2007-04-01

O MELHOR PORTUGUÊS?

Um amigo de sempre perguntou-me se não estranhava que Salazar tivesse vencido o concurso televisivo para “o melhor português”. É claro que conversámos sobre o assunto e entre os dois surgiram uma série de hipóteses explicativas que, no fim, não o convenceram. “Não haverá algo mais profundo?”, terá sido a interrogação que deixou no ar.
Pois bem, é este o tema que lhes propomos para a próxima quinzena.
Naturalmente não estamos perante a autoridade de uma consulta conduzida pelos métodos e técnicas de uma sondagem cientificamente estruturada e controlada. Ainda assim, não deixa de ser curiosa a escolha e podemos tentar compreender o que a poderá explicar. Afinal, como sustentou o Rui, os portugueses viviam mal no tempo do longo consulado do Professor Salazar e muito pior do que vivem hoje em dia, para além de terem festejado genuína e espontaneamente a queda do antigo regime.
Contudo, talvez o mais interessante seja indagar a pertinência do concurso em si e dos moldes em que foi feito e se os resultados podem ser considerados representativos da opinião da maioria dos portugueses? Será aí que deveremos ler algum sinal relativamente à situação actual da sociedade portuguesa? Mesmo sabendo que daqui decorrerá aproveitamentos por parte da extrema-direita que até aqui não tem tido qualquer expressão em termos eleitorais e até sociológicos, estaremos, ainda assim, perante algo de preocupante para o regime democrático? E na vossa opinião faz sentido que se escolha Salazar como o melhor português? Como é que poderemos justificar esse qualificativo, em que realidades o podemos fundamentar? Então a miséria –a emigração da década de sessenta que terá sido a primeira responsável pelo processo de desertificação do interior não terá acontecido por motivos políticos mas sim económicos relacionados com a falta de perspectivas de melhoria de vida no país de origem- a PIDE e o seu cortejo de assassinatos e prisões e até um campo de concentração, a censura, os salários contidos por via da repressão policial, tudo isso não terá tido como primeiro responsável aquele a quem o concurso em causa elegeu como “o melhor português”?
Enfim, mais dúvidas que certezas que aqui partilhamos convosco e que podem ser tomadas como motes para a conversa que lhes propomos.
Desde já agradecemos a gentileza de todos os que participem e fazemos votos para que o tema seja do vosso agrado e interesse.

75 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O que me parece é que o resultado do concurso de modo algum pode ser usado para identificar a preferência dos portugueses, pois, tal como o texto em que se propõe o tema indica, aquele não foi efectuado de acordo com critérios e métodos que conferissem um mínimo de credibilidade não direi científica mas técnica à consulta e depois muito haveria a dizer sobre os nomes que se apresentaram aos portugueses para votação. Pergunto o que se terá passado para ninguém se ter recordado de um nome como o do Capitão Salgueiro Maia, por exemplo.
Mas se o concurso nada nos diz sobre as preferências dos portugueses, já os moldes em que foi feitos nos permitive verificar que deve haver muitíssimo boa gente por aí muitíssimo interessada não no regresso do velho de Santa Comba mas sim no regime a que o mesmo deu o rosto e o estilo também.

13:11  
Blogger Joaquim Nobre (JJ©N) said...

O equívoco generalizou-se…

Os adultos que presenciaram a revolução ainda crianças, como eu, recordam apenas os factos vividos, ou seja; cortes de estrada, exaltação, homens na frente da multidão maltratados e exibidos nas ruas, talvez com razão, imagens de manifestações a preto e branco na televisão, cravos e uma alegria enorme pela suposta liberdade.
Os jovens nascidos pós revolução, como o meu filho, apenas conhecem, pouco, as narrações dos livros de escola, as escassas histórias incompletas relatadas pelos pais e não estão interessados minimamente no assunto...
Tanto uns como os outros, não conheceram as figuras públicas responsáveis pela ditadura e não o sentiram na pele.

Aqueles que o sentiram (pessoas “com mais” idade), algumas infelizmente, já não se encontram entre nós, outras ainda recordam amargamente esses tempos e outras tiveram experiências longe desta realidade. Essas dividem-se em duas categorias; os que sofreram e os “privilegiados”.
Os que sofreram, são pessoas simples que geralmente não se expõem publicamente ou uma minoria mais interveniente que não concorda com esta nova política.
Os outros são aqueles que têm o poder, dinheiro, interesses e o querem manter. Ou outros que acham que estes novos tempos nada têm para oferecer e outros que pensam que era melhor o passado do outro senhor, onde o controlo, censura, repressão, classes mais divididas, liberdade condicionada, é o ideal para Portugal.

Com todos estes condicionalismos era de prever o resultado final…

Tal como é prever o futuro. Quando todos nós desaparecermos, quem fica, vai ser os jovens de hoje, divididos em duas categorias; os que não sabem ou não querem saber e os que foram ensinados para fazer a diferença, possuem o poder, com a necessária educação do outro senhor para o fazer prevalecer…

Assim vai esta Nação!

E afinal quem é o melhor Português?
Podia ser eu, tu, qualquer um…
aquele ditador não o é de certeza absoluta!

18:56  
Blogger João P. Pereira said...

Parece-me que só um desconhecimento total, ou um saudosismo masoquista podem explicar tal escolha. Entre os fundadores da nação, reis que tornaram possível um passado tão rico e escritores que ainda hoje enobrecem o nome de Portugal pelo mundo, ganhou um ditador. Ditador esse cujo o efeito na sociedade ainda hoje é bem patente e visível. E se de uma forma ou outra todos criticam o mau funcionamento da sociedade, e muitos acreditam que teve origem em anos de repressão, é no mínimo cómico elegerem o culpado por o português ser um coitadinho como o maior português de sempre.

Definitivamente, os portugueses são um povo irónico...

Parece-me ainda mais grave a má gestão que o canal de televisão publica faz com o dinheiro dos contribuintes, ao adquirir programas com formatos descabidos como este.

João P. Pereira

21:28  
Anonymous Anónimo said...

Eu gosto deste espaço porque apesar de serem incisivas, as pessoas que aqui comentam revelam ser inteligentes e são normalmente respeitosas, mesmo na discordância ou sobretudo na discordância.
Perdoem-me pois que faça de advogado do diabo e quero aqui defender Salazar como um grande português, não direi o maior, há outros, muito maiores que ele, mas acho que é indiscutível que Salazar foi um grande português. Homem íntegro e incorrupto, geriu com seriedade os negócios do estado com o mais alto sentido de serviço pátrio e foi ele o principal responsável pela recuperação do país relativamente à anarquia da primeira república. Recuperou as finanças públicas e lançou políticas que dotaram o país de redes de infra-estruturas que não existiam e que afinal possibilitaram os desenvolvimentos posteriores da nossa economia. O regime era ditatorial e foi violente e teve aspectos desumanos. Não há como o esconder. Mas devemos considerar a época em que se estava e o contexto internacional de então. A Europa viva a euforia da supeirodade das ditaduras, de que a Itália e a Alemanha a partir de trinta e três eram os estados de referência. Mas a Roménia, a Hungria, a Polónia, a Jugoslávia que se constituira na sequência da Primeira Grande Guerra, a Rússia comunista, embora de sinal contrário não deixava de ser uma ditadura admirada, muitos eram os países que vivam sob ditaduras. Creio até que eram a maioria dos países europeus da época. Por isso não estranha que a forma de regime tivesse assumido a forma de uma ditadura e depois de todas as convulsões e ruínas que a primeira república trouxe ao país, não é de estranhar que alguém, naquele tempo, tivesse simpatia por formas autoritárias de poder. Mas que o homem fez obra, parece-me um facto e pela honestidade que revelou e os bons resultados que obteve, merece o título de grande português pois slavou então o pais do caos e da ruína absoluta.
Cumprimentos para todos.

22:17  
Blogger mac said...

Acho que ganhou por ser 1 das raras figuras com que os portugueses se sentiram identificados. Ou seja, D.Afonso Henriques, D.João II, etc, foram grandes homens, mas o seu tempo foi há séculos e séculos atrás. Seria natural que escolhessem alguém do sé. XX, pois há memória dos seus protagonistas. Restava então Salazar, Aristides Mendes, Cunhal e Fernando Pessoa. Quanto ao Pessoa, os portugueses não iriam escolher 1 poeta para ser o maior português; o A.Mendes, fiquei surpreendida por os portugueses saberem sequer quem era o senhor, mas diga-se que apesar de ter sido muito corajoso e de ter salvado vidas, não contribui para o Portugal global. Restaria assim o Cunhal.
Eu ainda pertenço a 1 geração em que se dizia que os comunistas comiam as criancinhas, e que parecia mal dizer alto e bom som que se pertencia a esta ideologia. O comunismo serviu para bode expiatório de 1 esquerda e direita ávida pelo poder, sendo o Álvaro Cunhal o representante do comunismo em Portugal, e que mesmo depois da queda do muro de Berlim, continuou com o seu sonho da Reforma agrária e com mão de ferro a governar o PCP. O fascismo trás más memórias, mas acho que o bicho papão do comunismo trás ainda mais. Portanto só restaria Salazar, figura que marcou a nossa memória recente...

22:33  
Anonymous Anónimo said...

Estou com o João. Como é que é possível gastarem-se dinheiros da televisão do estado com um programa como este, me desculpem os seus autores, muito susceptível de sofrer manipulações. O que é um facto é que este concurso não pode ser considerado como representativo da escolha dos portugueses.
Quanto à figura de Salazar, o Portugal que chegou triste e remendado ao vinte cinco de Abril fala por ele. Foi essa a sua herança.

23:07  
Anonymous Anónimo said...

Boa desmontagem Mac.

23:10  
Anonymous Anónimo said...

Estes concursos não são inocentes.

00:28  
Anonymous Anónimo said...

Está bem visto Mac, mas mesmo assim isso não é um motivo válido para tal escolha. Se muitos nem sonham (e nem querem saber) porque motivo é feriado a 25 de Abril consequentemente não sabem quem foi Salazar, e obviamente não têm nenhuma memória dele.

Uma boa semana a todos.

09:47  
Anonymous Anónimo said...

Como é óbvio tal escolha não é representativa da preferência de toda a população. E convenhamos, se quando não pagam nada os portugueses custam a votar quanto mais a pagar…
Para tal resultado é possível que os admiradores do regime ditatorial e os extremistas tenham aproveitado a oportunidade e votado para expressar o seu gosto por tal figura da nossa história. Como foram tão poucos a votar (em comparação com a população total) acabou por ser Salazar considerado o grande português.

10:25  
Anonymous Anónimo said...

É dificil manifestar-me sobre 1 concurso a que não assisto, ainda assim tenho vontade de dizer algo sobre este tema, sem a pretensão de dar respostas às suas questões.

Esta vontade surge ao recordar-me da dificuldade que tive em explicar algumas coisas a meu filho no dia em que ele ainda pequeno me diz "o Salazar foi 1 criminoso, mãe".

"o prof Salazar, filho, foi um governante português. Devemos-lhe o facto de ter imprimido um forte desenvolvimento ao país numa época de crise social, económica e cultural. Devemos-lhe o "tacto" com que lidou com a guerra mundial, quase a deixando passar ao lado deste povo. Devemos-lhe a facilidade de ligação entre norte e sul do país, bem como muitas outras obras, a construção de muitas escolas por ex, que contribuiram para o desenvolvimento do mesmo.
Se tivesse terminado a sua carreira política umas quantas décadas antes, seria hoje recordado talvez como um dos grandes governantes.
Tal como aconteceu com outros no mundo, ficou tempo demais,com uma personalidade vincada, homem decidido e autoritário, tornou-se ditador. Os excessos nunca são positivos nem produtivos. Portugal parou no tempo.
Sim, filho, tens o direito de achar que foi um criminoso. Enquanto responsável máximo por muitas execuções, de entre elas a do teu bisavô. Mas não podes retirar-lhe o mérito do seu inicio."

É assim que vejo o prof. Salazar. O melhor português? Bem... o melhor português acho que somos nós todos, o povo português.

11:31  
Anonymous Anónimo said...

Atenção a isso de se apontar Salazar como exemplo de rectidão e honestidade. Só é possível pelo reflexo dos artistas que nos (des)governam actualmente, mas eu tenho as minhas reticências quanto a uma afirmação tão peremptória.
Gostei do comentário da "lifeeyes".
Cumprimentos para todos

19:14  
Anonymous Anónimo said...

Salazar, Salazar, continua a ser o espinho que divide os portugueses. O regime teve um certo contexto histórico, como sustenta o Sr Eduardo, mas acabou verdadeiramente anacrónico e só sustentado na lógica internacional da Guerra Fria que fazia pender naturalmente o tabuleiro da Península Ibérica para o lado Ocidental. Jamais se poderia permitir uma qualquer espécie de "Cuba" neste lado da Europa e as forças vitoriosas no PREC foram a última manifestação da afirmação desse equilíbrio.
Os condicionalismos que se viveram na nossa economia, durante o salazarismo, contribuíram para atrasar a afirmação da nossa competitividade nos mercados internacionais de que ainda hoje estamos a ressentir-nos; com isso se impediu o aparecimento de um tecido empresarial forte e dinâmico, capaz de competir fora do manto protector do estado e de afirmar as nossas produções a nível externo. O que se conseguiu nestes últimos trinta anos só prova o tempo que se perdeu e o quanto a falta de liberdade apenas serviu para uma economia de salários baixos e em muitos sectores cruciais ainda dominada por processos praticamente artesanais que foi a situação a que se chegou em setenta e quatro. A abertura da sociedade e da economia deveria ter acontecido muitíssimo antes e apesar da tímida presença na EFTA -o boom dos têxteis nas décadas de cinquenta e sessenta resultou disso e aproveitou sobretudo a possibilidade dos baixos custos salariais que então eram possíveis- nunca deixou de coexistir com os condicionalismos industriais e outros e as concentrações monopolistas. No contexto europeu da época, o país que chegou a vinte e seis de Abril de setenta e quatro era um país pobre e a principal responsabilidade disso cabe por inteiro ao regime e dentro dele, a figura de proa de Salazar foi indubitavelmente o primeiro responsável. Politicamente nem se fala. Andámos trinta anos arredados das sociedades livres do pós-guerra e agora ainda somos confrontados como fenómenos terceiro-mundistas como o Major Valentim Loureiro na política. Salazar, se algum mérito lhe pudéssemos atribuir, teria que ter abandonado o poder pelo menos duas décadas antes. Continuou e o resultado foi o que se viu e aqui chegados nem vale a pena lembrar a violência do regime.
Não sei como se pode falar em termos abonatórios da dimensão política de um homem como este. Se alguém assim pudesse ser considerado o melhor português seria um tanto bizarro.

23:15  
Anonymous Anónimo said...

Atenção ao aproveitamento que a extrema-direita está a fazer do caso, como o salienta hoje, no Público o pingue-pong da última página, Rui Tavares. A pequeno artigo a ler com atenção.

00:04  
Anonymous Anónimo said...

Comparado com os aldrabões que nos têm governado nos últimos anos, Salazar foi, sim senhora, um político sério e um homem íntegro.
Tinha sentido de estado, coisa que estes têm no meter ao bolso e quanto às chapadas que certos rapazes levaram, eles também faziam por as merecer. E o resto é conversa. Hoje em dia é a vergonha que se vê.

10:12  
Anonymous Anónimo said...

O pior legado do salazarismo é visível na esquerda sem convicções e sem cultura democráticas que nos legou e que passados trinta anos de democracia, mais não conseguiu que levar ao poder homens que são paus mandados dos grandes grupos de interesses que são quem manda em Portugal.
Salazar não deixou apenas um país pobre nas condições de vida, deixou um povo pobre na alma e esse foi o seu maior crime. Só assim se explica que vivamos tempos em que se confunde a vigarice com liberdade e a sabujice mais criminosa com as garantias de direitos.

10:53  
Anonymous Anónimo said...

Salazar o melhor português!? Eheheheheheheh... Claro que foi e é e será e ainda depois disso continuará a ser, até pela grande colónia de férias que mandou construir para os trabalhadores no Tarrafal que era tão boa, tão boa que houve uma série de veraneantes que nunca mais quiseram sair de lá e as universidades de Peniche e Caxias, onde o povo se formava com brilho e distinção de tal maneira que muitos, de tanto estudarem, até ficavam com os corpos inchados. E depois não podemos esquecer aquelas situações em que até a GNR entrava nas fábricas para forçar os trabalhadores a aceitarem o aumento de vencimentos e regalias que eles, por patriotismo, não queriam receber.
Por tudo isto, Salazar foste o maior e por isso estamos à frente dos primeiros em termos de desenvolvimento e se no passado distante descobrimos o caminho marítimo para a Índia, no tempo do Salazar, enquanto americanos e russos foram à Lua, nós, por conselho e prudência do Salazar, fomos ao Sol. "-Como, Senhor Presidente, como se morreremos queimados?" Perguntavam os engenheiros e outros cientistas que discutiam com o Chefe a novel empresa de um país de descobridores. E o homem mais sábio, mais inteligente, mais íntegro, mais sério, mais tudo, o solteirão mais cobiçado de Portugal respondeu com as suas certezas de sempre: "-Já pensei em tudo. Vamos de noite."
Não me digam que não reconhecem esta esperteza saloia nos dias que correm? Eis o grande legado salazarista.

11:41  
Anonymous Anónimo said...

Salazar sem sal é azar
salazar sem azar é sal
tiraram o sal ao salazar
ficou em Portugal o azar.

12:15  
Anonymous Anónimo said...

Vejo que me esqueci de deixar cumprimentos para todos e para os que são cristãos, boa páscoa.

19:24  
Anonymous Anónimo said...

Estou com aqueles que aqui questionam os dinheiros da televisão pública em programas deste género e não me venham dizer que o mesmo visa captar audiências. Isto visa branquear a figura de Salazar e o regime que criou. É verdade que pode ter sido um grande homem, um grande professor, um grande estadista e tudo o que de abonatório dizem a respeito dele. Pessoalmente nem saberia muito bem como discuir e rebater tais afirmações. Mas a verdade é que essa gente matou, espancou, reprimiu, prendeu e forçou a maioria dos portugueses a uma vida de miséria e de bico calado. Nada poderia justificar tais crimes e Salazar foi o principal responsável pelos mesmos e não tenho dúvidas que ele sabia de tudo. Só por humor negro alguém poderá dizer que Salazar foi o melhor de portugueses. Está a ofender a memória de todos os que foram assassinados pelo regime e não foram assim tão poucos como tudo isso.
Gostei deste blog e de muitos dos comentários. Parece um fórum muito interessante. Voltarei mais vezes.
Saudações para todos
Zara Malacuto

22:57  
Anonymous Anónimo said...

Para quem defende Salazar como grande político e homem, só tenho umas perguntas, muito simples.

Se fosse pai ou mãe e tivesse visto o seu filho a ser obrigado a ir combater para outro continente e nunca mais o voltar a ver, ainda era admirador de Salazar?

Gostava que a sua filha tivesse como escolaridade a quarta classe?

E gostava que os licenciados fossem uma elite ainda mais restrita do que actualmente o é?

Se isto eram medidas de um grande político, que nem deixava a Coca-Cola ser comercializada, parabéns pela má escolha.

09:45  
Anonymous Anónimo said...

Salazar foi formado religiosamente no catolicismo e a sua visão política decorria disso. Quando chegou à chefia do governo, politicamente não grande consistência mas como se pode ver pela entevista que António Ferro -mais tarde Ministro da Propaganda- lhe fez, era um simpatizante de Mussolini e da obra que o fascismo levava a efeito em Itália. O regime moldou-se a partir disso e até ao fim da Segunda Guerra e da derrota do nazi-fascismo teve todas as características políticas,sociais e económicas de um estado fascista e como tal assim se abateu sobre o povo com mão de ferro.
Depois teve de se adaptar aos novos tempos da Guerra Fria e se perdeu muito do folclore e da retórica fascista, propriamente dita, manteve a violência e o poder por via da mesma e permaneceu com os contornos de uma ditadura pessoal. Tudo passava pelo Chefe e o esse era Salazar e assim continuou até que morreu e é conhecida a ópera bufa que se desenrolou em torno do seu leito de morte em que já Marcelo aos comandos do poder, os acólitos simulavam perante o líder que este ainda permanecia no seu cargo de sempre.
O atraso português em muito a ele e ao seu consulado se deve, pois foi esse o resultado que os quarenta e oito anos de Estado Novo conseguiram e isto é um facto.
Salazar foi um grande político pois só alguém com grande esperteza e capacidades incomuns a esse nível conseguiria aguentar-se tanto tempo e tão folgadamente na cadeira do poder e com tanta autoridade como a dele. Mas isso não faz dele um grande português e muito menos o maior de todos. Faz dele aquilo que ele foi, um ditador, mesquinho e com uma visão do mundo muitíssimo tacanha que aperreou os portugueses num tempo em que os outros povos davam asas às suas fontes de energia criadora.
A História colocá-lo-à como um parênteses negro no século vinte português.
Sobre o concurso que não vi, não me posso pronunciar. Nada me espantaria que não a ideia do mesmo não tivesse sido inocente.

16:21  
Anonymous Anónimo said...

Errata:
"Quando chegou à chefia do governo, politicamente não grande consistência (...)"; aqui deve ler-se, não tinha grande consistência.

"Nada me espantaria que não a ideia do mesmo não tivesse sido inocente."
Aqui deve será:
Nada me espantaria que a ideia do mesmo não tivesse sido inocente.

Asesculpas pelos erros.

Cumprimentos para todos.

16:27  
Anonymous Anónimo said...

As desculpas pelos erros, mais uma vez.

Paz e saúde

Rudolfo Wolf

16:28  
Anonymous Anónimo said...

Execelente comentário, Sr Rudolfo.

17:04  
Anonymous Anónimo said...

O Sala e o Zar
foram fazer uma patuscada,
os deles comeram tudo
e o povo ficou sem nada.

22:19  
Anonymous Anónimo said...

Até parece de propósito. Este concurso inocente que acabou por dar a vitória a Salazar como omelhor dos portugueses, tem destaque ao mesmo tempo que a direita se desfaz em intrigas e lutas de poder. Quem duvidar que a extrema-direita vai prourar tirar dividendos de tudo isto é tolo. E não écom os cartazes do Gato Fedorento que lhe vamos travar o passo.
Por exemplo, fazem falta cnversas como esta que aqui está a ter lugar.
Boa Páscoa para todos.

00:26  
Anonymous Anónimo said...

Sr Rudolfo Wolf, o seu comentário está do melhor,com diz o amigo Armando Coelho, mas há uma coisa em que não escreveria como você fez.
Diz que Salazar foi um bom político e explica porquê e neste aspecto mais uma vez estou de acordo consigo. Mas eu não lhe chamaria um bom político, antes diria um político astuto, matreiro e eficaz no sentido de agarrar, exercer e manter o poder. Pessoalmente gostaria mais de reservar o adjectivo de bom político para aqueles que governam bem, isto é, são capazes de porem em práticas boas políticas para a maioria da população. Não concorda comigo?
Uma boa Páscoa, meu caro Sdenhor.

00:31  
Blogger ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS said...

Em democracia vale tudo!
Vale o que vale, vale o que se diz e a forma como se diz.
Pena é que se perca a memória, que se perca as recordações do que foi o Estado Novo.Graças ao tempo pós 25 de Abril, não fui à Guerra, não fui preso nas masmorras da PIDE e até posso escrever livremente em Boggs como este.Por isto... por tudo isto, não voto em Salazar, nem em Sócrates (nunca mais!), porque o voto deve ser um voto na liberdade, que é o oposto à Ditadura.
Há pouco tempo noutro Blog (outro espaço de Liberdade)perguntei sobre o "Povo Unido que Jamais será vencido". Parece que o Povo Unido foi vencido o que é pena. Sem revivalismos ou saudosismos partidários, estou à espera da (re)evolução, que faça o (re)nascimento de numa Democracia falida.

Luís Mourinha (M.F.I.)
Movimento da Forças Interrogativas

13:45  
Blogger Crystalzinho said...

Após o fim do concurso, fiquei a fazer as mesmas interrogações. Tentei perceber o que levou àqueles resultados e acredito que os mesmos, não sendo cientificamente exactos, representem os telefonemas efectuados pelos portugueses e não tenham sido forjados.
Eu defendia a eleição de Aristides de Sousa Mendes, acima de tudo porque acredito ser dever do estado português retratar a imagem de um grande português, por nós muito maltratado.
Julgo que Salazar ganhou porque o reconhecemos como um homem honesto. Esta é uma característica que cada vez vemos menos nos nossos Governantes e isso faz-nos lembrar o único que conhecemos como honesto.
Salazar teve muitos defeitos, o maior deles foi a falta de liberdade que impôs ao seu povo. Ninguém pode ser feliz sem ser livre. Mas também teve qualidades, muitas deles deixam-nos saudades. Governou este país com mão de ferro, conseguindo criar estabilidade na altura em que tanto necessitavamos dela. Conseguiu criar riqueza para o país se bem que não a soube aplicar em prole do desenvolvimento.
Não deixou de ser uma figura importante da nossa história e dela nunca deixará de fazer parte.
Não concordo com a sua eleição mas também não fico chocada ou estupefacta com ela... e também eu sinto muita falta da sua honestidade.
Seguiria um político que me mostrasse que não se servia do cargo para o seu enriquecimento pessoal! Não se esqueçam que Salazar morreu sem qualquer tipo de fortuna.

Uma Páscoa feliz para todos
Bjs

20:21  
Anonymous Anónimo said...

O Movimento das Forças Interrogativas é Fixe. Eu já aderi. O MFI poderá muito bem representar todos aqueles que não se revêm na partidocracia actual. E tu já aderiste ao MFI?

21:10  
Anonymous Anónimo said...

É claro que o MFI também não se revê no Partido do Salazar, nem de quem o apoiar. E estes poderão muito bem ser dois dos princípios do Manifesto a haver do FMI:

1-O MFI poderá muito bem representar todos aqueles que não se revêm na partidocracia actual.

2-o MFI também não se revê no Partido do Salazar, nem de quem o apoiar.

Vocês não acham?

Carlos Alves (M.F.I.)
O Movimento das Forças Interrogativas é Fixe!

21:22  
Anonymous Anónimo said...

Vamos para a frente com o M.F.I.

Por um país que se questione!
Por um país que não aceita dogmas, que aceita o contraditório e defende o direito à palavra em forma de pergunta.

A pergunta é o motor da História, a porta aberta para a liberdade. Quem pergunta deseja saber!
Quem pergunta é livre.

M.F.I SEMPRE!!!

Dialógico

23:19  
Blogger CIDE said...

Crystalzinho,

não precisamos do exemplo de honestidade de Salazar. Muitos seriam os exemplos de honestidade, que poderiamos eleger como Bons Portugueses. Na política é difícil encontrar, porque na política reina a lógica da "circuntância" e da retórica(que muda consoante a verdade do momento). mas muitos e muitos seriam os modelos de verdade e de verticalidade.
Mesmo asim, reconheço a honestidade e a coerência de Salazar, que se manteve fiel aos seus princípios. Na verdade nunca deixou de perseguir os opositores ao regime; nunca abdicou da Guera colonial, nunca abandonou a política do País rico, povo pobre. O país tinha ouro, não tinha defice, mas tinha gente pobre e amordaçada.

Essas são verdadeiras provas da honestidade e da coerência de Salazar!

Em vez de enaltecer as supostas qualidades de Salazar, é bem melhor pensarmos em consolidar a nossa Democracia, que está a perder o folego e a dissipar-se, em traumas e saudosismos perigosos.

E já agora uma pergunta: de que me serve a honestidade, se não tenho liberdade? E a Humanidade? E o respeito pelo outro? Direitos humanos?
Não será a Liberdade, o valor dos valores? Se há excessos de liberdade, porque não ensinar às pessoas que liberdade se exerce com responsabilidade?

Também estou com o M.F.I.
Viva o M.F.I!!!
(Devemos perguntar, muito antes de afirmar!)

Luís Mourinha

23:34  
Anonymous Anónimo said...

...QUE SE LIXE O SALAZAR, VIVA O MFI!

Já somos quatro. Quem vem mais?

14:04  
Blogger jm said...

É por estas e por outras que eu tenho reduzido o tempo que passo frente à TV.
Não vi o programa. Actualmente posso escolher variadas formas de entertenimento que evitam essas lavagens cerebrais.

Estou com o MFI.

Boa Páscoa

20:26  
Blogger Crystalzinho said...

Luís
Como deves ter percebido defendo, tal como tu, que a liberdade é um dos maiores bens de um povo.
Se bem que ponho as minhas reticências ao facto de, hoje em dia, vivermos num estado de liberdade plena. É claro que temos, aparentemente, maior liberdade, mas será certo que podemos criticar sem sofrermos consequências?
De qualquer forma, não defendo o Salazarismo, muito menos o seu regresso, mas gostaria muito de ver um político com honestidade à frente dos nossos destinos.
Eu também adiro ao MFI.
Boa Páscoa
Bjs

21:24  
Anonymous Anónimo said...

Estou plenamente de acordo consigo e direi que tem toda a razão Sr. Ferando, de facto, devemos reservar o título de bom político para outras pessoas e creio que nos comentários anteriores isso ficou bem patente. Até por termos justamente que questionar a dimensão em que poderemos considerar Salazar um político honesto -se bem que, tal como a Cristalzinho escreve, isso acontece por comparação com a rapaziada que actualmente nos (des)governa- coisa que até pode não ser assim tão linear. Ora esta operação é relevante para a defesa da democracia que, apesar de todas as suas fraquezas e, entre nós, deficiências, continua a ser o melhor dos regimes.
Um abraço Sr. Fernando e muito obrigada pelas suas palavras.

22:31  
Anonymous Anónimo said...

Retribuo o agradecimento, agora pelas suas palavras, Sr Wolf.

Aproveito para perguntar o que é o Movimento das Forças Interrogativas. É a primeira vez que estou a ouvir falar em tal organização.

23:48  
Anonymous Anónimo said...

O que tudo isto prova é que para o bem e para o mal, Salazar foi a personagem mais influente no Portugal do século vinte.

00:50  
Anonymous Anónimo said...

Vou pedir desculpas antecipadas aos moderadores do Largo da Graça, mas terei de responder ao Sr. Fernando Caiado. Reconhecer também que esta súbita aparição aqui do Movimento das Forças Interrogativas desvia um pouco a atenção do tema em debate e, por isso, mais desculpas ainda. Mas terá o tema proposto a virtude, entre muitas virtudes, o permitir largar as amarras da imaginação e soltar o debate para campos igualmente férteis como o que nos foi proposto.

Arrumado que está o Preâmbulo passemos a matéria de facto:
Não sou eu o criador do MFI, mas acho que poderei adiantar alguma coisa. Se estiver errado, decerto, logo me corrigirão. O MFI é uma excelente ideia que pertencerá a quem a agarrar. Surgiu por acaso e só por acaso se desenvolverá. Não tem estatutos, não tem direcção, mas tem um Manifesto a haver que se elaborará, se houver razões para isso. É natuarlmente também pertença de nós todos aqui no Largo da Graça. Tudo o mais é pura brincadeira, e da melhor.

09:52  
Anonymous Anónimo said...

Não se trata de brincadeira! Quanto muito é uma brincadeira séria, como tudo na vida que vale a pena: surge de uma ideia, de uma interrogação filosófica necessãria e permanente.
É um Movimento (re)surgido da necessidade de questionar o Statu Quo, que nos preocupa.
Não tem dono, é de todos nós.
Não tem Estatutos (ainda!), mas vai ter em breve.
Não teve um nascimento "de papel" ou institucional, mas "deu-se à luz" num parto virtual, ali mesmo (perto de nós)no Blog "Estórias de Alhos Vedros".

M.F.I. SEMPRE!
Movimento da Forças Interrogativas

Quem pergunta sempre alcança (esclarece)!
Interrogativos de todo o Mundo uni-vos!
Perguntar é o oposto de dogmatizar!
Quem pergunta está mais perto da Liberdade!

Luís Mourinha

13:42  
Blogger ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS said...

Com as devidas desculpas aos moderadores do "Largo", deixo aqui uma ideia, que até já tinha sido sugerida pelo grande Luís Fosch:

Sobre o M.F.I. e esta "onda Bloguista mundial", que, quanto a mim, é a maior expressão de liberdade nos nossos tempos no Sec.XXI, ou seja, penso que estes espaços vituais, que as TIC permitem, são a saída (porta aberta) para a liberdade de expressão.... e sobre isso e a propósito deste Movimento, pergunto: porque não marcar um encontro de Bloguistas que desejem questionar? Quantos somos?
Por aqui (desculpem o português!)já SOMOS UM:

Luís Mourinha

13:55  
Blogger Hainnish said...

A propósito do “melhor português” e dos outros temas que por aí têm surgido, desde o MFI aos bloguistas mundiais, pergunto-me: se o senhor “melhor português” não tivesse caído da cadeira, se não tivesse havido um 25 de Abril, se ainda hoje tivéssemos um antigo regime... poderíamos estar aqui a ter estes debates, poderia a blogosfera, tal como a conhecemos, ter crescido e evoluído em Portugal? Ou teríamos uma Pide informática, à cata do bloguista da oposição, torturando cada bloguista para conhecer a identidade dos amigos bloguistas “subversivos”, etc, etc...
Cumprimentos a todos.

14:58  
Anonymous Anónimo said...

Hainnish,
quem pergunta assim não é gago.
Ora ai está o poder de um bom par de interrogações.
Excelente!

Só cá faltava a PIDE informática!
M.F.I. SEMPRE!

Luís Mourinha

20:49  
Anonymous Anónimo said...

Salazar
ainda dá que falar.

23:11  
Anonymous Anónimo said...

Bom dia a todos.
Li com atenção os comentários anteriores e creio que há um pormenor que ainda ninguém destacou e que me parece da máxima importância e que tem a ver com o facto de aqui muitas pessoas terem admitido Salazar com um político sério e honesto.
Comecemos pelo fim, isto é, pelo adjectivo honesto.
Ao que tudo indica, se nos quisermos limitar ao facto de o homem nunca ter acumulado riquezas indevidas pelo exercício do poder, então poderemos considerá-lo honesto, pois que se saiba, jamais terá recebido qualquer comissão ou as luvazinhas por este ou aquele negócio. Mas o que eu me pergunto é se a honestidade da pessoa se resume ao uso dos dinheiros e aí não será precisa muita informação para se ver que Salazar tinha limites para a mesma e aqueles começavam logo naquilo que podia atrapalhar a sua estabilidade no poder e a autoridade que tinha. Será que o ditador não teve conhecimento daquilo que se passou com a prostituição infantil para certas grandes figuras do regime? Claro que teve e abafou o escândalo precisamente pelo uso da repressão e da censura. Para lá da hipocrisia do homem, será que um político que assim age poderá ser considerado honesto? Afinal se compararmos com o arraial que agora mesmo se passa em torno de José Sócrates e do pacóvio episódio de uma licenciatura conseguida através de equivalências, a resposta àquela pergunta só pode ser não, Salazar, na verdade, nunca foi um político honesto, antes foi alguém que se rodeou de aparências e por mão de ferro soube fazer com que elas nunca fossem desfeitas. Estaline não fez melhor e Hitler ou Mussolini muitíssimo menos.
Quanto à seriedade como é que se pode falar dela quando hoje é certo que o assassínio do General Humberto Delgado foi cometido com conhecimento do tirano, segundo os interesses deste, muito mais que os do regime que criara. Pessoalmente nunca compreendi como é que com tantos mestrados em História Contemporânea nunca esse acontecimento foi objecto de tese e investigação que trouxesse luz não sobre quem o assassinou que isso está mais ou menos claro, mas sobretudo sobre a responsabilidade de Salazar no caso. Sinceramente, não acredito que o General tivesse sido assassinado sem o conhecimento e o beneplácito, já para não dizer as ordens, do ditador e se alguém assim pode ser considerado um político sério -como, mandando matar os concorrentes?- eu também poderei dizer que fui a primeira mulher no espaço.
Estou a gostar desta conversa, mas parece-me que estes dois aspectos ainda não tinham sido coinvenientemente abordados, antes pelo contrário. Pois bem, é claro que o homem terá tido os seus méritos e a sua governação também, mas não podemos permitir que esses se sobreponham a todo o mal que causa e muito menos que eles sirvam para lhe lavar a memória do crime que foi a ditadura que ele fez abater sobre os portugueses.
Boa semana para todos.

11:28  
Anonymous Anónimo said...

PS
A ideia do MFI parece uma brincadeira mas às vezes é de brincadeiras como esta que nascem coisas muitíssimo sérias. Um círculo de pessoas capazes de fazerem perguntas incómodas seria pertinente, se bem que em termos de ciadadnia exista o MIC que se fundou em torno da candidatura presidencial de Manuel Alegre e que me parece do máximo interesse e importância. Como organizar uma coisa destas, provavelmente não seria muito difícil. Há estruturas informais que conseguem elevada operacionalidade e eficácia.
Mais uma vez cumprimentos para todos

11:38  
Anonymous Anónimo said...

2º. PS
Mas ainda quanto ao MFI temos que ser justos. Afinal não será isso que nós já fazemos aqui?
Já repararam que o Luís nunca intervem a não ser para nos agradecer a presença? Mas olhem que ele tem opiniões e fortes sobre muitos dos assuntos que aqui temos discutido; basta ler o "Diário da Margarida" para o perceber. No entanto, abriu aqui um espaço de conversa, um sítio onde podemos fazer perguntas incómodas e em nada tenta influenciar aquilo que alguém queira dizer. Pois não será isso uma espécie de MFI? Ora bem, assim sendo, pelo menos já temos uma ideia como ponto de partida.
Um resto de um bom dia para todos.

11:46  
Anonymous Anónimo said...

Execelente comentário Patrícia. No alvo.

12:16  
Anonymous Anónimo said...

Bem, pelos vistos o Movimento das Forças Interrogativas está em franco crescimento. Se os coordenadores do Largo da Graça alinharem, no próximo tema em con-versa, poderemos avançar para um qualquer tipo de expressão colectiva (Manifesto?). Já foram avançadas algumas ideias e o produto final pressente-se deveras curioso.
E como palavra de ordem:
"Qual Salazar, por aqui
o povo está com o MFI!"

16:15  
Anonymous Anónimo said...

Tal e qual Patrícia, o comentário não poderia estar melhor e vai directamente àquilo que mais importa questionar, a imagem e honorabilidade de um ditador que afinal conviveu com a violência, o assissíno e até os comportamentos mais imorais e tudo em nome da lógica de manter o poder.
Os melhores cumprimentos

17:20  
Blogger ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS said...

Vamos em frente com o MI.F.I.
A INTERROGAÇÃO é uma arma,
contra o dogmatismo,
contra a tirania e
a favor da verdade,
a favor da democracia e
da Liberdade.

É pelo sonho que caminhamos, diria o Poeta. O M.FI's diriam: é pela interrogação que construimos a cidadania.
A pergunta ajuda a pensar!
A pergunta incomoda os dogmáticos, desorienta os tiranos.

A pergunta certa é meio caminho para a verdade. É o Código postal da Democracia.
Por isso me considero um partidário do M.F.I. Diria um MFISTA de convicção.

P.S. Salalar não tem lugar aqui.

Boa ideia!
Reiniciar aqui o Manifesto deste Movimento Interrogativo.

Luís Mourinha

19:14  
Blogger ESTÓRIAS DE ALHOS VEDROS said...

Grande Luís Fosh e não menos grande Luís Carlos, este Blog está a deixar sementes. É curioso o que um Blog pode trazer e proporcionar, a partir de conversas e reflexões. A próposito de um Debate sobre os "grandes Portugueses" e da escolha de Salazar estamos em vias de criar um Movimento. Espantoso! É espantoso este universo virtual, que permite a troca de ideias e a criação (criatividade).
Este Blog está de parabéns pelo já que conseguiu a nível de participação. Só falta dar asas ao M.FI., como espaço de reflexão sobre as "coisas" públicas, que nos preocupam e que urge questionar. Sem partidos políticos, ideologias fixas ou outro tipo de amarras, devemos caminhar em frente com esta ideia?

Não acham?
Um abraço a todos os Bloguistas Interrogativos.
M.F.I. SEMPRE!
M.FI. PARA SEMPRE!

Luís Mourinha

19:25  
Anonymous Anónimo said...

Nós por aqui estamos, sem dúvida, com o MFI.

MFI Sempre, Fascismo nunca mais!
Condensamos nesta última frase a nossa opinião sobre o que nos é proposto debater.

Estabelecemos até uma relação no blog que vamos organizando entre o o Largo da Graça, o MFI e o "Graceland", poema e música de Paul Simon, que há falta de melhor se propõe que seja o hino provisório do Movimento das Forças Interrogativas.

Para ver e ouvir vá ao endereço que abaixo se refere e clique na palavra de ordem que lhe aparece.

http://ceav.blogspot.com/2007/04/paul-simon-graceland.html

Com votos de muitas e boas interrogações à maneira Socrática,

mais aquele abraço.

08:01  
Anonymous Anónimo said...

E então a Guerra Colonial?
Esqueceram-se foi?

19:21  
Anonymous Anónimo said...

Não quer especificar melhor a pergunta? Por mim tudo pela paz, nada pela guerra.

20:45  
Anonymous Anónimo said...

A guerra colonial que podia ter sido evitada se Salazar tivesse uma visão de futuro para aquilo que então eram as colónias portuguesas a que o regime, nos últimos anos cahamava províncias ultramarinas. Aliás, muito do mall que hoje se vive nos países africanos de expressão portuguesa teria sido evitado se tivesse sido feita uma descolonização a tempo e bem planeada. Com todos os defeitos e erros que possam ter havido, Macau é um exemplo disso. Mas Salazar nunca quis negociar com ninguém e na Guiné até tinha do outro lado Amilcar Cabral que sempre se mostrou disponível para dialogar e negociar a independência que poderia ter acontecido depois de um período de transição em que se assegurasse o respeito pelos interesses dos colonos portugueses e se formasse uma élite local capaz de assegurar o governo após a independência, bem como um corpo de funcionários que garantisse o funcionamento das instituições do estado. Mas esta foi uma perspectiva que Salazar nunca teve e com a sua política de manter uma situação que só poderia ser mantida pela força militar, acabou por nos fazer passar por treze anos de guerra que acabaram da maneira que se sabe. Depois fez-se uma descolonização apressada e mal planeada que teve os resultados e as implicações conhecidas de todos.
Esse foi outro erro político que retira ao homem o título de bom governante e ainda mais contribui para o afastar do lugar de melhor português.

21:41  
Anonymous Anónimo said...

Dizer que Salazar foi bom Governante só pode ser admissível por comparação com as sofríveis políticas destes 30 anos de Democracia. Sobretudo, no que isso significa de mau funcionamento da justiça, da educação, da segurança, do ordenamento catastrófico do território urbano, etc., porque da constante crise económica em que andamos submergidos faz muitos anos, isso já lhes damos de barato.

Dizer que foi o melhor português de sempre, sabendo nós tratar-se de um velho,cinzento, decrépito, tirano, fascista, líder de um regime autoritário, opressor, sem permitir a liberdade de expressão, de reunião, onde imperava o lápis azul da censura, rodeado por uma polícia política feroz capaz das técnicas de tortura mais inadmissíveis, responsável por uma guerra colonial sem sustentação histórica, que ia destruindo vidas atrás de vidas, no corpo e na alma, e muitos etcetras porque agora não há tempo para mais.

Enfim, dizer que Salazar foi o melhor Português de sempre só é possível num povo inculto,pouco esclarecido, com enorme défice de compreensão da nossa História, que troca o acessório pelo fundamental, num concurso promovido por uma televisão mentecapta que vai servindo telenovelas e futebol nos horário nobre, de maior audiência como eles gostam de referir.

E depois queriam o quê?

O SALAZAR QUE SE LIXE, O MOVIMENTO DAS FORÇAS INTERROGATIVAS É FIXE!

09:43  
Blogger no largo da graça said...

Viva Carlos Alves, vindo de uma casa a que pertenço, no projecto, embora por ela ainda nada tenha feito, até ao momento, mas este espaço acabou por se revelar bem mais absorvente que o imaginado e agora não posso voltar atrás. Mas é com todo o gosto que o recebemos nesta praça de oliveiras onde tem à disposição a sombra que escolher para que volte mais vezes e connosco partilhe os seus pensamentos. O Largo ficará seguramente mais rico.
Tenha muita paz e saúde, tal como todos aqueles a quem quer bem.

Luís F. de A. Gomes

22:30  
Anonymous Anónimo said...

Há ainda uma imensa massa de portugueses que têm um Salazar na alma e é por isso que ele ainda dá tanto que falar e continua a ser ouvido o discurso que faz falta um homem como ele. É esse o algo mais profundo de que se fala no texto e só assim se explica que um homem que teve o poder absoluto durante quase quarenta anos e deixou atrás de si um país pobre e amordaçado, seja hoje recordado como um bom político. As desgraças destes trinta anos não chegam. Apesar de tudo os portugueses vivem melhor e têm liberdade. Há algo mais profundo e isso é o Salazar que muitos trazem dentro deles.
Parabéns pelo debate.

23:49  
Anonymous Anónimo said...

Não acredito que tenha sido um resultado inocente, e estou quem questiona o emprego dos dinheiros publicos em tais programas. Excelente blog, optimas opiniões.
Bom fim de semana a todos

12:25  
Anonymous Anónimo said...

MFI - NOVIDADES

Ao que parece um companheiro nosso decidiu criar t-shirts do MFI (Movimento das Forças interrogativas). As encomendas devem ser feitas não aqui, porque não queremos usurpar mais este espaço, destinado a outros fins, mas sim para o blog com link a partir do assinante deste texto. Claro que é uma excelente prenda para oferecer no dia 25 de Abril.
Esperemos que as t-shirts cheguem para todos.

14:15  
Blogger no largo da graça said...

Viva Carlos Alves!

Quanto ao debate que propõe em torno do MFI, teremos todo o gosto que o mesmo aconteça neste espaço. É claro que estamos perante uma pequena brincadeira, mas do ângulo das eventuais implicações negativas, inócua e, antes pelo contrário, sempre terá o aspecto salutar de se fazer em torno da necessidade e da importância de as pessoas fazerem perguntas sobre as perplexidades que vamos vendo neste Portugal que todos almejamos como uma pátria melhor.
Acontece que o Largo tem uma agenda e os dois próximos temas -que esperamos venham a ter o interesse dos amigos que nos visitam e comentam- estão planeados e preparados, mas a seguir parece muito apropriada a conversa de que fala e, repetimos, será para nós motivo de alegria que ela se faça aqui, aliás, justamente no melhor espírito desta praça de oliveiras, modesta, é certo, mas livre.
Agora temos que solicitar para isso a vossa colaboração e gostaríamos que fossem vocês a elaborarem o mote da discussão. Podemos contar com isso?
O mail do blog é sebsor@iol.pt e para aí podem remeter o post que teremos todo o gosto em publicar. Depois combinaremos a moderação da conversa que, em minha opinião, deverá ser feita por vós e aí poderei eu partiipar como um leitor qualquer.
Vamos a isso?
A melhor saúde, companheiro, com muita paz, na companhia de todos aqueles a quem quer bem.

Luís Foch

15:27  
Blogger no largo da graça said...

Viva Tango, benvindo a esta humilde praça de oliveiras onde esperamos encontre a sua sombra para que volte muitas mais vezes e nos ofereça os seus pertinentes pontos de vista. É o Largo que ganhará em interesse pelo que muito agradeemos a generosidade das suas palavras.
A melhor paz e saúde para si e todos aqueles a quem quer bem.

Luís F. de A. Gomes

01:01  
Blogger CIDE said...

Caro Amigo Luís Gomes,a estória do MFI, já nem precisa de mote, nem de texto para reflexão. O MFI já existe e sempre existiu; não é uma brincadeira e existe desde que começámos a questionar tudo o que existe à nossa volta e que nos merece a mais salutar crítica.
Se o Largo não tiver espaço para Agendar o MFI, nós podemos remeter essse assunto para o Estórias de Alhos Vedros.
Para já já o que nos faz falta é "animar a malta" e saber quantos somos. Quantos são os Interrogativos genuinos, que se querem juntar a nós e gritar bem alto as perguntas inquietantes.
Já temos Tshirt (confirmou o Carlos Alves!); agora só faltam pessoas para as vestirem.
E a primeira pergunta de todas pode ser já esta, aliás, estas: que merda é esta? O Povo não é parvo!? Porque somos usados em nome de uma Democracia meramente política? O que significa democracia? E a participação democrática, o que é e como se pratica? Cidadania? Ser cidadão, o que é? Há uns mais cidadãos que outros? Cidadania, direitos e deveres? Direitos ou privilégios?.......................

Um abraço reflexivo,
Luís Mourinha

01:28  
Blogger ATIREI O PAU AO GATO said...

Então está combinado, companheiro, o mote para a conversa sobre o MFI serão precisamente as perguntas que apresentas, vamos tirar o cheiro, é claro que aqui não fará falta, pois não podemos desperdiçar munições que são necessárias para atirar à cara de quem de direito. Neste sentido, o tema serrá lançado da maneira que se segue:
"Que coisa é esta? O Povo não é parvo!? Porque somos usados em nome de uma Democracia meramente política? O que significa democracia? E a participação democrática, o que é e como se pratica? Cidadania? Ser cidadão, o que é? Há uns mais cidadãos que outros? Cidadania, direitos e deveres? Direitos ou privilégios?"
Aqui, pessoalmente acrescentaria algo que relacionasse a apresentação do tema com o Movimento das Forças Interrogativas, mas isso continuo a deixar ao vosso critério. Se nada mais tiverem a acrescentar para lançar o debate, ficará com aquele mote que me parece bom.
Hoje mesmo apresentaremos a conversa desta quinzena a que se seguirá uma outra relacionada com o momento que então se viverá. Assim sendo, esta conversa terá lugar a oartir de Domingo, treze de Maio o que, como terão oportunidade de ver, fará uma boa sequência com o tema imediatamente anterior.
Quanto à moderação do debate proponho que seja feita pelo Sr. Carlos Alves ou por ti, mas de acordo com as regras da casa, o moderador não participa -escolham qual dos dois não se importa de permanecer na atitude passiva- apenas recebe os novos bloguistas que eventualmente entrem nesta praça de oliveira.
Vamos a isso?
Um abraço
Luís Foch

11:27  
Blogger no largo da graça said...

Resta-nos agradecer a todos os participantes os momentos prazenteiros que leituras tão interessantes nos proporcionaram. Quando algum visitante nos dá os parabens por esta pracinha humilde, mas livre, é sempre a vocês que estará a considerar pois só a vós se deve toda e qualquer inmportânca que possamos aqui encontrar.
Bem-hajam por tudo e desde já os convidamos para que entrem na próxima conversa, expressando os votos para que a mesma mais uma vez seja do vosso agrado.

Luís F. de A. Gomes

17:55  
Blogger CIDE said...

Parece-me muito bem!

Gosto de saber que o "Largo" aceita o desafio e permite o lançamento das primeiras perguntas do MFI. Penso que para além das nossas perguntas, os leitores devem ser convidados a comentar e também a PERGUNTAR (questionar, problematizar)sobre o que considerem importante perguntar.

E assim se poderá lançar o primeiro tijolo e uma nova página da democracia virtual, da qual poderá surgir um novo edificio: a "Casa das Perguntas".

É PELAS PERGUNTAS QUE VAMOS!
AS INTERROGAÇÕES ABREM CAMINHO!
PERGUNTAR É A ATITUDE DE QUEM DESEJA A LIBERDADE E A VERDADE.

MFI SEMPRE!

Dialógico

19:47  
Blogger CIDE said...

ACHTUNG!

O MFI já tem um Manifesto!
Está publicado no Blog "Estórias de Alhos Vedros".

http://estoriasdeoutrosvelhos.blogspot.com/

Luís Mourinha

21:13  
Blogger no largo da graça said...

É a perguntar que a gente aprende e inquieta. É do perguntar que nasce o futuro.
Quanto à forma como a conversa deve ser conduzida, aí o "Largo..." não terá a menor responsabilidade. Como espaço de liberdade que é, esta modesta praça de oliveiras, aceita com toda alegria receber a troca de opiniões que a esse respeito possa vir a haver. No entanto, achamos que será ao MFI que nagturalmente compete conduzir as operações e efetuar as escolhas relativas às mesmas. O que vocês fizerem, para nós, será seguramente bem vindo. Sem perguntas, jamais haverá espaço para uma democracia e muito menos para uma sociedade democrática e a democracia, a sociedade democrática, a civilização democrática consolida-se nestas pequenas coisas como aparentemente são propostas como a vossa que, independentemente da aceitação e expressão numérica que tenham, são sempre a afirmação da pluralidade e de outros pontos de vista que não se limitam a reproduzir os estigmas do pensamento único dominante para que a lógica da sociedade de consumo por vezes nos empurra. A melhor amiga da liberdade é a democracia e esta não tem sentido sem a pluralidade e a possibilidade de discursos divergentes e marginais fazerem ouvir a sua voz. "No Largo da Graça" é uma praça de oliveiras e como tal tem por abençoada a liberdade e parte do princípio da máxima fresponsabilização individual que a mesma implica e nessa condição sentimo-nos honrados por uma tal iniciativa acontecer neste espaço.
Aquele abraço, companheiro

Luís

21:50  
Blogger CIDE said...

Uma vez que há permissão por parte do "Largo", proponho então que, em data oportuna, se lance um Post designado por "Casa das Perguntas", onde os leitores possam registar as suas interrogações mais inquietantes e pertinentes, aos quais outros poderão responder ou (re)questionar. Deixo esse solene e distinto desígnio ao Grande Interrogativo Carlos Alves. para lançar a primeira "inquetação" em forma de questão.
Poderiamos fazê-lo no "Estórias de Alhos Vedros" (porque a ideia nasceu por lá), mas esse espaço tem outros propósitos (já conhecidos)e que têm a ver com Estórias vividas nessa bela localidade.
Obrigado!

MFI SEMPRE!

SAUDAÇÕES INTERROGATIVAS!

Dialógico

23:19  
Blogger CIDE said...

(Em Continuação)

Seria a "Casa das Perguntas" o Porto de Abrigo do MFI, para onde se poderiam enviar as interrogações mais pertinentes.

(Luís e Carlos, que vos parece?)

MFI É UM ESPAÇO VIRTUAL,
COM SENTIDO DEMOCRÁTICO E REAL!

MFI SEMPRE!

Dialógico

23:25  
Blogger ATIREI O PAU AO GATO said...

Parece-me bem mas seria apenas o primeiro porto de abrigo, pois daí deverá sair para outro, mais apropriado e que poderá muito bem ser um sítio que da discussão se decida criar neste espaço virtual e não terá necessariamente que se limitar ao formato de um blog. Quem sabe?
Para já, o Movimento está em movimento e podemos fazer com que não pare.
Luís Foch

23:50  
Blogger CIDE said...

MFI sempre!
MFI nasceu para não parar!

08:33  

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