2007-03-18

SÓ QUERO VER LISBOA A ARDER

Faz sentido este discurso?
Mais do que discutir a regionalização talvez importe pensar sobre certos discursos que se foram construindo a reboque dela.
É saudável fazer da dualidade norte/sul um dos problemas da sociedade portuguesa dos nossos dias? É claro que existem diferenças que decorrem das particularidades daquelas populações e dos ambientes geo-humanos em que vivem. Mas existem diferenças fundamentais e eventualmente geradoras de situações de conflito? É esse um problema com que os portugueses se devem preocupar?
Faz sentido falar do centralismo lisboeta? E tem sentido acoplar isso à dualidade norte/sul de que falámos? Afinal em que se traduz o centralismo lisboeta e como é que disso resulta o atrofiamento das outras regiões? Será que é por aqui que poderemos aspirar a compreender o que tem afastado Portugal dos níveis de desenvolvimento dos outros países da União Europeia?
Como explicar então a existência daquele género de discurso? Acreditamos que ele é comum ao sentimento das demografias em cujo nome fala? Quem o interpreta, então? Quem ganhou com ele?
Enfim, motes de reflexão que lhes propomos, desde já agradecendo as palavras dos amigos que, afinal, são quem faz o interesse que esta humilde praça de oliveiras possa ter.

53 Comments:

Blogger Crystalzinho said...

Não penso que a dualidade Norte/Sul seja um dos problemas graves de Portugal.
Julgo que essa seja uma dualidade fundamentada por valores que nada têm a ver com cultura ou economia.
Existe uma desigualdade social entre o Norte e o Sul. Talvez !
Mas para mim essa desigualdade é mais fragrante entre o Litoral e o Interior. Aí sim existe um atrofiamento e um crescimento desigual.
O centralismo de Lisboa? Não será o problema de qualquer capital?
Não acredito que se transformasse em alguma vantagem para as outras regiões, descentralizar o poder central .
O grave problema da nossa sociedade é o aumento da desigualdade social e não a desigualdade Norte/Sul.
Temos tantos problemas estruturais e organizacionais, de natureza sociológica, é a junção de todos esses problemas que tardamos a resolver que nos obrigam a perder o comboio da Europa.
Quem ganha não sei, mas quem perde somos todos nós.
Bja

23:09  
Anonymous Anónimo said...

A Crystalzinho tem toda a razão. Se há disparidade assinalável no nosso território essa é entre o interior e o litoral, onde se concentram as principais actividades económicas e dois terços da população e que absorve os principais investimentos e o interior onde, sinal dessa mesma desigualdade, temos visto fechar serviços públicos de saúde.
Se a memória não me engana as diatribes contra o centralismo lisboeta começaram com Alberto João Jardim, na Madeira e depois tiveram eco em certos sectores da sociedade e da política portuense. Não me parece que alguma vez essas pessoas tenham tido razão com esse género de prosápia que apenas lhes serve para encobrir eventuais falhas próprias e obter maiores benesses desse mesmo poder central.
Perdem os portugueses, de uma maneira geral e nisso também a Crystalzinho tem razão.
Boa semana para todos.

23:19  
Anonymous Anónimo said...

O fenómeno da litoralização é sem dúvida alguma um dos principais obstáculos ao desenvolvimento. Não conseguiremos explorar convenientemente as potencialidades do nosso território enquanto não resolvermos esse gravíssimo problema.
Nada disto se passa entre o norte e o sul do território; isso é conversa do venha a nós.
Será que a regionalização poderia contribuir para o resolver? Como?
São perguntas que deixo no ar.

23:51  
Anonymous Anónimo said...

Essa história do Norte e do Sul nada tem a ver com as populações. Sempre fui bem recebido no Sul e sempre recebi bem pessoas do Sul que me visitem. Aliás, nunca me dei conta que houvesse essa animosidade que a frase provocatória encerra. Isso é conversa de gente sem educação e se quisermos ver as coisas como são, só serve os interesses de gente oportunista que a coberto disso se tem aproveitado para darem largas à sua ganância. Em boa medida, é por causa de gente assim que Portugal não passa deste passo de lesma e a corrupção tomou conta por completo da nossa sociedade.
É a triste história repetida da 1ª. República. Um dia alguém nos fará sair deste inferno.

13:16  
Blogger Francis said...

boa tarde,

este discurso tem origem no futebol, o que por si só não augura nada de bom. mas é suportado pela noção que a norte se trabalha mais que a sul. foi usado e abusado para tirar um proveito que nunca se materializou, e acabou-se com as sucessivas tentativas de regionalização.

é conversa gasta, sem sentido.

eu que trabalhei vários anos na SONAE, cujo centro de decisão é a norte, não tenho, bem pelo contrario, noção desta animosidade.

16:11  
Anonymous Anónimo said...

Estas questões são importantes. Temos que desmascarar estes pontos de vista que só causam danos na sociedade portuguesa e não têm qualquer comprovativo prático. Portugal precisa de desenvolvimento e não com conversa desta que vamos lá, muito pelo contrário. Atrás disso estão pessoas medíocres e oportunistas que são as únicas que ganham com isso.
Respondendo ao Paulo, quem cumprimento, não me parece que a regionalização possa contribuir para o desenvolvimento do interior. Aí o que faltará, para já, é investimento, nacional e estrangeiro. Quanto à sensibilidade local que sempre deve estar na base da orientação desses investimentos, uma boa combinação entre os poderes locais e o central e dos serviços regionais já existentes, será suficiente se conseguir atender ao que mais importa para uma zona específica.
Cumprimentos para todos.

21:48  
Anonymous Anónimo said...

Há setenta e oito mortos numa mina na Rússia devido a uma explosão de gás.
A culpa é do centralismo lisboeta.

23:38  
Blogger mac said...

Digo o que aqui já foi focado. Existe uma disparidade entre o litoral, desenvolvido, estragado e super povoado e o interior, esquecido, deserto e ainda virgem. O interior tem tanto, ou mais, potencial que o litoral. Porquê que não se investe no interior. E será que a culpa é dos Governos? Não será antes da inércia dos Presidentes de Câmara, que se contentam em se armar em caciques da terra, em vez de lutar pelo seu desenvolvimento?
As guerras Norte/Sul são fomentadas por um tecido empresarial nortenho que já viu melhores dias, e que perdeu capacidade de se reinventar, e por alguns Presid. Câmara, que esperam assim distrair o povo com o seu discurso.

16:40  
Blogger Joaquim Nobre (JJ©N) said...

Gente boa a do Norte e a do Sul boa gente!
Mas a bola dá a volta, arruaceiros envolvidos
Politicas corruptas ou cobiça impaciente
A alma dos autênticos está fora disso
Afeição, solidariedade, somos todos bons amigos
As bandeiras da vergonha prostram-se aos poucos
Aqueles que expelem vómitos são os loucos
Não existe diferenças, é tudo um logro
Eu vou lá, eles vêm cá, é um todo
Diferenças que resultam da grande proximidade
Amigos grandes do Sul e do Norte grandes amigos!
© JJCN

22:13  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns pelo comentário Joaquim Nobre. Posso tratá-lo assim, apesar de se ter apresentado como JJCN? Mas como sei o seu nome,por este e os os seus blogs, pfrefiro tratá-lo pelo nome.
Muitos parabéns, comentário excelente. Sentido e sucinto, mas preciso e acutilante. Somos de facto um só povo e as diferenças que possam existir são mais fontes de progresso do que o contrário. Temos de facto que desconstruir esse discurso mesquinho que pretende afirmar particularidades regionais que nem existem só para tomar e exercer o poder, pelo que se viu, não necessariamente em benefício das populações interessadas.
Tenha uma boa noite Sr Joaquim e muito obrigada pelas suas palavras.
Renovo os cumprimentos para todos.

23:54  
Anonymous Anónimo said...

Tal e qual, Sr. Fernando.

00:10  
Anonymous Anónimo said...

Sou do natural e residente do Porto e tenho orgulho em dizer que o Porto é uma nação. Mas nunca gostei dessa conversa fiada dos mouros e de Lisboa a arder. Isso é conversa de gente qe não vale nada e que só pensa nos seus pr´´oprios interesses. Que esse discurso não representa a cidade ficou claro em três momentos cruciais. No referendo sbre a regionalização em que o não ganhou na cidade do Porto e na primeira vitória de Rui Rio para a Câmara inclusivamente contra o Menezes que é do próprio PSD e agora com a maioria absoluta de Rio contra tudo e contra todos.
Portugal é só um país, não tem problemas de fronteiras, não tem problemas de nacionalidades e os problemas que o povo tem nada têm a ver com rivalidades norte sul e coisas assim do género. Concordo com aqueles que dizem que as diferenças existem entre o litoral e o interior.

09:14  
Anonymous Anónimo said...

Sem a cobertura de uma certa comunicação social, jamais se teria chegado a escutar a frase que dá título a esta conversa e que nunca fez parte do discurso popular em lado nenhum.
Agora estamos a ver para que serviu tudo isso e a verdade é que ainda não é líquido que o estado de direito tenha vencido essa gente cheia de prpoósitos escuros. Vamos fazer força para que assim seja pois caso contrário, será à sociedade portugiesa que ficará submetida aos ditames de organizações mafiosas. Será que queremos ser uma espécie de Colômbia da Europa?
Parabéns ao Luís pelo tema e cumprimentos para os restantes participantes.

12:54  
Anonymous Anónimo said...

Eheheheh! Os super-dragões é que os querem à perna. Ainda lhes acontece o mesmo que àquele Vereador de Gondomar..

13:00  
Anonymous Anónimo said...

Dantes eram os três éfes, Fátima, futebol e fado.
Agora já não é Fátinha, é a Fatinha, o futebol, esse, permanece, mas agora apintalhado e o fado que é bem triste é o nosso que temos que pagar esta palhaçada toda.
Fizemos dez estádio de futebol que salvo as honrosas excepções estão às moscas e fechamos maternidades e outros serviços de saúde para não entrarem moscas que as pessoas têm que ir a Espanha para obterem aquilo a que têm direito.
E o povo que se entretenha com o fogo sobre Lisboa, os mouros e outras coisas que tais que os que metem ao bolso agradecem.

14:11  
Blogger Joaquim Nobre (JJ©N) said...

Fernando Caiado
Obrigado eu
pelas suas palavras!

Um abraço!

20:22  
Anonymous Anónimo said...

Fica-lhe bem agradecer Joaquim, mas as palavras são válidas. Você fez um comentário sentido e preciso.
É verdade o que a Senhor Amélia diz a respeito da cumplicidade de uma certa comunicação social e por isso importa começar a pressionar para sobrepor o discurso do bom senso que é o que aqui se está a ver, de que tais balelas escondem propósitos interesseiros e mais nada.
Um abraço

23:32  
Anonymous Anónimo said...

O ordenamento do nosso território é um desordenamento organizado. Já repararam nisto? Como é que é possível que se tenha chegado à situação de quase desertificação de certas zonas do país com excessiva densidade populacional nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto? Isto mete-me confusão e não sou capaz de deixar de pensar que a especulação imobiliária foi um factor que muito contribuiu para isso. Como é que ela se passou é que eu gostaria de saber, mas é claro que os responsáveis políticos tanto nacionais como locais devem ter uma palavra a dizer no assunto.
O que é que vocês acham disto?

00:31  
Anonymous Anónimo said...

Portugal?
Penso, logo desisto.

23:57  
Anonymous Anónimo said...

Para resolver o problema da litoralização da sociedade portuguesa seria preciso que houvesse forte investimento em indústrias e na agricultura e nos outros recursos, como o turismo, que essas regiões possam ter.
Isso depende de haver investidores e das políticas que se possam fazer para atrair e incentivar esses investimentos. Neste aspecto,políticas não há e os empresários parece-me que só podem esperar melhores dias; impostos e contribuições altas, leis rígidas, fraca formação da população laboral, custos comparativamente superiores de energia, transportes etc. A resolução destes problemas é o que se vê e há não sei quantos anos que permanecemos às voltas com o controle do défice orçamental.
A tristeza disto tudo é que tínhamos condições para sermos dos povos com melhores níveis de vida e de bem estar.

00:30  
Anonymous Anónimo said...

Não sei se a especulação imobiliária é causa ou consequência do fenómeno da desertificação do interior, mas tudo leva a crer que é mais uma consequência. Parece-me que o cerne do problema está naquilo que o Sr Eduardo aponta, a falta de investimento no interior e o excesso de oferta nas zonas de Lisboa e Porto. Foi isso que a população deslocar-me para as áreas do litoral e claro que perante o excesso da procura a especulação aconteceu, pois o poder local não estava preparado nem tinha mecanismos para se proteger da pressão que sofreu para deixar construir por tudo quanto fosse sítio.
Agora que os políticos tiveram muitas culpas no cartório, disso não duvido um milímetro.
Bom fim de samana para todos.

12:59  
Anonymous Anónimo said...

O Sr Armando terá toda a razão naquilo que diz, mas eu coloquei a enfase na especulação imobiliária por de outra maneira não se compreender a aposta que se fez na rede de estradas e auto-estradas quando, mais ou menos ao mesmo tempo, na Europa desenvolvida se voltou a melhorar as redes de caminho de ferro. O Luís que conhece a Europa Central, pode dar disso testemunho.
Parece que não mas os transportes rápidos, acessíveis e baratos são um dos principais motivos porque a população se dispersa por cidades pequenas e médias e não se concentra nos grandes centros urbanos. É que o escoamento das mercadorias também se pode fazer por essa via e o acesso a mão de obra é um factor para atrair investimento para esses centros urbanos de menor dimensão.
Era neste sentido que estava a falar.
Cumprimento para o Sr Armando e para todos um bom final de semana.

14:01  
Anonymous Anónimo said...

Se calhar é a partir desse fenómeno da especulação imobiliária que se pode encontrar uma das pontas do icebergue da corrupção que é o principal obstáculo ao desenvolvimento da sociedade portuguesa e não é só pelos prejuízos evidentes que acarreta para o estado de direito se tivermos em conta que ela só subsiste pelos problemas da justiça que temos. Sobretudo pelo facto de a corrupção gerar riqueza especulativa que não se reproduz em novos investimentos de carácter produtivo.
Bem visto, Carla.

16:03  
Anonymous Anónimo said...

Respondendo à pergunta do Paulo: "Será que a regionalização poderia contribuir para o resolver? Como?"
Não, no actual clima de corrupção e com a justiça de que dispomos, a regionalzação com autonomias mais ou menos alargadas, serviria apenas para deixar o país numa manta de retalhos ao sabor e ao dispor de caciques e grupos de interesses que em breve secariam tudo à sua volta para seu próprio benefício ganancioso.

16:08  
Anonymous Anónimo said...

Concordo que a regionalização nos moldes em que está a sociedade portuguesa só serviria para multiplicar o os Albertos João, os Fernando Gomes e ainda haveríamos de ver o Manel Serrão elevado a figura intelectual de proa do regime LOLOLOL.
Viva o galo de Barcelos!

17:19  
Anonymous Anónimo said...

O mais estranho disto tudo é que vamos ao país vizinho e encontramos a evidência da aplicação dos dinheiros europeus e muitas regiões e isto muito para além da renovação e aumento da rede de estradas que também ali se verifica, mas estamos a falar da recuperação dos centros de cidades que se vê um pouco por toda a Espanha, desde Madrid às mais insignificantes cidades menores das mais diversas regiões, das melhorias da rede de transportes ou dos investimentos em infra-estruturas produtivas como é o caso de sucesso da irrigação de vastas zonas do sul.
E aqui o que é que nós vemos? Onde estão investidos os rios de dinheiro que nos chegaram a fundo perdido da Europa? Aquilo que se vê é que de norte a sul, das fóruns e pavilhões despotivos locais, aos hospitais que eram necessários, mas também aos grandes centros culturais, às expos e às auto-estradas, aquilo em que sobretudo foram aplicados os dinheiros foram em grandes obras de empreitadas e concerteza que a especulação imobiliária não terá aparcido por geração espontânea.
Enquanto os outro apostaram na renovação do seu tecido produtivo, na formação das suas populações nós chegamos aoponto em que estamos.
Sinceramente não saberei ligar e apresentar melhor as coisas mas isto são pensamentos que me ocorrem por olhar para a realidade e com a informação que tenho ao meu dispor.
Boas férias da Páscoa, Patrícia
PS
Férias não, interrupção das actividades lectivas.

22:51  
Anonymous Anónimo said...

Não me parece que se possa tratar o assunto dessa maneira mas talvez essa seja uma das explicações do relativo insucesso do impacto dos dinheiros da União Europeia sobre a nossa economia e do nosso atraso crescente em relação aos outros parceiros mais antigos da União.
PS
Pois, nestes dias tenho mensas coisas que fazer em termos de preparação de aulas e actividades lectivas e até tenho de me deslocar à escola, não só por causa das avaliações do segundo período. Enfim... Se tembém és professora, boas férias.

23:46  
Anonymous Anónimo said...

Em termos de PIB per capita até já fomo ultrapassados pela Eslovénia e se não estou em erro pelo Chipre também e a República Checa não tardará a ultrapassar-nos.
O bom povo gosta, não é assim?

00:04  
Anonymous Anónimo said...

Como é que se pode acabar com a partidocracia em que vivemos sem acabar com a democracia? Parece que não tem nada a ver com o tema em debate mas é verdadeiramente o problema da sociedade portuguesa actual. Enquanto não colocarmos um ponto final na partidocracia, estaremos sempre atolados na corrupção que a mesma propicia, a começar pelo facto de os lugares não serem ocupados pelo mérito mas sim pela posição nas cadeias de clientelas e fidelidades.
Como sanear o sistema político dos vícios da partidocracia sem acabar com a democracia? É este o verdadeiro debate que interessa fazer na sociedade portuguesa.
Só não vê quem não quer, a extrema-direita está aí à espreita da primeira oportunidade para resolver o problema.

11:28  
Anonymous Anónimo said...

Olá a todos. Tenho acompanhado este, e outros debates, com interesse, mas só agora me decido a participar.
A meu ver os bairrismos não são mais que uma expressão natural de um sentimento de pertença, que faz com que nos identifiquemos com o que nos é familiar, seja bairro, cidade, país, grupo étnico ou religião. Esse sentimento não tem nada de errado, e até é visto como positivo e tem nomes sonantes como patriotismo. Claro que, como tudo, se exacerbado e manipulado para servir maus fins, pode tornar-se perigoso e gerador de conflitos.
Por outro lado, os centros populacionais num território organizam-se em rede, com os grandes centros a uma determinada distância, intercalados por centros de média dimensão e pequenos aglomerados ou aldeias. Em países grandes, como França, Alemanha ou nos gigantes EUA, surgem naturalmente vários centros urbanos de dimensão relevante. O nosso país é pequeno e a sua dimensão não justifica o desenvolvimento de mais centros de grandes dimensões, pelo que só temos Lisboa e Porto. Assim, as rivalidades tornam-se duais, com apenas um alvo para os antagonismos. O “ódio” pelo outro torna-se assim mais forte e centrado.
Em qualquer dos casos, não creio que este antagonismo seja extensível à maioria da população, sendo um sentimento de minorias exaltadas.
Bom, já me alonguei mais do que pensava.
Cumprimentos a todos.

13:42  
Anonymous Anónimo said...

Execelente comentário "hainnish". Esses são os sentimentos de que certos grupos se aproveitaram para esconderem os seus interesses e sede de poder.
Agradeço e retribuo os cumprimentos, uma boa semana para todos

16:39  
Anonymous Anónimo said...

Do tema proposto para debate parece estar a emergir uma questão talvez mais interessante que é a da necessidade de se pensar seriamente numa Reforma do Poder Autárquico.

O Poder Autárquico, uma das conquistas populares do 25 de Abril, tal como está instituído, tem-se revelado nestes quase 33 anos mais uma fonte de despesas inúteis, de impostos sacados do nosso bolso que começam a ultrapassar a razoabilidade, do fortalecimento do caciquismo local, de compadrios partidários pouco democráticos, corrupção desmedida, especulação imobiliária, ordenamento urbano vergonhoso, entre um conjunto também imenso de coisas boas, porque como dizia ontem um amigo meu não existem só coisas más.

Não se contesta o direito que as populações têm à auto-organização, cultural, social, política, etc., no que isso se traduz em descentralização do poder e capacidade de decisão nas formas de desenvolvimento local. Agora este "regabofe" a que temos vindo a assitir, é que não dá.

É necessário pensarmos numa re-organização mais eficaz e menos dispendiosa da Lei do Poder Autárquico. Mas será que ainda existe por aqui alguém que consiga pensar sem complicar e sem burocratizar? As sucessivas reformas políticas a que temos assistido nestes últimos 30 anos, na educação, na saúde, na segurança social, na justiça, na administração pública… deixam, de facto, muito a desejar.

16:48  
Anonymous Anónimo said...

A corrupção de que fala a Patrícia encontra terreno fértil na partidocracia que se instalou no sistema político. Não tenho dúvidas que um dos sustentáculos das clientelas e amiguismos em que tudo isso se sustenta é, precisamente, o poder local. Uma reforma a este nível terá sempre que consagrar as incompatibilidades e os sistemas de controle necessários para tentar evitar esse lado mais nefasto do poder autárquico.
Se é possível ou não, isso também em parte depende de nós. Mas temos que acreditar que é possível melhorar, caso contrário estamos condenados a fugir deste país.
Cumprimentos para todos

22:21  
Anonymous Anónimo said...

"É preciso acabar com a partidocracia sem acabar com a democracia".

Devo confessar que simpatizo com a afirmação, mas receio bem que estejamos perante um postulado irresolúvel.

De facto, os partidos políticos, muito particularmente a nível autárquico, vão servindo, sobretudo, as suas clientelas, em vez de servirem a população em geral, e tudo fazem para evitar que os grupos ideologicamente adversos conquistem prestígio.

Nisto se traduz em larga medida o que se vem designando como Regime Democrático, o tal que é o melhor dos regimes, há falta de um outro que seja melhor. Será?

É claro que a Democracia é um saco muito grande onde cabe muita coisa distinta, onde se misturam ideais de tendência mais liberal ou mais democrática, mais ou menos capitalista, mais na esfera do público ou do privado.

A isto deve acrescentar-se que, sobretudo, ao nível local temos ainda que contar muitas vezes com a má formação e incompetência dos líderes políticosm e de muitos que o rodeiam.

Todo este conjunto de promiscuidades e incompetências provocam o cansaço e a desilusão face à partidocracia. Mas não nos resta alternativa que não seja ir participando no jogo democrático, dando a contribuição possível a uma melhor organização colectiva...

13:08  
Anonymous Anónimo said...

Pessoalmente não acredito que esse problema da corrupção e da reforma do poder local possa ser resolvido com a democracia. Nunca em Portugal isso aconteceu, se considerarmos o século dezanove liberal e a primeira república.

19:35  
Anonymous Anónimo said...

Sr Eduardo, está a propor um regime de poder absoluto, de tirania? O contrário da democracia é isso e no intermédio não vejo nada que não caia no âmbito de pelo menos um poder autoritário. É mesmo isso que propõe?

22:04  
Anonymous Anónimo said...

Todo este conjunto de promiscuidades e incompetências provocam o cansaço e a desilusão face à partidocracia. Mas não nos resta alternativa que não seja ir participando no jogo democrático, dando a contribuição possível a uma melhor organização colectiva...
É isto que diz o Sr Luís Santos, sem tirar nem por.
A Srª. Patrícia Castro tem razão na observação que faz. Por isso não temos alternativa a uma intervenção permanente e persistente, até que de alguma maneira se consigam resolver estes problemas, mas sempre dentro do quadro da democracia e da liberdade.

23:01  
Anonymous Anónimo said...

Ainda acrescento.
Por isso digo que um debate que importa é o de saber como reformar o sistema político de modo a por um ponto final na lógica e na dinâmica partidocrática que o caracteriza e em que o mesmo consiste, como fazer tudo isso sem sair da democracia, da lógica democrática, do princípio das liberdades.
Se não forem os que acreditam de alguma forma na bondade da democracia a fazerem esse debate, a extrema-direita o fará um dia e provavelmente com o argumento da arruaça e pelo silêncio das vozes incómodas.

23:11  
Anonymous Anónimo said...

E depois admiram-se que o Salazar ganhe o concurso de melhor português.

09:09  
Anonymous Anónimo said...

Não há nada que prove que as soluções autoritárias poderiam resolver os problemas de que estamos a falar. Apesar de tudo, os portugueses vivem melhor qssim do que no regime anterior e ainda não se esgotaram as possibilidades de acelerarmos o crescimento económico e aumentarmos os níveis de desenvolvimento da população portuguesa. Não vejo que isso não possa ser feito dentro da sociedade democrática.
Quanto à reforma do poder local de que fala o Sr Luís Santos, creio que é uma conversa a travar. Afinal, no desenvolvimento do interior, muito passa por um poder local eficiente e com racionalidade nas despesas.

19:34  
Anonymous Anónimo said...

O nome do comentário anterior é obviamente Fernando Caiado e não como erradamente está escrito.
As minhas desculpas. Cumprimentos para todos

19:36  
Anonymous Anónimo said...

Há que criar travões e condicionalismos legais à promiscuidade vigente entre a classe política e as empresas municipais que criam e outras que controlam, directa ou indirectamente, e todas aquelas que têm negócios com o estado e especificamente com a autarquia correspondente.
Há que fiscalizar a contratação que está regulamentada e em princípio terá que ser em concurso justo.
Com isto se pode contribuir para contrariar a tendência para a gratificação de clientelas. Mas é claro que há muito mais a fazer. São apenas duas ideias.
Cumprimentos para todos.

00:09  
Anonymous Anónimo said...

Senhor Fernando Caiado,
a reforma do poder local não é para travar é para acelerar, justamente para aumentar a eficiência, reduzir as despesas, desenvolver o interior, reduzir o caciquismo, diminuir as clientelas, mas há muito mais.

Como sabemos, o relatório apresentado esta semana pelo Tribunal de Contas (?) traça um retrato muito pouco credível sobre a gestão autárquica. A relação entre autarquias e empresas públicas (salários na administração acima do estipulado por lei, utilização ilegal de cartões de crédito, etc. etc.) são particularmente visados.

Os exemplos dados pela Sra. Amélia Costa são, por isso, de grande pertinência.

13:01  
Anonymous Anónimo said...

Vocês desculpem-me, estive a reler os comentários e isto nada tem a ver com o que se está a dizer mas vem a propósito disso.
Muitas vezes nestas conversas partimos de considerações políticas e acabamos a falar do pessoal da bola. Aqui foi ao contrário. O próprio tema partiu de um dado relacionado com o pesoal da bola mas a conversa acabou por ir ter ao que mais importa.
Não é engraçado?

19:57  
Anonymous Anónimo said...

E quem é que vai fazer a reforma do poder local?

23:11  
Anonymous Anónimo said...

Ora, aí é que está.

00:03  
Anonymous Anónimo said...

Nós já começámos... veremos quem põe o próximo tijolo. Esperemos que seja tudo pessoal bem intencionado. O resultado será aquele que as capacidades permitirem, como sempre.

12:33  
Anonymous Anónimo said...

Sim, Sr Luís Santos, estou de acordo consigo é precisamente isso que uma reforma do poder local deverá procurar ter por objectivo. Sinceramente acho que apesar de tudo vão aparecendo alguns sinais positivos e se a justiça conseguir impôr-se e actuar imparcialmente, há muita corrupção que mina o próprio sistema político que terminará e não tenho dúvidas que isso facilitará a possibilidade de se fazer as reformas necessárias. Vamos a ver.
Um abraço, bom fim de semana

17:38  
Anonymous Anónimo said...

É assim mesmo Sr Fernando e se tivermos presente que a democracia em Portugal ainda é jovem, não será difícil acreditar que irão aparecer novos rostos na política que saberão responder aos anseios das populações.
Cumprimentos e votos de bom Domingo.

21:32  
Anonymous Anónimo said...

Por muito que se diga e apesar do problema da desertificação do interior de que aqui se tem falado, a verdade é que os portugueses vivem melhor que antes do 25 de Abril e o país tem hoje mais condições para se desenvolver do que tinha então.
Portugal tem condições para singrar e só temos que acreditar na energia dos portugueses. Há o turismo, há indústrias em que somos competitivos e em que podemos ainda ser mais, há produções agrícolas em que somos especialistas e depois há toda uma economia das novas tecnologias que podemos captar, quer em termos de investimentos estrangeiros, quer nacionais.

14:26  
Anonymous Anónimo said...

Pela vontade dos artistas que nos governam, uma das nossas especializações seria a de um país de eventos. Isto mesmo disse o insuspeito Medeiros Ferreira, figura intelectual de proa do regime, num programa televisivo.
Isto mostra que não será com estes que poderemos contar para fazermos da nossa terra um país decente. Em que ficamos?

15:15  
Blogger ATIREI O PAU AO GATO said...

Viva Hainnish, benvinda a esta praça de oliveias que muito se embelezou pela inteligência das suas palavras e a elegância com que foram escritas. O Largo ficou mais bonito por isso e estou certos que todos agradecem a visita e as palavras. Ficamos encantados e o maior desejo é para que volte muitas e muitas vezes a este sítio de liberdade onde muito gostaríamos que escolhesse uma sombra para si.
Só agora demos conta que a "hainnish", apesar de não se ter identificado com o link, provém de um blog, por sinal enternecedor e como é hábito desta casinha humilde, sempre recebemos os confrades que manifestam a sua visita pela primeira vez.
Uma semana de paz e com muita saúde, para a "hainnish" e aqueles que lhe querem bem.
Luís F. de A. Gomes

18:55  
Blogger no largo da graça said...

Mais uma vez aqui estamos para agradecer as participações com que nos presentearam com palavras cheias de sabedoria.
É de vós que este espaço depende e é a vós que agradece a sua existência e o interesse que eventualmente alguém aí encontre.
Bem-hajam por isso.
Desde já ficam convidados para a conversa que lançamos em acto contínuo.
A melhor semana para todos, com muita paz e saúde.
Luís F. de A. Gomes

19:00  

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