32  
Anonymous Anónimo said...

Valéria, primo por ser uma pessoa com bom senso. A sua explicação é aceitável. Reconheço que na posição contrária também há a mesma dificuldade de sinais contrários entre a opção no caso da pena de morte e no da IVG.

14:53  
Anonymous Anónimo said...

Patrícia, as verdades são para serem ditas.

14:54  
Anonymous Anónimo said...

É isso mesmo Tacci, belas palavras, nota-se que sentidas e não tenho dúvidas em dizer que verdadeiras. E mesmo que fossemos sonhadores, estaríamos aqui a concretizar a liberdade de falarmos sobre assuntos que nos interessam e que, de uma maneira ou de outra, acabam por influenciar o mundo em que vivemos e só por si isso seria um serviço inestimável de quem se bate por coisas práticas e resultados palpáveis.
Muito obrigada pelo incentivo.
Já quanto à minha reflexão devo dizer-lhes que não consegui adiantar grande coisa ou coisa nenhuma que é o que estará mais certo. Não sei porquê mas sinto que pretendia explicar uma posição mais ou menos parecida com aquela que a Patrícia esboçou. Faço pois minhas as palavras dela, a quem também tenho que agradecer.
Para já é tudo. Boa semana de trabalho para todos.

23:25  
Blogger Kaos said...

Essa é uma pergunta a que respondo com facilidade. A resposta é obrigatóriamente Não. Não concordo que se tire a vida a outro ser humano em nenhuma situação. O máximo que posso admitir é a prisão prepétua e, nesses casos, o condenado poder optar pela morte.Há quem possa preferir morrer a nunca mais ter liberdade. Portugal tem um honroso primeiro lugar no fim da pena de morte e era bom que assim continuasse a ser.
abraço

23:34  
Anonymous Anónimo said...

É muito bonito da sua parte, Paulo e fica muito bem neste espaço tão interessante. O nosso querido Luís merece isso e muito mais.
Boa semana para todos e para o Luís um beijinho muito especial.

12:04  
Anonymous Anónimo said...

Pena de morte não, obrigado!

13:07  
Blogger Kai Mia Mera said...

A esta pergunta respondo apenas dizendo que sou contra a pena de morte e a favor da prisão perpétua, concordando com o que Mac e JJCN 05/07 disseram.

Saudações e um beijinho muito especial para o Luís.

20:26  
Anonymous Anónimo said...

Eu também sou contra a pena de morte em qualquer circunstância. Eu sei que há quem não seja capaz de aplicar esta regra aos carrascos da Shoah e respeito isso.
Está bem assim Luís?

00:01  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns pelo blog que é muito interessante e invulgar.
O fim da pena de morte representou um passo à frente no direito e na civilização e por isso, para mim, é sempre constrangedor ver alguém ser condenado por essa forma e não quero julgar quem quer que seja e muito menos países que até muito têm contribuido para o clima de bem-estar em que actualmente vivemos. Admito que possam haver realidades sociais e culturais em que a pena de morte tenha ainda algum reconhecimento por parte das populações em que está instituida. Não sei o que é a Shoah, contudo admito que há casos que pelo hediondo que revelaram deixam as pessoas que os levaram à prática fora desta lógica de respeito absoluto pela vida, como foi o caso dos dirigentes nazis que promoveram o extermínio de judeus e ciganos e toda uma série de populações que consideravam inferiores.
Renovo os parabéns por este espaço tão cheio de interesse e os votos de continuidade e a melhor sorte para os responsáveis.
Raquel Martins

12:18  
Anonymous Anónimo said...

A pena de morte não tem qualquer razão de ser. Somos simples humanos e como tal podemos errar. Ora se todos os erros têm remédio, o mesmo não acontece para a morte em que não há qualquer possibilidade de retrocesso.
Não vejo como é que este princípio pode estar sujeito a excepções pois não consigo ver que critérios poderemos aplicar para identificar aquelas que sejam realmente válidas.

13:07  
Anonymous Anónimo said...

A pena de morte não será relativa? Não haverá países em que ela já não tenha cabimento e outros em que ela faça todo o sentido em face dos costumes aí existentes?

13:05  
Anonymous Anónimo said...

Eh eh eh eh eh, olha este, é à vontade do freguês, os princípios servem para comer com batas. Então em que ficamos, és a favor ou contra a pena de morte? Já percebi, a favor na Arábia e contra aqui. O roubo é aceitável nuns sítios e condenável noutros. Eh eh eh eh eh, sabedoria desta é que se quer.

14:38  
Anonymous Anónimo said...

E que conclusões tirar desta conversa que, afinal, sempre se revelou bem mais difícil do que o poderia parecer à primeira vista?
Não me parece que haja unanimidade. A maioria revela-se contra a pena de morte, mas há os que não lhe admitem qualquer tipo de excepções e outros que as aceitam.
Faço bem a leitura dos comentários anteriores?
Bom fim-de-semana para todos.

13:42  
Anonymous Anónimo said...

Obrigado e igualmente.

20:12  
Anonymous Anónimo said...

É isso Carla, é isso.
Aproveito para retribuir os votos de um bom fim de semana para todos.

00:22  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns pelo blog e parabéns a todos os que comentam pelo elevado nível que revelam, tanto em termos de civismo como da clareza das ideias que apresentam.
Um espaço a seguir.

11:39  
Blogger no largo da graça said...

Mais uma vez lhes agradecemos a presença e os comentários sem os quai este espaço não teria qualquer sentido.
Sois vós os responsáveis pelo interesse que esta humilde praça de oliveiras possa ter para quem nela queira entrar mesmo que seja só para os ouvir.
Um grande viva para todos vós e o nosso mais profundo bem-hajam por tudo quanto nos dão.
Obrigada por existirem e por aqui virem deixar um pouquinho desses vossos encantos.

16:18  
Anonymous Anónimo said...

A FAVOR DA PENA DE MORTE SEMPRE. VAMOS ACABAR COM ESSES ASSASSINOS E CANALHAS DE UMA VEZ POR TODAS.
FICA MAIS BARATO MATÁ-LOS DO QUE ESTAR A SUSTENTÁ-LOS ENQUANTO LÁ ESTÃO PRESOS

19:35  
Anonymous Anónimo said...

ler todo o blog, muito bom

16:10  
Anonymous Anónimo said...

Sou contra a pena de morte.
E tenho várias razões para isso:

1ª: Não pode haver pena de morte porque podem acontecer erros e acabar-se matando inocentes.

2ª : Um erro não justifica outro.

3a: Só Deus pode tirar a vida. E Ele ordenou: "Não matarás".

4ª: A Igreja Católica é contra a pena de morte

5ª: Não se pode punir os criminosos com a morte. Ninguém tem esse direito.

6ª: A pena de morte não resolverá nada. Os EUA são a prova disso.

7ª: É uma falta de caridade com o criminoso. É contra os princípios cristãos.

8a: Não se pode abreviar a vida porque existe a possibilidade de uma graça futura ou de um arrependimento futuro.

9a: Jesus Cristo foi contra a pena de morte

10ª: As pessoas que defendem a pena de morte assim o fazem porque não serão elas as executadas. Se um filho dessas mesmas pessoas estivesse no corredor da morte seriam as primeiras a protestarem contra a pena capital.

11a: Quem é contra o aborto, não pode ser a favor da pena de morte.

12ª: Se no passado ela poderia estar certa, a pena de morte hoje em dia não tem mais cabimento. A tendência do mundo é de acabar com ela, não podemos impedir a evolução das coisas. A pena de morte não é compatível com um mundo civilizado.

13ª: As penas devem ser educativas, para recuperar o criminoso, e não para vingar.

14ª: A maioria das pessoas é contra a pena de morte.

15ª: Não se pode punir os criminosos com a pena capital porque a culpa é da sociedade. A pobreza é que causa a criminalidade. São traumas psicológicos que causam o crime.

13:08  

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