2007-06-10

LEGALIZAÇÃO E LIBERALIZAÇÃO DA PROSTITUIÇÃO

A prostituição em Portugal está a aumentar.

São cada vez em maior número as estudantes universitárias que recorrem à prostituição, como meio de aumentarem os seus proventos e assim poderem ter acesso a roupa de marcas e poderem ir mais vezes a discotecas.
É uma bola de neve. Cada uma que entra neste mundo, fala com as amigas, que falam com as amigas, que falam, ainda, com mais amigas, e não tem fim o ciclo.
Por outro lado, cada vez vêm mais raparigas do estrangeiro, Brasil e países de leste, para bares de alterne.

A prostituição em Portugal está despenalizada, ou seja, a prostituta pode exercer a sua profissão, que não é crime, mas não existe perante a lei, nem perante a Segurança Social. Não tem nenhum direito, nem nenhum dever. Para mim, é o máximo da hipocrisia da sociedade.
O proxenetismo é o único criminalizado.

A liberalização, feita por si só, liberaliza também todas as casas que negoceiam em sexo, sem garantir a segurança das prostitutas.
A legalização da prostituição, pretende garantir, às prostitutas, os mesmos direitos e deveres que têm todos os cidadãos: direitos ao trabalho, à Segurança Social, à saúde e o pagamento de impostos. Alem disso pretende, também, acabar com o tráfico de mulheres e combater a exploração de menores e de mulheres estrangeiras.

No entanto, este é um assunto altamente polémico na sociedade portuguesa e em quase todos os países da Europa.
Sílvia Cuerdas, por exemplo, do Partido Feminista Espanhol, diz que legalizar a prostituição é o mesmo que legalizar o abuso sexual. Diz que não tem sentido, tentar eliminar o assédio sexual e a violência doméstica e por outro lado legalizar uma prática em que tudo isso acontece.

O país mais avançado neste domínio é a Suécia, com uma lei que foi considerada polémica, mas que está a ser um enorme sucesso.
A Suécia liberalizou e legalizou a prostituição, mas criminalizou o cliente.
A par desta lei, foram constituídos fundos na Segurança Social, para ajudar toda e qualquer prostituta que quisesse sair dessa vida. 30% das prostitutas suecas, aproveitaram esta ajuda da Segurança Social.
A Prostituição, num espaço de cinco anos, decresceu 60% e os clientes 80%.
Os países vizinhos, Finlândia, Noruega e também a Escócia e a Rússia, estão a estudar a maneira de também adoptarem estas medidas.

Defendo que se devia começar, mais cedo do que tarde, por legalizar a prostituição, para depois se poder caminhar para um modelo parecido com o Sueco.
O proxenetismo deverá ser sempre criminalizado.

Está de acordo com a liberalização da prostituição em Portugal?
E com a legalização?
Em que moldes propõe que se faça a liberalização e, ou, a legalização da prostituição?
O que pensa da lei Sueca? O que pensa dos seus resultados?
Se não está de acordo nem com a liberalização, nem com a legalização, que propõe que se faça?

Agradeço todas as vossas respostas, como uma maneira de pensarmos juntos, sobre este assunto.

114 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O tema é forte e difícil. Nunca pensei no assunto, pelo menos desta maneira.
Fico na expectativa do que os outros comentadores vão dizer.
Para já, digo que veria com bons olhos a descriminalização da prostituta, mas provavelmente isso até já está consagrado na lei. Contudo, não sei se seria capaz de propor assim sem mais nem menos a sua legalização. Receio que isso contribuisse para a lavagem de actividades criminosas como o tráfico de mulheres e a escravatura para fins de exploração sexual.
Seja como for, fico à espera do que os outros terão para dizer sobre isto.
Uma boa semana de trabalho para todos.

22:26  
Anonymous Anónimo said...

A ideia parece-me plausível e de facto contribuiria a todos os níveis para melhorar as condições do exercício de uma prática de risco. Haveria mais segurança para as mulheres e maior possibilidade de controlo sanitário para todos.
As preocupações que o Fernando manifesta são de ter em conta, mas eu ainda não pensei no assunto.
Espero que esta conversa contribua para me fazer pensar sobre isso e para esclarecer e precisar as minhas ideias a esse respeito.

23:32  
Anonymous Anónimo said...

A Marta revela muita coragem no modo como coloca o tema e eu concordo com ela.
Temos que encarar de frente um problema que deixado como está só tem contribuido para alimentar redes criminosas. A prostituição existe e pratica-se e no actual estado de coisas quem mais ganha com ela são os donos dos bares de alterne e os chulos. Actualmente, qualquer tentativa de emancipação no negócio está à partida destinada a ser impedida precisamente por aquelas figuras. Legal e com protecção das autoridades, os proventos da actividade poderiam beneficiar mais directamente quem a exerce.

23:51  
Anonymous Anónimo said...

Olá Fernando

A prostituição, como está dito em cima, já está despenalizada, ou descriminalizada. Para um jurista as palavras devem ter conceitos diferentes, para mim são iguais.
O certo é que não é crime ser-se prostituta.
O tráfico de mulheres e a escravatura para fins sexuais, já existe.
Teoricamente, quanto mais ilegal fôr, maior a hipótese de se não descobrir esse tipo de actividades.

Uma boa semana para ti.

00:39  
Anonymous Anónimo said...

Olá Cidadão atento

Vejo as coisa como tu.
Mas é bom termos a noção que, as estudantes universitárias por exemplo, estão por conta própria e sem chulos, no negócio.


Tudo de bom para ti.

00:42  
Blogger Fatyly said...

Gostei como expões este problema bem grave.

Modelo sueco:
Sou totalmente a favor da liberalização e legalização da prostituição, que a meu ver,(retiro toxicodependentes e doentes mentais) será sempre uma "opção de vida" e "nunca um flagelo" mas na realidade do nosso país, correr-se-ia o risco de não haver a tal ajuda da Segurança Social e o aparecimento de outro negócio paralelo privado e ineficaz num aproveitamento de muitos (tal como na recuperação dos toxicodependentes).
Assim sendo e já com as referidas medidas tomadas
sou contra a criminalização do cliente, porque como autónomas seria uma intromissão estatal desajustada num negócio de adultos onde teriam liberdade de escolha.

Quando se aborda este tema, fala-se sempre das "coitadinhas" que quando partem dos seus países (salvo raras excepções) sabem para o que vêm e de aquelas que por cá sempre fizeram disso um modo de vida o até das que querem andar na moda e discotecas, porque quer queiram ou não é muito mais rentável do que lavarem escadas, passarem a ferro, etc, etc.
Mas o que me espanta ainda mais é que quer em estatísticas, relatórios, debates, nunca se fala da prostituição de alto luxo praticadas ou negociadas por "madames", normalmente em grandes hotéis e não só, e sem terem ninguém "à perna" por darem menos nas vistas... sendo isto um dos vários "elefantes brancos" .

Cada um é dono do seu corpo e liberalizando/legalizando poderiam ter menos problemas de saúde, pagarem os seus impostos, não dependerem de quem lhes fica com tudo e assim seria uma "profissão" como outra qualquer, com os riscos dela inerentes.

10:14  
Blogger Fatyly said...

errata: (...)correr-se-ia o risco de não havendo a tal ajuda da Segurança Social, aparecer outro negócio paralelo privado(...)

Desculpem!

10:22  
Blogger asdrubal tudo bem said...

Não acredito que seja bem assim essa conversa de serem estudantes universitárias e recém licenciadas, cheira-me a conversa da tanga. Quanto à legalização parece-me bem desde que acompanhada de outras medidas como por exemplo os tais icentivos para quem quiser laragar essa vida , a obrigatoriedade de serem vistas por um médico e se sujeitarem a análises com grande regularidade, condições de higiéne nos sitios onde praticam e penalisar fortemente aquelas que andam na rua.

12:44  
Anonymous Anónimo said...

Tudo muito bem nos argumentos que aqui são colocados a favor da liberalização e da legalização da prostituição.
O problema é como é que se irá enquadrar toda uma série de gente que hoje em dia vive à custa da desgraça alheia e que manifestamente tem contribuido para o aumento da criminalidade mais perigosa que poderemos imaginar, pois estamos a falar de mafias altamente organizadas e violentas que têm associado ao controlo da prostituição, o tráfico de mulheres e de droga e de tudo quanto seja negócio ilícito? Como é, vamos promover essa gente ao estatuto de empresários responsáveis?

13:06  
Anonymous Anónimo said...

E tais trabalhadoras também têm direito ao subsídio de desemprego?
E em tal situação, se foram chamadas, terãs que aceitar qualquer outra actividade para continuarem a receber aquele subsídio? E uma qualquer mulher desempregada, será que pode ser chamada para trabalhar numa casa de passe, obviamente como vendedora de sexo?

13:38  
Blogger Rosarinho said...

Marta, tal como pediste cá estou eu para te bater :)))
Para começar, o proxeneta não é o cliente da prostituta, é "mal acomparado", o agente. Não faz sentido legalizar uma actividade económica e não deixar que ela tenha "clientes". Mas era um exercício de retórica giro.
Segundo, acho que todos os países já legalizaram a prostituição, através do casamento moralista burguês. É uma pena essa tradição estar-se a perder em Portugal porque também era o máximo ver as mocinhas de boas famílias todas a guardar a virgindade para vender ao melhor partido. Até lá, só anal e oral!
Isto já nada é o que era ... :(

13:40  
Blogger António Conceição said...

Não tenho tempo para comentar muito agora. Serei breve e tentarei voltar ao tema mais tarde.
Serei breve.
A lei sueca é completamente disparatada. Não lembra ao careca semelhante dislate. Era como legalizar o tráfico de cocaína e punir o consumo.

A verdade é que o discurso sobre a prostituição está contaminado de absurdos moralismos.

Dizer "que não tem sentido tentar eliminar o assédio sexual e a violência doméstica e por outro lado legalizar uma prática em que tudo isso acontece" é a mais rematada tonteria que alguém pode dizer. É de quem não percebe absolutamente nada do assunto.

Basta ler um manual básico de análise económica do direito (em tempos, o clássico era o do Posner), para perceber que é precisamente porque se quer eliminar o assédio sexual e a violência doméstica, que a prostituição deve, sem mais, ser legalizada.
Acabem com a prostituição e verão imediatamente subir exponencialmente o número de violações e de actos de violência (e não só doméstica). A vida em zonas portuárias ou perímetros militares tornar-se-á, para as mulheres, um risco intolerável.
Não perceber isto é não perceber nada da natureza humana e, em particular, da natureza masculina.

O que importa, tudo o que importa, é garantir que a mulher que decide dedicar-se à prostituição o faça com um mínimo de dignidade e sem ser explorada por ninguém.
É tudo.
Dir-me-ão que há uma contradição nos termos ao falar-se no exercício digno da prostituição, que isso é impossível e que ninguém se dedica por gosto à prostituição.
Bem, nesse caso, a possibilidade de diálogo tem aqui que ser suspensa.
Para a retomar, tenho que introduzir uma pergunta:
Alguém anda a limpar retretes públicas por gosto? Ofenderá a dignidade de uma mulher ter como profissão limpadora de retretes e por função o encargo de limpar as sanitas dos homens do "C.C. Colombo" ou "Vasco da Gama"? Deve a limpeza de retretes públicas ser permitida e criminalizado o seu uso?
O comum horror à prostituição assenta num preconceito de natureza moral-sexual, inteiramente legítimo, mas que eu não partilho.
É duvidoso que o diálogo com um subscritor desse preconceito seja possível.

15:52  
Anonymous Anónimo said...

Olá a todos

Não sou formada neste assunto, por isso haverá respostas que talvez não consiga responder.
Penso, que perguntas só para o ar não ajuda o debate, porque haverá pormenores que pertencerão ao estado e a juristas, que também não sou.
Não vale o argumento que cá não se fará, ou que não haverá dinheiro ou coisa parecida.
A tentativa é o que se deveria ou não fazer em Portugal, com ou sem dinheiro. O que se deveria exigir que se fizesse.

Posto isto:

Negócios privados e paralelos, já existem Fatyly.
Liberalizando, também se liberalisam as casas de passe, que é um negócio privado.
Para esta discussão, não me pareceu fundamental, falar das "putas finas".

Asdrubal:
Já num post que fiz há uns meses atrás sobre as universitárias disseste o mesmo.
Tenho muita pena, meu amigo, mas esta é a pura das verdades.
E só trouxe, outra vez, este assunto, porque me impressiona particularmente, não por questão moral, mas porque sei que não se assumem como tal e que fazem vidas duplas, paralelas sem pais nem namorados saberem.
Queres descriminar as mais pobres, mais infelizes, visto que são essas que andam na rua?
Porquê? Qual é o sentido?


Armando Coelho

Legalisando a prostituição, as mulheres passam a poder contar com a polícia, com a segurança social, a poderem queixar-se, nyuma palavra, passam a ter maior protecção contra as máfias.
Mas olha que em Portugal o tráfico de mulheres é pouquíssimo.
Como em todo o lado, não se pode pensar que tudo passará a ser perfeito. Haverá bom e mau.
Os donos de bares de alterne, já são empresários responsáveis.


ABC

claro que se as prostitutas pagarem impostos, terão, evidentemente, direito ao fundo de desemprego.
Não sei se sabe, que os trabalhadores que são empresários em nome individual, ou profissinais liberais, não têm direito ao fundo de desemprego.
Adorei as outras perguntas. Aprecio sempre o sentido de humor.


Rosarinho

Não sei, como do texto, tiraste a conclusão que proxeneta e cliente poderiam ser a mesma coisa.
Na Suécia, inicialmente, também se dizia que não tinha sentido.
O facto é que a lei tem já oito anos, e é o único país da Europa que baixou drasticamente a prostituição, além de conter a entrada de mais prostitutas.
Mas sabes, a Suécia é o país mais avançado do Mundo, nos direitos da mulher. Dá cartas a todos.
O que dizes do casamento...dava para outro debate e sim, também estou de acordo, não em tudo, mas na maiot parte das coisas.


Beijinhos a todos.

15:59  
Anonymous Anónimo said...

Olá Funes


Não estou nada, mesmo nada de acordo com Sílvia Cuerdas, mas achei por bem trazer uma opinião diferente da minha e ainda por cima duma Feminista.
Ninguém, nem mesmo a Suécia, penso, quer acabar com a prostituição.
E como sou eu que estou a defender o texto, devo desde já dizer que não tenho nenhum, nenhum preconceito contra a prostituição, e muito menos moral.
De todos os modos, Funes, a lei Sueca tem oito anos.
Não a quero importar, pelo menos sem mais; mas gostava que as prostitutas que qizessem sair da profissão o pudessem fazer. E há bastantes que o querem fazer, quanto mais não seja pela idade.
A Suécia conseguiu controlar o tráfico de mulheres.
Enquanto na Dinamarca entram 16.ooo a 17.ooo mulheres por ano para a prostituição, na Suécia entram, por ano, 300 a 4oo.
Estes números é que são signativos.

Ficamos todos à sua espera.

Beijinhos

16:20  
Anonymous Anónimo said...

Menina Marta, a seu pedido, aqui estou :-)
É uma situação complexa... Por um lado, concordo com o Asdrubal: apoio a legalização DESDE QUE acompanhada de outras medidas (tais como as que o Asdrubal refer). Por outro lado, também há muita prostituta que não quer sair dessa vida, refiro-me às de luxo, que não querem trabalhar das 9 às 17 e ganhar 750 euros por mês... como alguns licenciados que eu conheço!

16:24  
Blogger Didas said...

Olá Marta!
Em primeiro lugar, quem é que deu ordem à parva da empregada lá da padaria para vir aqui abandalhar? Eu não fui!
Já andei aqui a ler as participações da clientela e tenho a dizer que gostei muito da intervenção do Funes. Admitir que os homens são, por natureza, uns animais que dificilmente se controlam, é de homem, porra!
Mas não é só nisso que eu concordo com ele, claro. É verdade que a nossa relutância a admitir que vender o corpo a fazer sexo é tão digno como vendê-lo a lavar retretes tem a ver com a nossa carola formatada por 2000 anos de cultura cristã mesmo sem a gente querer. Nada a fazer. Ainda que eu consiga ver, sem problema nenhum, que quem quiser praticar a prostituição por vontade própria deva ser livre de o fazer; ainda que eu admita sem problema nenhum que legalizar a actividade ajudaria a resolver éne problemas geralmente a ela associados... não consigo achar normal que uma das minhas filhas abraçasse a profissão. É f*dido não é?

17:05  
Anonymous Anónimo said...

Claro que as prostitutas, se e quando legalizadas, terão de ter as leis de "medicina no trabalho", como tem qualquer outro trabalhador que, por exemplo, esteja em contacto com comida e com público.
Tenho uma amiga que vende arte e tem, obrigatoriamente de ir ao médico e fazer análises, parece-me que uma vez por ano.
A questão da frequência na "medicina no trabalho" têm a ver com o perigo que correm os profissionais eos clientes deles.
Não vejo problema nisso.
Claro que há prostitutas que não quererão deixar o seu emprego, por isso mesmo é que a profissão será legalizada.


Beijinhos

17:11  
Blogger António Conceição said...

Minha cara Marta,

1- Eu também gostava de poder ajudar as prostitutas que quisessem sair da profissão. Mas não mais do que as limpadoras de retretes que quisessem sair da profissão. Aliás, estas parecem-me sofrer mais, porque, ao contrário daquelas (que podem sempre recusar-se a manter qualquer actividade com um cliente que lhes repugne) não podem recusar-se a limpar os WCs que lhe mandam.
De um modo geral, era bom poder ajudar as pessoas de qualquer profissão que não gostam daquilo que fazem. Mas é capaz de ser um bocado irrealista.

2- Os resultados que me apresenta sobre a comparação entre o que se passa na Dinamarca e na Suécia têm que ser bem analisados. Não sei em que medida a difrença entre os dois países é atribuível à lei, ou só à lei.
Basta pensar, p. ex. que a Suécia só faz fronteira com países cultural e socialmente muito desenvolvidos, como a Noruega, a Finlândia e a própria Dinamarca, enquanto esta faz fronteira com a Alemanha, um país bastante mais desequilibrado e procurado por candidatas a prostitutas. É natural que epla fronteira da Alemanha entrem muito mais prostitutas na Dinamarca do que pelas fronteiras da Noruega entrem Suécia. Deste ponto de vista, será mais interessante comparar a Dinamarca com a Finlândia, com uma extensa fronteira com a Rússia, outro país potencialmente exportador ou passador de prostitutas.

3- Uma coisa me parece mais ou menos clara: a proibição e semi-clandestinidade da prostituição (como acontece entre nós) favorece o tráfico de mulheres e a escravidão pela prostituição, justamente aquilo que, acima de tudo, importa combater.

17:15  
Anonymous Anónimo said...

Concordo que a prostituição sempre existirá mas daí até a legalizarmos vai um grande passo.
As prostitutas sabem no que se metem e por isso só têm que assumir todas as consequências dos riscos que correm por decidirem fazer disso uma forma de ganhar a vida.
A prostituição é moralmente condenável e o facto de ser ilegal é a melhor forma que a sociedade tem de continuar a dizer que assim é.
O crime associado à prostituição é como o crime em geral e provavelmente também esse sempre existirá enquanto houver homens à face da terra.

18:40  
Anonymous Anónimo said...

Temos que continuar sempre a combater esse mesmo crime.

PS
Faltou isto no meu comentário para ficar completo. O meu pedido de desculpa por isso.

18:42  
Anonymous Anónimo said...

Lindo Funes, que voltou tão depressa

1- A questão, Funes, é que está a comparar uma profissão que já tem todos os direitos sociais, com outra que ainda não tem nenhuns.
A quando da legalização, ajudar as prostitutas a sair da profissão, é dar-lhes a hipótese de reforma.

2- Comparar a Dinamarca com a Finlêndia, para este caso não serve de grande coisa, visto eu estar-me a basear na lei que existe na Suécia.
Os países vizinhos estam a estudar a hipótese de adaptar leis parecidas, porque têm apanhado com muitos clientes idos da Suécia.
O problema poderá vir a ser esse.
O que farão os clientes, se os países vizinhos da Suécia, tiverem todos a lei parecida.

3- Quanto a isso estamos, parece-me completamente de acordo.

4- E como se faria a legalização, no seu entender?


beijinhos

18:57  
Blogger peciscas said...

Este é um assunto que não terá uma resposta única e linear.
No essencial, sou pela legalização desta actividade que, afinal, é velha como o mundo. E, assim sendo, não me parece que tenha fim à vista.
Defendo esta posição, até por uma questão de saúde pública...
Será, no entanto, contraditório, não penalizar a prostituta e penalizar o cliente.
Em Amsterdão, no célebre Bairro Vermelho, as prostitutas são consideradas como trabalhadoras, pagam impostos e têm segurança no desempenho dessa actividade.
Aliás, aquelas "montras" em tudo se assemelham às dos centros comerciais.
Entretanto, as discussões em torno dos valores morais que rodeiam estas questões, são também importantes.
Para mim, será sempre um tanto estranho, ver mulheres que vendem o corpo, como se de um mero objecto de prazer se tratasse.

18:59  
Anonymous Anónimo said...

Oi Didas

Também não gostava que um filho meu fosse prostituto.
Mas também não gostava muito que andasse a limpar casas de banho, nem que que fosse futebolista;
daqueles que ganham pouco, como é evidente
:))

Tive de aligeirar.
Tens toda a razão em relação à cultura cristã.
Vê lá a desgraçada da Maria Madalena.

Beijinhos.

19:09  
Anonymous Anónimo said...

Olá Eduardo Ponce de Carvalho

Respeito todas as opiniões e longe de mim ir discutir conceitos morais.
Mas repare, só é crime o proxenetismo. Não há mais nenhum crime envolvido na prostituição.
A prostituição está despenalizada.

E Eduardo, qual é a sua opinião em relação ao que se está a passar com estudantes universitárias.
Porque é bom que se tenha a noção, que não são pessoas que têm necessidades. São raparigas que não querem dar cavaco aos pais, que não lhes chega o dinheiro que eles lhe dão e que ninguém diz que é pouco.


Tudo de bom para si.

19:18  
Anonymous Anónimo said...

Olá Peciscas

Ah, o que gosto de ver os homens a defender os clientes!!
:))
Estou a brincar contigo, Peciscas.
Mas não te esqueças, que também já há homens a vender o corpo.
Não temos falado dos prostitutos, homens, que também cada vez há mais.
Centramo-nos sempre nas mulheres, porque são a grande, enorme, maioria.
O que me repugna na prostituição, é saber que há quem seja obrigado, por máfias, escravatura a fazê-lo.
Repugnava-me, também, noutros tempos, saber que a maior parte das vezes era para fugirem à miséria.
Já não é bem isso que se passa.
Então se querem optar por isso...
Mas há tantos valores morais noutras coisas, que ninguém liga nenhuma!


Beijinhos

19:31  
Blogger T said...

Para mim era legalizar, controlar e criar hipóteses de se começar a reabilitar essas mulheres.
Não faço julgamentos morais, tout court. Trabalhei já com mulheres que praticavam prostituição e muitas vezes me encantei com a generosidade, garra e solidariedade de que eram capazes.
Gostei do teu texto Marta:)
Eu liberalizava, fiscalizava (era rudo corrido a irs, segurança social, controlo sanitário), contextualizava o exercício da prática a um espaço que garantisse segurança física e não penalizava o cliente ( só o identificava).
Acredito que muitos homens recorrem a uma qualquer forma de prostituição existente, por não terem hipótese de terem uma vida sexual normal, por handicaps vários. E quando se fala de cliente, não esquecer que já há clientes mulheres. E pronto.
Parabéns Marta e Luís pelo tema e discussão gerada.

20:02  
Blogger no largo da graça said...

Seja bem vinda a esta humilde praça de oliveiras, Fatyly, pela clareza das palavras que nos oferece e o encanto que acrescenta a um sítio tão simples, mas livre.
Escolha pois uma destas sombras de paz e liberdade e ainda que seja uma rocha que lhe oferecemos como assento, faça dela o seu lugar para que aqui possa voltar muitas mais vezes e assim acrescentar um pouco mais de beleza e inteligência a este Largo que se quer de encontro e troca de ideias.
Bem-haja pela visita que desejamos tenha continuidade e os melhores votos de paz e saúde para si e todos aqueles que ama e a fazem feliz.

Luís F. de A. Gomes

21:19  
Blogger no largo da graça said...

Viva "asdrubal" que tanto acrescenta em saber a este Largo simples que se faz justamente pela beleza daqueles que aí dizem de sua justiça e nisso soube você transpor para aqui o acutilância da interessante casa de onde vem.
Volte mais vezes para abrilhantar este espaço de oliveias e escolha aquela cuja fresca sombra mais lhe agradar e volte muitas e muitas vezes para que a sua luz abrilhante as nossas atenções.

Muitíssimo obrigada pela visita que desejamos ver repetida, com os melhores votos de paz e saúde para si e todos os que lhe são queridos.

Luís F. de A. Gomes

21:24  
Blogger no largo da graça said...

Viva Rosarinha que nos ofereces crónicas cheias de interesse e um humor sibilino na doce casinha de onde vens.
É um adréscimo de beleza para esta simples praças de oliveiras receber-te tanto pela lucidez do que escreves como pela elegência como o fazes.
O nosso maior desejo é que voltes muitas e muitas vezes a este cantinho de gente livre e nos encantes com as tuas palavras.

Muitíssimo obrigada pois pela visita que esperamos ver repetida, sempre com muita paz e saúde para ti e todos aqueles que te fazem feliz.

Luís F. de A. Gomes

21:33  
Blogger no largo da graça said...

Bem-haja Funes pela visita e as palavras que tanta sabedoria acrescentam a esta humilde praça de oliveiras. O nosso maior desejo é que o futuro seja farto em regressos que só podem contribuir para que este chão onde nada mais temos que os amarelos do Inverno e os roxos e azuis da Primavera para oferecer aos olhos de quem está, possa ficar mais bonito pela inteligência dos seus pontos de vista.
Muito obrigada pois pela visita com os votos de que esta se repita e de muita paz e saúde para si e todos os seus.

Luís F. de A. Gomes

21:37  
Blogger no largo da graça said...

Bem vinda "black cat" a este Largo onde apenas temos um pouco de água para dar a quem passa e nada mais que o linho que podemos estender num chão de barro poeirento e salpicado de pedras brancas e sujas para repartirmos o pouco pão de que dispomos para aqueles que aqui querem disfrutar a frescura de uma sombra tão só com o intuito de conversar em paz com gente de bem e livre.
Muitíssimo obrigada pela visita e sobretudo pelas ideias que tão mais bonito deixam esta humilde praça de oliveiras e que afinal apenas nos trazem um pouco do encanto do espaço de onde vens. Entre as ramos que vês à tua volta e se agitam pela lambidela de uma brisa, escolhe aquele que mais te agrade e volta mais vezes para que connosco partilhas um pouco do encanto do teu olhar.
Os melhores votos de paz e saúde para ti e todos aqueles que amas e te fazem feliz.

Luís F. de A. Gomes

21:47  
Blogger no largo da graça said...

É este um humilde largo onde os ramos de oliveiras brilhando são dos melhores ornamentos que temos para mostrar e apenas podemos encontrar pessoas que se sentam só pelo gosto de ouvir o semelhante e por isso lhe agradecemos a visita que desejamos ver repetida muitas e muitas vezes, mas sobretudo nos curvamos perante palavras cheias pertinentes que tão bem nos convidam a pensar.
Bem-haja pois Didas, escolha a frescura de uma somra para si e ofereça-nos o encanto de muitos e muitos regressos.
Os melhores votos de paz e saúde, para si e todos os que lhe são queridos.

Luís F. de A. Gomes

22:06  
Anonymous Anónimo said...

Olá T

Esqueci-me dos clientes mulheres.
Também acredito nalguns handicaps, não em todos.
A lei da Suécia, já e só tem 8 anos.
Ninguém sabe os efeitos colaterais que poderá gerar.
Como disse, um pouco mais acima, o Funes, pode vir a descambar.


beijinhos T

22:09  
Blogger no largo da graça said...

PS

Didas, desculpe o esquecimento.

Agradecíamos que nos indicaase qual dos blogs referidos no seu perfil que vcê gostaria que ligássemos ao "Atirei o Pau ao Gato", o blog de questa humilde janela faz parte.

O melhor para si e obrigada pela compreensão

Luís F. de A. Gomes

22:11  
Blogger no largo da graça said...

Bem vinda "peciscas" que tanta sabedoria acrescenta a esta humilde praça de oliveiras.
Obrigada pela visita que desejamos se repita muitas e muitas vezes para o que o convidamos a escolher uma das nossas sombras de paz e liberdade, onde nos sentiremos sempre encantos pelas palavras que a sua generosidade nos quiser oferecer.
Os melhores votos de paz e saúde para si e todos os que lhe são queridos

Luís F. de A. Gomes

22:15  
Blogger no largo da graça said...

Bem-haja "T", pela visita mas sobretudo pelo brilho das palavras que deixam mais sábios aqueles que as escutam. O nosso maior desejo é que nos possamos encantar muitas mais vezes pela delícia da sua presença que só pode acrescentar beleza a um Largo tão humilde como o nosso.
Os melhores votos de saúde para si e todos os que lhe são queridos.

Luís F. de A. Gomes

PS

Ficaríamos encantados se nos dissesse, entre aqueles que constam do seu perfil, qual o blog que gostaria que ligássemos ao "Atirei o Pau ao Gato" de que este "No Largo da Graça" faz parte.

O melhor para si,

Luís F. de A. Gomes

22:20  
Anonymous Anónimo said...

Nunca pensei neste assunto. Para mim vai ter que haver sempre prostitutas pois sempre vão haver homens para as procurar e as razõs são conhecidas de todos.
Quanto às perguntas que colocam, só posso dizer que estou a construir uma opinião a partir daquilo que aqui se tem dito. Talvez volte mais tarde com mais opiniões.

23:05  
Blogger Hainnish said...

Pessoalmente, defendo que a prostituição deve ser legalizada por várias razões já mencionadas por alguns dos participantes. A principal prende-se com a dignidade, segurança e saúde das/os profissionais. Devem, como qualquer trabalhador de qualquer ramo, ter direito a subsídio de doença, maternidade, reforma... e devem, como trabalhadores de outras áreas de maior risco, fazer controles de saúde periódicos.
Se o modelo de legalização a seguir é o sueco, é mais discutível. Acho que não se devemos importar modelos sem um estudo de fundo a enquadrá-los.

No que respeita à prostituição dita "de luxo", não vejo porque se deve reger de forma diferente da restante. As regras para um restaurante de luxo são diferentes das que se aplicam à Tasca do Zé? Não são. Os controles sanitários são os mesmos para as duas e os impostos são os mesmos. Para a prostituição deve ser igual.

Por fim, no que respeita ao abandono da profissão por quem não quer estar nela... se estamos a falar da reforma após árduos anos de labuta, claro que devem ter direito a ela. Se falamos do abandono da profissão para ir para o desemprego, ou para terem direito a cursos e oportunidades de reinserção... então acho, como disse o Funes, que as oportunidades não devem ser mais nem menos que as da empregada da limpeza do CC Colombo. Ou, já agora, dos inúmeros licenciados que trabalham pelos call centers deste país ou que estão há anos a recibos verdes sem direito a férias, baixa de doença, ...

Ainda antes de terminar... nunca tinha pensado nesse argumento a favor da prostituição que consiste na sanidade e equilíbrio de muito lar por este país a fora e na segurança diária de muita esposa. Mas parece-me não ser de desprezar. Não vá o nosso Benfica perder, o melhor é haver mais um escapezito ou dois....

Uma boa noite para todos.

23:48  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns pelo debate.

00:15  
Anonymous Anónimo said...

Olá Hainnish

Nunca se fez diferenciação sobre qualquer tipo de prostituição.
Só a Fatyly falou da prostituição de luxo e foi num contexto diferente, que transcrevo já de seguida:

«...quer em estatísticas, relatórios, debates, nunca se fala da prostituição de alto luxo praticadas ou negociadas por "madames", normalmente em grandes hotéis e não só, e sem terem ninguém "à perna" por darem menos nas vistas... sendo isto um dos vários "elefantes brancos»

mas não tem nada a ver com a legalização poder ser diferente.

Já contestei o Funes sobre esse mesmo assunto, e vou fazê-lo mais uma vez:
Quando falei em dar ajuda para sair da profissão, estava-me a referir ao ínicio da legalização.
Para mim, não se pode comparar profissões que sempre tiveram todos os direitos sociais, com uma profissão que nunca os teve, que nunca teve nada, que não existe.
És tu e o Funes que estão a discriminar, e pela negativa, não sou eu, nem sequer pela positiva.
Não se pode tratar da mesma maneira o que é diferente.
Quem está com recibo verde há anos tem direito a férias e a subsídio de férias.
E também tem direito a baixa de doença ao fim de 90 dias. É vergonhoso, mas têm. E as mulheres com recibos verdes, têm todas direito a subsídio de maternidade.
As prostitutas não.


Beijinhos

00:31  
Anonymous Anónimo said...

Olá José Ferro

Ficamos à sua espera.

00:42  
Blogger Didas said...

Oh querido(a)! O Farinha Amparo claro, é o nosso core business! :))

16:14  
Blogger mac said...

A prostituição é mais uma daquelas hiprocisias: toda a gente sabe que existe, mas toda a gente finge que não vê. Quem ganha com isto são os chulos, os alternes e os traficantes. Quem perde são as mulheres, sujeitas a condições que só Deus sabe, exploradas, maltratadas e correndo o risco de apanharem doenças. Noutros países, em que há a legalização, as protitutas fazem exames todos os meses, têm Segurança Social e podem recorrer ao crédito.
Se houvesse legalização, era 1 bela maneira do Teixeira dos Santos ir sacar mais impostos.

19:45  
Blogger Dragon Soul said...

Incondicionalmente a favor da liberalização e frontalmente contra a criminalização quer de clientes, quer de profissionais. Que se integrem as profissionais, pagando os devidos impostos e tendo o necessário acesso às condições habituais de higiene e saúde. Não há motivos para repressão da actividade, quem quiser que a assuma e o resto são cantigas.

Peixinhos Marta

21:25  
Anonymous Anónimo said...

Olá Mac

Há uns tempos atrás, houve uma prostituta que dizia, que se as prostitutas pagassem impostos, ajudariam em muito o defit do paìs.

Vou-te deixar uma pergunta de que me lembrei esta noite. A resposta a esta pergunta, seja quem for que a dê será sempre e só um palpite.

Será que haveria muitas prostitutas
que não se quizessem legalizar.

Porque as que trabalham por conta de outrem, são fáceis de fiscalizar.
mas há muitas que trabalham por conta própria.


beijinhos

22:05  
Anonymous Anónimo said...

Desde há um bocadinho sr_antonio

Espera lá: estás a dizer liberalização, mas queres dizer legalização, certo?
Só com a legalização se integram as profissionais.

Estás a responder muito no geral e gostava que particularizasses um bocadinho.
Tu sabes bem que associado à prostituição, existem proxenetas, casas que negoceiam em sexo e o problema grave das máfias e tráfico de mulheres.
O que farias com estes todos. Liberalizavas tudo e todos? só alguns?


beijinhos

22:22  
Anonymous Anónimo said...

Olá Anónimo

Agradeço-lhe em meu nome e em nome do autor do "No Largo da Graça", os parabéns que nos dá.
Gostava é que viesse intervir.

Beijinhos

22:25  
Anonymous Anónimo said...

Excelente post e um debate à altura do que de melhor se faz aqui neste Largo. Parabéns à Marta, pela coragem em lançar este tema e a forma inteligente como o colocou.

Seria bonito um mundo sem prostituição mas será isso possível?
Se não é crime praticar a prostituição, porque não legalizar a actividade e enquadrá-la em termos de fiscalização adequada? Como aqui já foi referido, há vantagens a vários níveis.

Ele há aspectos morais a tomar em consideração, mas o que me questiono é se podemos enfrentar o problema partindo dessa base.

Boa semana para todos.

23:02  
Blogger no largo da graça said...

Viva Sr António, seja bem vinda a esta simples praça de oliveiras onde o convidamos a que escolha uma sombra para que possa ususfruir da sua frescura enquanto ouve gente de paz e de bem e diz de sua justiça.
Esperamos que aqui regresse muitas mais vezes para nos iluminar com as suas ideias e a clareza do seu pensamento.
Os melhores votos de paz e saúde para si e todos quantos lhe são queridos..

Luís F. de A. Gomes

23:49  
Blogger no largo da graça said...

Viva T que tanto encanto acrescentou a esta humilde praça de oliveiras.
Como não obtivemos resposta decidimos ligar o blog "Dias Que Voam". Desejamos vivamente que seja do seu agrado.
Um resto de uma boa noite para si, cheia de paz na companhia daqueles que mais ama.

Luís F. de A. Gomes

23:53  
Blogger Dragon Soul said...

Marta, desculpa se fui pouco preciso no meu comentário, tu mereces que seja mais objectivo na minha opinião.... então aqui vai:

Quando digo liberalização, pretendo dizer evidentemente legalização, a palavra liberalização ainda é um tique do famigerado referendo ao aborto ;) bom, adiante.... eu acho que se deve legalizar a prostituição pois ela representa hoje em dia uma economia paralela que, como tal, arrasta para a marginalidade a “profissão”.

Tu que já me lês há algum tempo sabes que sou um conservador por excelência, mas a verdade é que me recuso a pactuar com o encobrimento de uma realidade que mais não é do que uma resposta a uma “procura” que perpassa todos as classes sociais. Sinto-me triste com o facto de a legalização da "profissão" ser um admitir da falência dos valores que sempre tornearam a minha postura perante a vida, mas isso seria outra conversa. A realidade é que o acto de vender o próprio corpo se torna confuso inicialmente, mas admissível quando reflectido perante o livre arbítrio que é comum a todos nós. O modelo a seguir é uma incógnita para mim, embora saiba de antemão que o simples facto de validar a “profissão” perante a sociedade a torna em si mesmo um acto legítimo e desde logo passível de ser controlado e regulamentado. Os bordeis obrigados a um código rígido de condições sanitárias seriam talvez uma boa solução, e penso que iriam promover o abandonar progressivo da prostituição de rua. As mulheres, ou homens, iriam saber antecipadamente que ali havia um lugar onde se promove a dignidade humana e acima de tudo um menor risco de contrair doenças. O estado teria aí um papel importante.

É claro que a figura do proxeneta seria riscada dessa legalização, tal como a figura do “dealer” seria riscada da legalização das drogas leves (que eu também defendo). Se as prostitutas se sentissem protegidas pelo estado, e amparadas pelo nosso sistema de saúde e segurança social, penso que a figura do “chulo” teria tendência a desaparecer. Tal como nós não precisamos de intermediários na nossa procura de trabalho, mas um imigrante ilegal já precisa de alguém que o ajude ilegalmente, se é que me faço entender. A figura do “intermediário” só existe pelo facto de algo ser criminalizado, é o chamado “facilitador”, o que ajuda à integração por meios ilícitos. Enfim… mas claro que tenho as minhas interrogações.
Peixinhos

No largo da graça, obrigado por tamanha recepção, concerteza voltarei mais vezes ;) saudações

03:05  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns pela iniciativa do blog e parabéns pela forma como o problema é introduzido.

As actividades (neste caso sexuais) consentidas entre adultos, que não violem a lei, não devem ser alvo de nenhuma regulamentação. O caso das estudantes que é referido cai nesta esfera. Nos casos de aliciamento, essencialmente na prostituição de rua, a questão deve cair no foro da restante legislação que regula o que se pode e não pode fazer em espaços públicos.

Deve-se normalizar a profissão de prostituta(o) e legalizar os estabelecimentos que tenham como seu objecto a prostituição. Deve-se ter em conta, por um lado, a regulamentação da actividade e, por outro, o necessário enquadramento legal para proteger as prostitutas(os) e os seus clientes.

Não deve haver nenhum tratamento especial, por parte do Estado, em relação a qualquer profissão. Não se justifica, no meu entender, qualquer tipo de subsídio para favorecer a entrada ou saída da profissão de prostituta(o). Dizer que a prostituição é boa ou má é um juízo de valor que deve ficar fora do âmbito da legislação e confinado à moral da sociedade civil (que responderá de acordo).

O proxenetismo deve ser fortemente penalizado.

11:00  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns pelo debate, a todos os níveis. Parabéns à Marta pela coragem de o propor e pela maneira como o fez que já provocou todos estes comentários. Parabéns ao Luís pelo excelente espaço que nos proporciona para discutirmos ideias e parabéns ainda para todos os restantes comentadores pela educação com que aqui se apresentam, uns contra, outros a favor, mas todos com argumentos muito bem apresentados.
Sinceramente, não sendo daqueles que aqui comenta com regularidade ainda que raramente perca um debate, sinto orgulho por ver que afinal há civismo entre os portugueses e a capacidade de identificar e discutir problemas mesmo entre o povo mais simples.

Agora tenho que lhes dizer que tenho aprendido bastante com os vossos pontos de vista e honestamente devod admitir que já alterei a minha opinião sobre o assunto.
Pelos vistos, apesar de todos os juízos morais que possam estar envolvidos no problema, se calhar o melhor caminho é mesmo o da legalização pois não temos como acabar com essa actividade e nem isso seria desejável no mundo em vivemos -aquela dos portos é bem ilucidativa disso- e tudo indica que haveriam vantagens de segurança e saúde se o fizéssemos.

Uma boa semana de trabalho para todos

12:23  
Anonymous Anónimo said...

Olá Paulo

Obrigado! Fiquei com um sorriso, como diz o Luís, que vai da boca aos olhos e reflecte o azul do céu :)) Nunca mais me vou calar com esta.
O seu a seu dono: quem teve a ideia de lançar o tema foi o Luís e correu riscos.
Tenho dificuldade de lhe responder
segundo os aspectos morais, visto que em relação a este tema, eu não tenho nenhum parti pris moral.
No entanto, julgo que, como em todos os assuntos, deverá depender do bom senso e dos objectivos que se queiram atingir.


Beijinhos

17:16  
Anonymous Anónimo said...

Olá sr_antónio.

Lindo! Ainda bem que te pressionei. Eu não teria dito melhor.

Claro que sim, claro que é a falência de valores, mas a verdade é que com o aumento da população, a oferta também aumenta, e o que se não pode admitir numa sociedade, é o tráfico e escravatura de mulheres, e menos ainda para esse fim.

beijinhos

17:23  
Anonymous Anónimo said...

Olá Harpic

Não há estatísticas cá em Portugal, como deves calcular.
Tu partes do princípio, penso, que a maior actividade de prostituição é a da rua ou de bares, casas de alterne.
Não te garanto, mas estou convencida de que nas grandes cidades, a prostituição, já como profissão liberal (passo a expressão), portanto, sem chulos, sem casas de negócio, sem intermediários, ultrapassa já a prostituição de rua e a prostituição nos tais bares de alterne.
O caso das estudantes que referi cai, mas é nesta esfera. Porque prostituição, é a venda do corpo para actos sexuais, ou vice-versa.
Mas olha que não são só estudantes.
Por isso tenho de te fazer a pergunta: não consideras isto prostituição e, portanto, fica fora da legalização?

Bom:
Acho que o subsídio tenha a ver com juízos de valor.
Mas tudo bem, vamos acordar que não há razão para subsídeos.
Legaliza-se hoje. Amanhã, as que já têm idade podem reformar-se?

Beijinhos

17:45  
Anonymous Anónimo said...

Olá Amorim Peseiro.

Como já disse antes, foi o Luís que propôs o tema.
Para mim, a ideia do debate era poder, eventualmente, duvidosamente, alterar ideias sobre este assunto.
É concerteza uma pessoa muito inteligente e de mentalidade muito aberta.
Devolvo-lhe, com imenso prazer, os parabéns.

Beijinhos

17:55  
Blogger António Conceição said...

Continuando sem tempo para comentar este post como ele merecia, acrescento duas notas sobre os princípios de moral sexual de que parti, para formular os meus comentários anteriores:

1- Defendo o direito ao arrependimento. As pessoas devem poder arrepender-se das opções que fizeram. Devem, por isso, abster-se de adoptar comportamentos irreversíveis, como o suicídio. O tipo que se suicida não pode depois desfazer o seu acto.
Por idêntica razão, sou contra as tatuagens (salvo erro, o laser só consegue despigmentar a pele na zona afectada, mas não eliminá-las sem deixar rasto) e contra relações sado-masoquistas que envolvam lesões irreversíveis (p. ex., amputação de membros).

2- Em matéria sexual, o único princípio moral que reconheço é o do mútuo e esclarecido consenso. A relação sexual, seja ela qual for e assuma as formas que assumir, é legítima, desde que decorra e se mantenha sempre na esfera da liberdade e do consentimento esclarecido de quem nela entra.
Assim:
- É imoral qualquer tipo de violação, porque na violação não há o indispensável consentimento. Envolve violação e é imoral a relação que só foi coinsentida a té determinado ponto, mas não daá em diante. Quer dizer, não basta um consentimento inicial. É adicionalmente necessário um consentimento permanente. Por exemplo, se já completamente nua, deitada e beijada, a mulher decide que não quer continuar com a relação até à penetração, inistir nessa penetração é violação.
- São imorais relações com crianças, animais e mortos. As crianças, os animais e os mortos não podem dar o seu consentimento a uma relação sexual.
- São eventualmente imorais (mas só eventualmente) relações sexuais com adolescentes, cujo consentimento pode não ser esclarecido.

São estes os limites morais que eu encontro. Daqui para a frente, a não ser que esteja a ver mal (hipótese que não excluo e para a qual peço luz) tudo deve ser permitido: homossexualidade, sado-masoquismo, coprofilia, o que quiserem. Se há consentimento esclarecido e reversibilidade não há acto imoral.

Por exemplo:
A) Pode um portador do virus da sida ou de outra DST manter relações sexuais com outro parceiro, sem o avisar do seu estado?
Claro que não. É imoral. O consentimento que o outro presta não seria esclarecido.
E se o outro for informado?
Depende. No caso da sida, sem preservativo, continua a parecer-me imoral, pelo princípio 1. Pode haver consentimento esclarecido, mas é um consentimento para um acto que pode envolver consequências irreversíveis: uma doença crónica e potencialmente mortal. O envolvido não vai depois ter hipótese de se arrepender. Já apanhou a sida e não pode desfazer esse efeito.
No caso de outra DST curável, já não vejo imoralidade. O parceiro dá o seu consentimento, mas as consequências desses consentimento são reversíveis. É como o consentimento do masoquista, para que o sádico lhe desfaça o rabo com chicotadas. O efeito não é definitivo nem permanente, logo não vejo nenhum problema moral. Ponto é que o consentimento seja esclarecido. O que recebe a DST ou o que recebe as chicotadas tem que estar plenamente consciente daquilo por que vai passar.

B) E a homossexualidade? Não é imoral por ser contra-natura?
Bme, é bem capaz de ser contra-natura. Mas é da natura do ser humano ser contra-natura. Se vamos por aí, a monogamia é imoral, porque é manifestamente contra-natura. Ninguém, sem reprimir a sua natureza, se dedica a vida toda a um parceiro e a um só parceiro.
Logo, se o acto homossexual é livre e esclarecidamente consentido, nada a objectar.

Repito, estes são os meus princípios em matéria de moral sexual, de moral sexual sem considerações de outra natureza, maxime religiosa.
Admito sem reservas que possa estar a ver mal os problemas. Mas estou disponível (estou-o sempre), para considerar outras perspectivas. Em particular, gostava de conhecer (e prometo ser intelectualmente honesto na sua análise)os argumentos, para Ponce de Carvalho considerar a prostituição moralmente condenável.
Respeitados os limites que aqui referi (o consentimento da prostituta ser livre, incondicionado, esclarecido e não conduzir conscientemente a doenças lesões ou danos irreversíveis), sinceramente, não vejo qual seja o problema moral da prostituição.

22:38  
Anonymous Anónimo said...

Boa Noite Funes

Fazendo de advogada do diabo, e não sei se será o caso de Eduardo Ponce de Carvalho, haverá pessoas que acharão moralmente condenável, exactamente por causa da religião.
A maior parte das vezes, quando as pessoas acham mal moralmente (qualquer assunto) geralmente tem haver com religião e dentro da religião, 99,9% das vezes, com a católica.

O que eu gostava mesmo era de lhe agradecer, a qualidade e a lucidez dos seus argumentos.
A maior parte da qualidade deste debate é-lhe a si devida.


Um beijo muito agradecido


PS: eu bem digo que me apaixono

Qualquer dia

01:18  
Blogger António Conceição said...

Estive a pensar e a minha bela teoria de ontem à noite, se não enfermar de um vício insanável, é, pelo menos, muito incompleta.
vejamos, por exemplo, o incesto. No rigor dos meus princípios, o amor entre dois irmãos ou ente mãe e filho, se livremente consentido, parece perfeitamente legítimo. Custa um bocado a engolir.
Por outro lado, no rigor dos mesmos princípios, a relação com uma boneca insuflável é também perfeitamente legítima e aí eu não tenho dúvidas que o é. Só que, sem um preconceito religioso qualquer, é relativamente difícil sustentar que um morto é muito mais do que uma boneca insuflável. E eu não tenho dúvidas que a relação sexual com um morto não é legítima.
As ideias que defendi ontem à noite parecem-me essencialmente correctas, mas há qualquer coisa de errado nelas.
Estou num beco sem saída.

09:47  
Anonymous Anónimo said...

Marta,

Para responder às tuas perguntas :

O que a legalização da profissão de prostituta faz é formalizar uma actividade e dota-la de direitos e responsabilidades. Legalizada, esta actividade fica acessível a qualquer pessoa que a pretenda exercer, que o declare e que se comprometa a cumprir as obrigações a ela inerentes. Por seu lado o Estado passa a protege-la de acordo com o que quer que seja que fique estipulado na lei.

Quem quiser continuar a trocar sexo por dinheiro sem querer declarar e formalizar esta actividade, e desde que o faça dentro do respeito pela lei (lei em geral) e do princípio do mútuo consentimento, poderá certamente continuar a faze-lo. É uma opção que só deve estar dependente do seu livre arbítrio e onde o Estado não tem razão nenhuma para intervir. Naturalmente que não estando sujeita às obrigações da profissão não poderá igualmente reclamar qualquer direito.

Em relação aos subsídios a questão é efectivamente complicada. Graçolas à parte, não vejo como é que a profissão de prostituta poderia ser incluída num regime geral onde a idade de reforma é aos 65 anos (com tendência para aumentar!). Ora aqui está uma boa oportunidade para se porem em prática regimes alternativos de segurança social. Mas tens razão, independentemente do modelo que se adoptasse teria que se considerar um regime transitório.

Claro que há enormes questões morais em redor deste assunto (como é que a sociedade veria as pessoas que declarassem esta actividade?) e que são essenciais à discussão. Tem que ser batidas, rebatidas e voltadas a rebater para que progressivamente se vão baixando as defesas morais que impedem a resolução de problemas concretos. Qualquer decisão precipitada pode ser altamente contraproducente.

09:53  
Anonymous Anónimo said...

Debate interessantíssimo. Para quem duvide do civismo dos portugueses, aqui tem um magnífico exemplo de sinal contrário.
Está visto que a livre contratação de relações sexuais pagas entre dois adultos jamais poderá ser crime e não vejo que mal tenha em ser clarificada do ponto de vista legal.
Há de facto razões morais em torno deste problema.
Por exemplo, não creio que se possa falar da prostituição de estudantes universitários sem condenar o facto de a mesma se destinar a cobrir despesas de consumo, pois não vejo como se possa deixar de reprovar o facto de alguém vender o prazerque o seu corpo possa proporcionar e não precisamos de moral religiosa para o fazer. Pessoalmente não tenho religião mas não me parece bem que alguém se entregue por dinheiro, da mesma maneira que não me parece bem que alguém -mulher ou homem- se entregue a qualquer um ou uma e isto tem a ver com a mentalidade com que fui criado.
Mas devemos perceber as razões que aqui têm sido destacadas, como aos níveis da segurança e da saúde, para perceber que provavelmente a legalização da actividade abre a portas a um controlo mais eficaz para a mesma com que todos ganhem. E depois apesar do que disse, também concordo com aqueles que dizem que por muito mal que seja, a prostituição não vai deixar de existir.

Concordo com este último comentador que estes assunto devem ser ponderados com calma e nunca devemos agir precipitadamente.
Neste sentido, mais uma vez dou os parabéns por esta conversa.

Já entrei algumas vezes em debates neste blog e sempre achei que aqui se discute como deve ser, com educação e boas ideias, mas este debate está a superar todos aqueles que acompanhei. Parabéns por isso.

12:58  
Anonymous Anónimo said...

Olá Funes, boa tarde


O incesto é mais comum entre pai e filha do que entre mãe e filho, apesar do complexo de Édipo ser mais forte entre mãe e filho.
Já é muito vulgar entre irmãos.
A ideia que sempre tenho associada ao incesto, excluindo completamente a violação, é que sempre se aproxima muito dela.
Entre irmãos, por exemplo: há sempre uma pressão do mais velho para com a mais nova, quase sempre um cala que consente.
Posso estar errada, mas é esta a ideia que sempre tenho. Mesmo entre adultos, porque essa relação já vem muito de trás.

A relação sexual com um morto, entra no campo da profanação de cadáveres
Não há uma lei contra a profanação de cadáveres, que nada tem a ver com religião? Ou existe pela religião.

Beijinho

14:22  
Anonymous Anónimo said...

Olá Harpic

claro que na sociedade há imensas questões morais à volta deste assunto.

Penso que a sociedade nem saberia quem se declara ou não como prostituta.
Sabes que o canalizador que te vai arranjar a torneira é empresário em nome individual?
São declarações que se tratam nas finanças e que ninguém dará por isso.
As da rua toda a gente já sabe que são. Na província, já são apontadas a dedos as dos bares de alterne. Não penso que fosse pior.

Decisão precipitada?
Está descansado, primeiro que se tome uma decisão dessas...

beijinhos

14:31  
Anonymous Anónimo said...

Olá Duarte

Falei da prostituição no seio das estudantes universitárias, porque me faz impressão, mas não pelas suas razões.
As estudantes universitárias, quando prostitutas, estão no escalão de "putas finas" e esse tipo de prostituição sempre existiu para melhorar o nível de vida.
Por aí tudo bem, pelo menos na minha maneira de ver as coisas.
Não faço julgamentos de valor na prostituição.
O que me incomoda nestas estudantes, é não se assumirem como prostitutas. Sabe-se que a maior parte deixa de estudar, apesar de se inscreverem e que muitas delas têm namorados, que não sabem que elas são prostitutas.
Já para não falar dos pais, mas esses, nós, somos os últimos a saber, por norma.

Duarte, agradeço os parabéns em nome de todos os comentadores, onde, como é evidente, está incluído.

Beijinhos

14:44  
Anonymous Anónimo said...

Muito obrigado pelas suas palavras Marta.

Os melhores cumprimentos

18:52  
Blogger no largo da graça said...

Bem vindo a esta humilde praça de oliveiras "Harpic" onde há gente que se senta na frescura de uma sombra só pelo prazer de ouvir e de dizer com a vontade de com todos aprender, como se todos tivéssemos o coraçãozinho curioso das crianças. Escolhe pois as ramadas que preferires e faz da pedra que aí encontrares o teu banco de conversa para que possas satisfazer o nosso desejo de que voltes muitas e muitas vezes para nos oferecer um pouco da tua sabedoria e clareza de ideias e porqu não, um pouquinho da doçura dessa cidadezinha tão cosmopolita e tão cativante como é a Bruxelas do pequeno Museu do Chocolate ou da Casa da Música onde eu nunca me canso de voltar para me perder nos sons dos instrumentos mais estranhos e que provam a grandeza da alma humana.
Muito obrigada pela visita e pelas palavras e os votos de muita paz e saúde para ti e todos aqueles que amas.

Luís F. de A. Gomes

23:52  
Blogger Alba said...

Ainda venho a tempo?
Bem, já foram apresentados imensos argumentos, todos eles interessantes.
Marta, eu acho que a realidade "prostituição" é vastíssima. Nela cabem tanto as prostitutas de rua, como as toxicodependentes (também de rua, certo) e as mulheres estudantes ou empregadas que tentam arranjar algum dinheiro extra desta forma. Temos também os tais casos de prostituição de luxo, e essa coisa ambígua que dá pelo nome de "acompanhantes".

Cada um destes padrões remete para vivências totalmente diferentes entre si.
Por isso me causa algum espanto ler opiniões que colocam a questão como se ser prostituta fosse simplesmente uma opção. Em alguns casos pode ser. Mas na maioria não o é.

Muitas prostitutas são, elas próprias, filhas de prostitutas ou de mulheres ligadas a actividades marginais.
Muitas cresceram longe de uma família, em asilos, internatos, que lhes facultaram uma educação muito precária e uma estrutura de personalidade pouco "equipada".
Pobreza, promiscuidade (quantas vezes terão sido vítimas de abusos sexuais de familiares, vizinhos, conhecidos, e quase desconhecidos)reduzida escolaridade, fraquíssima formação profissional, início precoce da vida sexual......tantas vezes estes aspectos marcam a vida das prostitutas, a ferro, a fogo, condicionando desde muito cedo o rumo das suas vidas?
Será que se pode falar em escolha, em opção?
Por outro lado, nós sabemos que ser "puta" não é o mesmo, socialmente, que ser empregada de limpeza, mesmo ocupada de sanitas e demais escoadores de detritos.
Existe um inegável estigma ligado ao facto de se ser "puta". Algo de primitivo nas nossas mentes as associa a impureza, a sujidade, a uma absoluta ausência de poder. Porque as empregadas de limpeza, tal como já referiste,têm um enquadramento profissional e social que as torna mais "dignas", que as protege e integra. As "putas", as tais que o são graças em grande parte a condicionalismos económicos, sociais e culturais, estão profundamente sós.

O caso da prostituição entre toxico-dependentes, muito representativo nas grandes cidades e suas periferias, carece de uma abordagem específica, que não pode separar as duas realidades. Não deixarão a prostituição enquanto forem toxico-dependentes, por isso parece-me que o problema das drogas deverá ser "acudido" em primeiro lugar nestes casos.

As estudantes e as empregadas. Sabes, estou convencida de que estas situações embora significativas são menos frequentes do que os casos que referi anteriormente.
Aqui sim, aqui a palavra "opção" poderá fazer mais sentido.
Embora, quanto a mim, nunca se possa dissociar a prostituição do contexto económico, social e cultural dos implicados (isto é polémico, eu sei :) )

A prostituição "confortável", aquela que tem lugar em hotéis, restaurantes caros e que se mistura com os "serviços de acompanhamento" é outra coisa, bem entendido. Sem proxenetas, pelo menos. E talvez sem maus tratos físicos. Sem humilhações?

Ouvi há poucas semanas uma entrevista da Inês Fontinha, que tanto se tem dedicado à organização "O Ninho". Ela dizia que o facto de alguma prostitutas escreverem em blogs e editarem livros dando conta de vidas de algum glamour pode ser muito perigoso. Porque isso são episódios raríssimos no contexto da prostituição e o facto de tanto se falar deles pode conduzir a mistificações muito enganadoras.

E quanto à legalização?
Concordo, talvez isso proporcione uma vida mais segura e mais digna a essas mulheres.

Claro que as acções de re-integração social devem ser divulgadas - aplaudo mais uma vez "O Ninho" que, quase a solo, tem desempenhado esse papel em algumas situações. Certamente que devem ser criadas alternativas.

Porque assim a palavra "Liberdade" fará mais sentido.
Um beijinho, Marta :)

02:31  
Blogger T said...

Certamente o Dias que Voam, caro Luís. Os outros ainda são nomes para um projecto novo sobre Lisboa que ainda não arrancou.
Obrigada e um abraço:)

10:17  
Blogger T said...

Bem salientado o Ninho (no comentário da Alba) que vive em paupérrimas condições e à conta da extrema generosidade das pessoas que dirigem esta instituição.

10:21  
Blogger no largo da graça said...

Muitíssimo obrigada pela atenção da resposta, "t".

Tudo de bom para si

Luís F. de A. Gomes

12:22  
Blogger inespimentel said...

Já se disse por aqui tanto de interessante que julgo ser difícil não vos repetir; o Funes e a T têm comentários que me encaixam.
A mais velha profissão do mundo pode ser exercida com profissionalismo, distânciamento e até alguma "graça" desde que a mulher em causa seja calhada para a profissão que escolheu. Podemos encontrar uma mulher ordinária e buçal atrás de um balcão de uma qualquer repartição e uma fêmea sensível, intuitiva, e delicada a exercer a profissão de prostituta (não será nem de longe a regra, óbvio).
Elevar o nível pessoal e profissional das pessoas, em qualquer área, é condição para ficarmos com uma sociedade mais civilizada. E isso também se aplica à prostituição. Ignorar ou proibi-la não deixa margem para essa qualificação, legislação, integração e, muito importante e como já foi mencionado, abrir portas a quem dela quiser sair!

13:55  
Anonymous Anónimo said...

Olá Alba

Tens toda a razão Alba.
Não, não se pode, pelo menos na maior parte dos casos, falar em opção.
Também estou de acordo que: "nunca se possa dissociar a prostituição do contexto económico, social e cultural dos implicados", apesar de no caso das estudanres universitárias, muitas vezes o meio socio-cultural ser, teoricamente, bom.
Não vou discutir se é maior ou menor, do que aqueles em que falaste anteriormente, mas é, asseguro-te, muito maior do que possas imaginar, ou sequer, do que aqui dás a entender. Estas estudantes têm o mesmo tipo de "prostituição confortável" que têm aquelas dos hotéis que falas.

Não estou de acordo contigo, nem com Inês Fontinha no que respeita aos blogues ou livros das prostitutas.
Acho que a maneira de pegar no assunto não é essa. Aquilo que Inês Fontinha disse, tem conceitos morais e de direito, para mim inaceitáveis.
Podemos contestar as editoras (e neste caso nunca os media), por editarem livros (qualquer livro) que não tenha qualidade, só para terem mais lucros.
Não aceito, dentro dos meus valores morais, que os Dan Browns e os seus Códigos tenham mais direitos a serem editados do que qualquer prostituta.
Os media dão notícia de bestsellers, qualquer bestseller.
E blogue Alba?
Fui ao blogue de uma prostituta, que escreveu um livro, que já vai na 7ª edição Maria Porto e convidei-a a vir comentar.
Tomara que venha.

E claro que aplaudo "O Ninho", como é evidente.


Beijinhos

15:05  
Anonymous Anónimo said...

Olá Inês

Estou convencida que no dia que os nossos governantes legalizarem a prostituição, terá, quase obrigatoriamente, uma fase de transição.
Esperemos que não seja para as penalizar ou prejudicar.

Tenho a ideia, talvez errada, que eles ainda nem sequer começaram a pensar no assunto. Depois de começarem, pssshhh! o tempo que ainda vai demorar.

Continuo a pensar que é um assunto muito polémico, ( aqui não tem parecido tanto quanto isso) e transversal na sociedade.
No entanto, estou também profundamente convencida que a Direita, seja lá isso o que for, nunca fará a legalização da prostituição.
Agora, pensem nos anos que ainda vai demorar.

Beijinho Inês.

15:51  
Blogger Nanny said...

Não tive oportunidade de ler todos os comentários, nem queria alongar-me demais no meu.

Resumindo:
Parece-me ridículo que se despenalize a prostituta e se penalize o clientes, e a melhor comparação é mesmo a da droga... vender é lícito e consumir não? então para que se vende, para deitar fora? se repararmos a lei diz exactamente o contrário: despenaliza o consumo, mas não a venda.

A ter de escolher preferia o modelo de total legalização, com impostos de bem de luxo, se possível, e todas as condições laborais e de higiene devidamente controladas... e depois mão firme e dura em toda a espécie de ilegalidade.

Bem me parecia que isto ía ficar longo... enfim!

18:31  
Anonymous Anónimo said...

Olá Nanny


Não ficou nada longo.

Modelo Sueco, posto de lado.

A mim ainda me custa a pôr completamente de lado o modelo sueco.
Percebo perfeitamente todos os argumentos que têm sido dados contra ele.
Mas fica-me sempre o pensamento, de ser o, ou, um dos países mais avançado em tudo, inclusive na Segurança Social e nos Direitos da Mulher.
Custa-me a crer que não tenha virtualidades.

Beijinhos

21:36  
Blogger Alba said...

Obrigada pela resposta, Marta.

Mas existe um mal-entendido. Eu escrevi que segundo a Inês Fontinha o facto de prostitutas narrarem as suas experiências em blogs e livros, dando conta de algum glamour "pode ser muito perigoso (...) são episódios raríssimos no contexto da prostituição e o facto de tanto se falar deles pode conduzir a mistificações muito enganadoras.".

Só isso. Eu entendo que esta divulgação pode ser redutora se não acompanhada de um conhecimento mais vasto do fenómeno. E, isso sim, poderá a levar a pensamentos como o "se estão nessa vida é porque querem", com a subsequente amálgama de realidades tão diversas, como já foquei e o comodismo de "sacudir a água do capote". Só nesse sentido, Marta.

Claro que elas têm todo o direito a relatar as suas vivências em blogues, livros, revistas, etc. Penso até que esses relatos podem vir a enriquecer os debates em torno do tema - claro que vou passar pelo blog que referes.

Desde que não se confundam essas realidades, quanto a mim muito restritas, com os quotidianos das mulheres que exercem a prostituição, toda a informação honesta é bem-vinda e salutar para um enquadramento da questão cada vez mais correcto.

22:03  
Anonymous Anónimo said...

Fiquei admirada, sabes?
Não batia certo, nem com o que dizias, nem com a imagem que faço de ti.
Desculpa, deveria ter sido mais precavida e ter feito perguntas, em vez de afirmações.
Peço-te imensa desculpa.

Não esperes muito do blogue de Maria Porto.
No entanto, já li comentários dela, em blogues onde a criticavam, e fê-los com muita classe e sentido de humor. É uma miúda, tem 19 anos.

Beijo grande e desculpa mais uma vez.

01:19  
Blogger no largo da graça said...

Viva "nanny", seja muito bem vinda a esta singela praça de oliveiras, onde temos para lhe oferecer a frescura de uma sombra e o branco poeirento de uma pedra para que se sente e partilhe connosco a elevação das suas ideias e a elegância de as tranmitir.
É por isso o nosso maior desejo que nos visite muitas mais vezes, para que as margaridas do chão se abram com a sua luz e todos nós nos encantemos pela sua presença de espírito.
Os melhores votos de paz e saúde para e todos aqueles que ama e lhe querem bem.

Luís F. de A. Gomes

18:13  
Blogger mfc said...

Legalizar?!
Sim,com todas as consequências a n´vel de segurança social, fiscalidade, reforma etc.
Há situações contra as quais não vale a pena lutar.

23:22  
Blogger no largo da graça said...

Viva "mfc", bem vindo a este espaço humilde que se alegra pela tua presença e a firmeza das tuas poucas palavras.
Olha à tua volta e verás gente sentada em pedras que salpicam as sombras das oliveiras tão só pelo gosto de ouvirem o semelhante e com ele conversarem. Escolhe pois a tua ramagem e faz dela o teu lugar nesta singela praça de oliveiras, para que possas voltar muitas e muitas vezes para enriquecimento de todos nós.
Muita paz e saúde para ti, "mfc" e todos aqueles que amas e te fazem feliz.

Luís F. de A. Gomes

23:37  
Anonymous Anónimo said...

Olá MFC

Temos estado de acordo em muitas coisas.

Beijinhos

01:00  
Blogger Fatyly said...

Tenho estado a acompanhar o debate, sentadinha numa pedra...ouvindo/lendo e só tenho a dizer:

PARABÉNS A TODOS PELO MAGNÍFICO DEBATE E PENA É QUE NÃO SEJA TRANSMITIDO NUM ESPAÇO TELEVISIVO MAS COM TODO O TEMPO DO MUNDO7ANTENA PARA MELHORIA DESTE PAÍS.

Podem continuar porque já aprendi algumas coisas neste caso sempre delicado!

Beijos

10:03  
Blogger postquesequer said...

Cara Marta,

Só agora cheguei a este blog (e ao claras em castelo). Felizmente penso recuperar o tempo perdido, muito brevemente. Dá gosto ler(-vos).

Quanto ao tema, gostaria apenas de lhe lembrar que à descida muito acentuada da prostituição na Suécia, correspondeu um aumento exponencial (porventura muito maior, não saberei quantificá-lo) em alguns países limítrofes, do Báltico, nomeadamente na Estónia, Letónia e Lituânia, transformando-os em novos "paraísos sexuais".

Para onde emigraram entretanto muitas prostitutas suecas (visto a actividade ser criminalizada, e bem, para os chamados clientes, na Suécia), de modo a não perder clientes receosos da nova Lei.

Fundamentalmente, retiro daqui que o nível cultural e económico dos países é o factor decisivo neste complexo tema e não tanto o ordenamento jurídico de cada país. Não será por acaso que os países onde esta chaga social mais floresce são países pobres ou desiquilibrados do ponto de vista da distribuição do rendimento.

E, claro, estamos a falar da Suécia, onde, ao contrário de sítios que bem conhecemos :), as Leis são efectivamente cumpridas e aplicadas.

Beijinhos

Carlos Neves
www.blogquesequer.blogspot.com

02:18  
Anonymous Anónimo said...

É difícil tomar uma posição com tantos bons comentários e o muito que já aqui escrito.
De qualquer forma, apesar de tudo o que se escreveu a favor da legalização da prostituição e que na praticamente totalidade dos casos com boa argumentação, continuo a olhar para essa actividade como causadora de indignidade para quem a pratica, sejam mulheres, sejam homens, tenha carácter hetero ou homossexual.
Depois parace-me que estamos a esquecer que o grosso do contigente que alimenta a actividade e o negócio são mulheres na sua larguíssima maioria desqualificadas, elas próprias fruto de estratos mais ou menos marginalizados que ali chegam devido às vicissitudes de uma vida sem liberdade de escolha, quando não forçadas a exercerem tais práticas para benefício de sujeitos ou redes mafiosas.
As prostitutas não devem ser criminalizadas por uma situação em que se viram envolvidas, muitas vezes, por já serem elas vítimas de um mundo injusto. Assim como não vejo mal nenhum que dois adultos decidam livremente ter relações sexuais entre si e que um se disponha a pagar por isso. Cada um é livre de tomar essa opção. Mas passar daí para a legalização é que me parece um tanto arrojado, pois pergunto-me se quem ganharia não seriam principalmente as redes mafiosas que assim veriam o seu negócio legalizado e com todas as possibilidades de até servir para lavagem de outros dinheiros sujos.
Concordo que haveriam benefícios em termos de saúde pública e de segjurança para as mulheres. Mas não sei o que seria preferível. Não é simples nem fácil decidir. Não sei se não poderíamos encontrar soluções do género de Las Vegas, mas isto éapenas um palpite.
Uma última nota.
Falamos de prostituição e reunimos no mesmo conjunto o fenómeno tradicional, com novas práticas como são o caso dos homossexuais prostitutos ou os prostituos que prestam serviços a senhoras. Sem ser entendida e sem ter grande informação sobre estes assuntos, parece-me que as origens são diferentes e a eventual legalização teria que ter em conta isso mesmo.

Parabéns à Marta pelo debate e ao Luís por este espaço que aqui colocou à nossa disposição.
Uma boa semana para todos.

13:43  
Anonymous Anónimo said...

Olá Carlos

Sabia que tinha havido uma grande subida de "clientes", não sabia que as prostitutas suecas, também tinham debandado.
Num dos vários comentários que fiz, perguntei-me o seria que aconteceria quando outros países lemítrofes começasse também a penalizar os clientes.

Penso que quanto mais rico for um país mais tendência terá para a entrada de prostitutas, vindas de outros países. O caso da Finlândia, onde entram por ano 17.000 prostitutas.

Portugal (o estado) começa a perceber que precisa de muito mais controle e fiscalização. Já não é mau!

Quando se legalizar, já deverá haver fiscalização suficiente, digo eu, convencida que estou que ainda vai demorar muito tempo.


Beijinhos

14:56  
Anonymous Anónimo said...

Olá Fatyly

Com que então sentadinha numa pedra, e debaixo duma oliveira?


beijinhos

14:58  
Anonymous Anónimo said...

Olá Patrícia

O que já se sabe dos vários países que já legalizaram, é que a única maneira de começar a fazer frente às máfias e ao tráfico de mulheres, é a legalização. Porque esse tráfico e essas máfias já existem, cá.
Legalizar é, também, dar protecção às prostitutas, é dizer-lhes que elas existem perante a lei, que têm direitos, que podem recorrer aos tribunais.
As prostitutas, não existem perante a lei.
Como poderão queixar-se de um cliente que lhes bateu, por exemplo? É vulgar acontecer.

A legalização terá sempre de ser igual para todas as prostitutas, porque nunca uma lei, qualquer lei, pode ser descriminatória.

Para finalizar, lembrar-lhe que a prostituição não é criminalizada em Portugal.


Beijinhos

15:12  
Anonymous Anónimo said...

Olá LUís

Queres dizer legalização e não despenalização, porque despenalizada já ela o é.

Vamos lá a ver se percebi o que estás a dizer:

-Que há muitas maneiras, formas de uma pessoa se prostituir.
-Que tanto dá ser modelo fotográfico, como modelo qualquer, como prostituta.

e essa é uma óptima achega aqui para o debate.
A Didas (como Rosarinho), já tinha dado a entender que dentro do casamento há muita prostituição, o que estou completamente de acordo.

Se queres saber não tinha pensado neste teu ponto de vista.
Estás a dizer que sempre se deu demasiada importância ao contacto e, ou interpenetração.

Já tinhamos chegado à conclusão que "a cultura judaico-cristã tinha formatado a cabeça das pessoas"; palavras da Didas.

Por mim tudo bem, o que eu quero é que se legalize.


Beijinhos

15:33  
Blogger postquesequer said...

Marta,

Desculpe voltar ao assunto. A minha dúvida prende-se com o facto de não ter evidência nenhuma, atendendo ao aspecto cultural de países tão díspares como Portugal e a Suécia, que o que funciona lá funciona cá (é uma falsidade sempre repetida e não é uma evidência). Quem diz Suécia, diz Finlândia ou outro país nórdico.

Aplicar, ipsis verbis, um determinado enquadramento legal em dois países tão diferentes culturalmente, suscita-me sérias reservas, independentemente de não ter objecções - se realmente resolvesse ou diminuisse drasticamente a actual situação - à legalização.

Basta olhar para actividades perfeitamente legais em Portugal (veja-se a construção civil, p.e.) onde uma parte dos empregados estrangeiros estão efectivamente nas mãos de organizações criminosas (máfias e até os próprios patrões). O facto da actividade ser legal não implica necessariamente (até porque essa transformação ilegal-legal é meramente formal, em determinados casos) a sua legitimidade.


Pois a prostituição é sempre uma indignidade humana.
Torná-la legal não a torna lícita, do ponto de vista filosófico.


O alargamento da mesma medida evitaria efectivamente fugas de jurisdição, de país para país, como actualmente acontece. Aqui acompanho-a no seu raciocínio. Mas basta viajar por alguns países europeus, até da UE (Roménia, p.e.) e outros que querem entrar, para perceber que a Máfia já dirige efectivamente esses países. Assim arriscamo-nos a que o alargamento da medida poucos efeitos práticos traga.

Quanto à fiscalização, infelizmente a matriz cultural que ainda aqui persiste - tentar safar-se, a todo o custo - contrasta vigorosamente com sociedades nórdicas. Com poucas excepções, não funciona em Portugal (veja que a vergonha de descargas poluentes em Leiria, que são às dezenas, vêm de há largos anos e rigorosamente nada se faz).

Carlos Neves

19:48  
Anonymous Anónimo said...

Olá Carlos

Gosto muito de conversar, por isso diga sempre o que quizer.

sim, nunca se pode importar um modelo, seja ele qual for, teria sempre de ser ajustado.

Mas legalizar já não tem só a ver com a Suécia. Já há uma quantidade de países que o fizeram.
Desculpe, não me leve a mal, mas o exemplo da construção civil não serve.
Mais uma vez há máfias, porque os trabalhadores são ilegais, apesar da profissão ser legal.

Máfias a dirigirem países é uma coisa diferente de haver máfias a gerir alguns aspectos de algumas profissões.

Quanto à prostituição,não tenho a mesma visão do Carlos, nem moralmente, nem filosóficamente.

Repare Carlos, a legalização da prostituição iria trazer tantos benefícios às prostitutas, principalmente se fossem desenvolvidos programas de informação para lhes dar um mínimo de segurança no sistema (quando muito é dado ao pobre, ele desconfia) que poderiam ser elas a queixarem-se quando vissem não estarem a ser tratadas como deveriam.
Vai demorar muitos anos, ainda.

Se não estiver de acordo com qualquer coisa, estou ao dispôr.

Beijinhos

22:24  
Blogger postquesequer said...

Cara Marta,

Percebo o seu ponto de vista, mas como já alguém referiu a legalização da "profissão" levaria a branquear muitas situações de ilegalidade e exploração, que não sei se seriam assim tão drasticamente reduzidas.

Infelizmente as máfis não pupulam só nas profissões legais com empregados ilegais, embora aí estejamos num terreno altamente fértil.

Acredite que muitos profissionais legalizados na construção civil, oriundos do Leste e da África Negra continuam nas mãos das máfias (acabou por se lhes fazer o favor de manter a mão de obra, legalizando-a, sem risco de descoberta ou expulsão do país), deixando-lhe tempo livre para outras actividades e limitando-se a recber o dízimo dos ordenados ... para além de que as ilegais provavelmente continuariam a vir. Se a fiscalização não funciona agora, porque funcionará depois?

Como certamente saberá, os locais de prostituição, de rua ou de estabelecimento são por demais conhecidos. Das grandes cidades às vilas deste país, basta dar uma volta. A fiscalização é praticamente inexistente e a prova do facto nem sempre é fácil de validar jurídicamente. Dada a relação de opressão e jugo das redes, penso que a sua legalização não alteraria de modo substancial esse facto, atendendo à origem geográfica de grande parte das prostitutas, da fiscalização e punição que temos e essencialmente, do país que temos!(veja o seu post sobre a pensão de alimentos de 80€. Esse é o país que temos e não o que gostávamos de ter. O País que reduz a pena de um pedófilo porque a criança já tinha 13 anos ...).

Em termos filosóficos, parece-me que discordamos. Embora não tenha ainda encontrado ninguém que ache que ter uma filha, ou filho, a trabalhar na prostituição, sendo ela despenalizada, liberalizada, legalizada ou livre, seja exactamente a mesma coisa que ter qualquer outra profissão ...

Ao nível da saúde pública, as melhorias seriam evidentes. Mas, sabe, o número de prostitutas que afirma serem os clientes a pedir a relação sexual sem preservativo é assustador. Pois, este é o país que temos e não o que gostávamos de ter.

A legalização teria, no entanto, se e quando fôr avante, de contemplar restrições ao nível financeiro e fiscal, senão correríamos o risco de acontecer aqui o que se passou na Alemanha: sendo a prostituição legal e não podendo ser recusada uma oferta de emprego sob pena de se perder o apoio social, uma mulher viu-lhe ser recusado o subsídio de desemprego pois o Centro de Emprego, à falta de melhor, endereçou-lhe como proposta de emprego ... precisamente ser prostituta!

O que aqui escrevo não invalida o facto de considerar que moralismos mais ou menos dissimulados sejam o garante de uma situação atentatória dos direitos das mulheres (em particular). Mas, perdoar-me-à a repetição, o nossos padrão cultural é o que é e que, infelizmente, todos conhecemos.

Beijinhos

Carlos Neves

04:26  
Anonymous Anónimo said...

Olá Carlos

Parece-me que não é em termos filosóficos que discordamos, é em termos culturais, ou melhor dizendo da cultura judaico-cristã.
Ando ser ultimamente "perseguida", pela cultura judaico-cristã.:)
É verdade que não gostariamos de ter uma filha ou filho prostitutos/as.

Mas garanto-lhe que também me repugnava que estivessem a lavar latrinas. Se mais ou menos, é coisa que não lhe consigo responder. Mas que entendo perfeitamente, que mulheres prefiram ser prostitutas a lavarem latrinas, entendo.

Que grande elogio que me está fazer! já leu esse post também?
Obrigado.

Talvez eu seja optimista, mas não acredito que nós, país, não melhoremos. Caramba, é só olhar para trás e ver o que se andou e em tão pouco tempo.
Viu o programa do António Barreto (6 episódios) na RTP1?
Havia coisas de que já me tinha esquecido, mas o país faz uma diferença impressionante. É verdade que podíamos estar melhor.
Sabe o que me chateia? é andarmos todos a dizer a mesma coisa, e depois não se verem esses resultados. Somos nós que legemos os dirigentes.
Já divaguei.

Mas se nunca tentarmos mudar, nunca mudaremos.

Há uma coisa que não percebo no seu comentário: "A legalização teria, no entanto, se e quando fôr avante, de contemplar restrições ao nível financeiro e fiscal..."
Mas que tipo de restrições financeuras e fiscais?
Aquilo que aconteceu na Alemanha e de que me lembro bem, é uma falta de senso asssombrosa, que só estamos à espera que aconteça no nosso país.

Beijinho Carlos.

15:51  
Blogger postquesequer said...

Olá, Marta.

Lavar latrinas e prostituição, desculpe,mas não consigo ver similitude no comportamento e dignidade.

A herança Judaico-Cristã não impede que aqui ao lado,em Espanha, que tem a mesma herança, se tenha avançado muito mais (ou até demais ... segundo alguns). Essa herança também vai dando para tudo :) (brincadeira)

Tem razão, ainda (man)temos muitas vezes essa visão de velhos do Restelo. Mas que às vezes custa viver neste País (principalmente depois de se conhecer outros), ai isso custa :)

Notável (como quase sempre) o António Barreto. Um dos grandes vultos a pensar este país - talvez por isso tão arredado da política - É indiscutível o progresso (que infelizmente nem sempre coincide com desenvolvimento...) deste país em 30 anos.

O relato da Alemanha era só para lembrar que o levar ao absurdo algumas ideias, mesmo com as melhores intenções, nem sempre funciona. Só isso.

Se não se importar e consultados os meus colegas "escrivães" tenciono adicioná-los à nossa lista de blogs recomendados.

beijinhos

Carlos Neves

21:48  
Blogger no largo da graça said...

Viva Carlos Neves, bem vindo a esta praça singela que o brilho das suas palavras e a luz das suas ideias tanto enriqueceu. Bem haja por isso e o nosso maior desejo é que volte muitas e muitas vezes para maior alegria dos nossos corações pelo que o convidamos a escolhas uma destas oliveiras e da sua sombra faça o lugar de onde ouça os outros companheiros e lhes diga de sua justiça de um modo tão encantador e cheio de elegância.
Os melhores votos de paz e saúde para si e todos aqueles a quem quer bem.

Luís F. de A. Gomes

23:49  
Blogger no largo da graça said...

Viva Luís, nosso homónimo, seja muito bem vindo a este humilde largo de oliveiras que tão mais bonito e cheio de interesse ficou pelo bonito da sua visita e a clareza das suas palavras. Volte muitas mais vezes para que possamos partilhar do seu saber e com ele aprender pelo que lhe pedimos que faça sua uma destas sombras de onde vê rostos como o seu que gostam de ouvir e dizer, poque não destas inquietação que vãopelomundo e se nos estampam na alma?
Votos de paz e saúde para si e todos aqueles que ama e o fazem feliz.

Luís F. de A. Gomes

23:53  
Anonymous Anónimo said...

Olá carlos

Pois não Carlos, não tem similitude no comportamento, na dignidade... (dou-lhe de barato).

O que sei é que lavar latrinas é um nojo absoluto, onde não se ganha mais do que o ordenado mínimo.
Não estou a dizer que o faria, mas entendo bem quem prefira ser prostituta a ganhar bastante mais, do que fazer um trabalho de tal maneira nogento por tão pouco dinheiro.
Não tem a ver com filosofias ou teorias, tem a ver com a durísssima realidade e as suas opções.

Defendo este meu país com unhas e dentes.
Nós só o comparamos com outros no que está mal, porque no que temos de melhor ninguém fala.
Para não ser injusta com esta casa, aqui "o Largo.." já fez um debate a pedir 3 coisas boas de Portugal. Garanto-lhe que arranjo muito mais do que três.

Quando aconteceu o desatre em New Orleans, eu só pensava em como era possível ter acontecido na USA, a vergonha de se saber que os diques estavam a dar o berro, e não se terem reparado, a vergonha da falta de assistência; dei por a mim a dizer que isto era à maneira de Portugal. Cá nem sei o que teri aacontecido a quem estivesse no poder, o escândalo seria muito maior do que o furacão. Lá? ficou tudo na mesma.

Só posso agradecer-vos o link, e o Luís também o fará com toda a certeza.

Beijinhos


Marta.

01:21  
Anonymous Anónimo said...

Simpatizo com a ideia de que a legalização poderia contribuir para melhor segurança para as mulheres e maior saúde pública. Não me incomoda que o estado cobre impostos dessa actividade pois faz o mesmo com o jogo e os dinheiros que este geram até são aplicados em matérias de carácter social.
Mas não posso deixar de ter presente que a prostituição é uma actividade que remete quem a pratica para uma situação de indignidade e isto sem qualquer falso moralismo. Está associada à submissão da mulher, pois a mais velha profissão do mundo não terá surgido pela livre inicativa destas mas sim por causa de situações do género de elas fazerem parte do direito de saque de tempos antigos. Gengis Khan, por exemplo, quando conquistava uma cidade, arrogava-se do direito de possuir todas as mulheres, especialmente as virgens que ali tivessem sobrevivido às lutas e massacres. É esta a origem da prostituição e é por isso que ela transmite indignidade a quem a pratica, coisa que não é apagada pelos novos moldes em que é feita e que até admito que possam partir da livre escolha das mulheres que serão sempre uma minoria.
Quanto ao que se diz sobre as estudantes universitárias merece-me a maior reprovação. Conheci muitas pessoas que trabalharam enquanto estudantes e dessa forma pagaram os seus próprios estudos e nenhuma delas se viu na necessidade de recorrer a estas práticas para ter mais uns cobres. Nem me lembro de dizer que devemos de viver dentro dos orçamentos que temos pois isso é uma questão de escolha pessoal.
Contudo, parece-me que as vantagens que pudessem haver na legalização não compensam os riscos que se correriam pela mesma.
Teria que ser feito com muito cuidade e pessoalmente não sou capaz de dizer como. Talvez de forma controlada e apenas em situação de trabalho independente. De outra forma, parece-me que corremos o risco de passarmos os "chulos" a patrões. Mas há pior.
As redes mafiosas não se ficariam de mãos a abanar. Em Portugal o estado é fraco e -como se pode bem ver pelos casos que estão na barra da justiça, da pedofilia ao Apito Dourado- não tem capacidade para aplicar a justiça perante certos senhores e organizações. Correríamos o risco de transformarmos o nosso país no covil de mafias que vendo os seus negócios legais, daqui fariam o poiso para pura e simplesmente tratarem da vida em impunidade e com toda a possibilidade de sempre conseguirem impor os governantes que mais lhe interessassem. Um Macau em tamanho gigante deixaria de ser uma utopia para essa espécie de gente.
Sinceramente a ideia parece-me boa, mas só em países que o estado é forte, como na Alemanha. Nos outros, como em Portugal, corremos o risco de ver o estado submergir perante os poderes das mafias.
Seja como for o tema tem interesse e devemos reflectir nestas matérias.
Dou os parabéns à Marta por isso.

13:12  
Anonymous Anónimo said...

Olá Carla

Não acho que seja argumento dizer-se que Portugal é fraco, ou que não tem fiscalização suficiente.
Desculpe que lhe diga, mas isso não é argumento.
E passo já explicar.
- Os chulos já existem e apesar de ser crime, também não são presos.
- As máfias já existem, e quanto mais ilegais, mais dificuldade em as controlar.
Não consigo perceber como é que as máfias ou os chulos seriam legalizados.
Isso seria, evidentemente, acautelado pela lei que o estado e os juristas fizessem.
E quem diz que daqui a dois ou três, ou mais anos, Portugal não passa a ser um estado eficaz, na fiscalização das suas leis?
Não acredita? e pelo facto de não acreditar, as coisas têm de ficar na mesma?
Desculpe, mas no meu ponto de vista isso, é uma falsa questão.

Trabalho independente?
Saberá a Carla que as casas de alterne são legais?
e como a prostituição não é penalizada, existem todos, JÁ, com o maior dos à-vontade.

Tenho pena de não estar de acordo com a Carla, mas a prostituição não vem do tempo do saque dos Vencedores.
O saque dos vencedores é igual a violação e escravatura, nada tem a ver com a prostituição.
A prostituição é uma troca, é uma venda, tenha ou não sido por escolha própria. mesmo nos tempos do Gengis Khan.

Mas estou de acordo que está ligada à sujeição da mulher, tal e qual estavam as nossas bisavós e avós, já para não falar das mães, que nada tinham de seu, que mesmo aquilo que herdassem dos pais lhes era tirado, e que não podiam dizer não ao marido, porque era essa a sua função como mulheres casadas.
Isto não lhe parece indigno, também?
Ou a sujeição só é indigna porque se cobra? é que se é esse o caso, já estamos no domínio da moral.
E sobre moral eu não discuto.

Sobre estudantes universitárias, ninguém disse que era todo o universo das estudantes e também ninguém disse que elas teriam de viver com o dinheiro que tinham.
Sobre este assunto, tenho muita pena de lhe dizer, que quem conhece a problemática da prostituição, sabe que existe e que diariamente aumenta. É irrebatível.

Beijinhos

15:23  
Anonymous Anónimo said...

ACHTUNG:

MFI está para breve.
Será lançado no Largo da Graça, por empréstimo, o Largo vai-nos dar o privilégio de "viver" nesta prestigiada morada.

Ass: MFI

12:38  
Anonymous Anónimo said...

Bom dia Marta
Este é um tema muito complicado e isso é patente pelas diversas intervenções dos comentadores e eu, pessoalmente, apesar de ter compreendido que por motivos de ordem prática até pode ser benéfico para a sociedade a legalização da prostituição, continuo a pensar o problema a partir de princípcios de ordem moral e por isso custa-me muito admitir essa proposta e se por absurdo houvesse agora um referendo sobre a mesmo, acho que votaria pelo não. Mas admito, repito-o que esta conversa me acrescentou alguns dados em que nunca tinha pensado e levou-me a alterar os meus pontos de vista no que se refere aos aspectos de ordem prática de que falei. Seja como for, ainda vejo o caso pelo lado da indignidade que transmite às mulheres que exercem uma tal actividade.
Seja como for, não queria deixar de dar os parabéns à Marta pela coragem que revelou ao propor e ao intervir da forma como fez neste debate. Nesse aspecto, deu-nos uma lição a todos em termos de participação cívica.
Apesar do melindre do tema, todos os restantes intervenientes também estão de parabéns pelo modo elevado como participaram e trocaram ideias. Isso já e habitual neste espaço que jáme habituei a visitar, mas nunca é de mais enaltecer. Aí o mérito vai para o Luís que tem sabido receber e nunca deixou de respeitar as ideias dos outros.
É um grande exemplo de democracia aquele que vocês aqui dão e só é pena que não seja mais divulgado.
Um bom fim de semana para todos.

13:33  
Anonymous Anónimo said...

Olá Amélia

Já tinha dado pela sua falta.

Obrigado, mas este debate, segundo o meu ponto de vista deve-se a duas pessoas:

1ª a si, que provocou um mini debate entre nós duas. Nunca me lembraria de falar da legalização da prostituição, se não fosse não ter estado de acordo com um seu comentário. Obrigado

2ª ao Luís, que se arriscou ao me propôr que elaborasse um texto, que desse para um debate e ainda mais se arriscou, quando me permitiu fazê-lo como eu o entendesse. Obrigado também.

Percebo o peso dos conceitos morais sobre este assunto e por isso desde o ínicio disse que não os discutiria.
Mas no entanto, Amélia, gostava de lhe chamar a atenção que não é por não ser legalizada, que a prostituição é mais ou menos indigna.


Um beijinho grande.

15:43  
Anonymous Anónimo said...

Muito obrigada pelas suas palavras, Marta, mas o mérito do debate é inteiramente seu e sem o conhecer de parte alguma, mas pelo que se pode ver por este blog, estou convencida que o Luís será o primeiro a concordar comigo.

Outro para si

20:03  
Anonymous Anónimo said...

Mas o Luís é suspeito.

Está sempre nos elogios!
(Sorriso)

22:42  
Anonymous Anónimo said...

Estive a manhã a ler os comentários e começo por dar os parabéns a todos. Estamos perante um exemplo de elevada cultura democrática o que para mim é obra e digno do máximo respeito. A Marta merece um muitíssimo obrigada e pelo meu querido amigo Luís fico feliz como sei que ele se sente depois de assistir a um fórum como este no espaço que ele idealizou.

Confesso que vejo um pouco o problema como a Amélia Costa; não há como rodear o facto de a prostituição ser fonte de indignidade e vou mais longe, pois a ideia será sempre procurar se não acabar com ela, diminui-la à mais ínfima expressão possível. Num mundo ideal ela não existiria mas é claro que nós não vivemos num mundo ideal, muito antes pelo contrário.
Consequentemente e sem fazer, por um lado concessões ao pragmatismo que é, muitas vezes, uma forma de fugir aos problemas e, como escreveu o Luís alhures, vem quase sempre seguido da falta de escrúpulos e, por outro lado, sem cair na ratoeira de procurar baixar as exigências dos valores morais, como alguém aqui defendeu como a possibilidade de se vir a aceitar a legalização, pois bem, sem uma coisa e a outra, antes fazendo acentuar os princípios de ordem moral e ética por que nos regemos, temos que ter sentido prático e perceber que pura e simplesmente nada poderemos fazer para, por decreto, acabar com tal flagelo.
É aí que deveremos perguntar se as prostitutas, elas próprias, não são pessoas como as outras igualmente possuidoras de dignidade. E a resposta é sim. E aí entra a legalização como uma possibilidade de elas se verem respeitadas apesar da actividade que exercem.
Não sei decidir se a legalização contribuiria para diminuir o crime que envolve estas práticas e parece-me que tanto num sentido como no outro foram apresentados bons argumentos. Mas sei que a situação actual é o que é.
Por isso me parece que seria de aceitar uma experiência controlada de enquadrar legalmente aquele exercício e ponderar as vantagens e desvantagens do mesmo. Não me perguntem como pois me parece que isso seria motivo de discussões entre grupos de trabalho ou grupos de cidadãos dispostos a tratar o assunto. Mas acho que o melhor caminho seria pela via dos pequenos passos isto é, de uma experiência controlada.

O contingente maior das prostitutas chegam aí por não terem outra opção, por verem uma vida afunildada para essa saída trágica. São elas que nos merecem o respeito de ponderarmos a sério este problema.

Não concordo com as comparações deste falego com as situações que se vivem em casamento e a comparação entre a criação artística, mormente literária e a prática em causa não tem qualquer sentido e, com todo o respeito e mesmo tendo em conta o que escrevi anteriormente, é manifestamente abusiva para aqueles que tanto têm contribuido para que o mundo seja mais belo e inteligente.

Acabo como comecei, com um grande bem-haja para todos os que participaram nesta conversa que serve de exemplo de fórum cívico. Para a Marta a minha admiração, para o Luís o sorriso por uma amizade que tantas alegrias me dá.

Um santo dia de Sábado para todos vós

Zara Malacuto

13:03  
Blogger no largo da graça said...

Viva Luís, belo o fim-de-semana que desejo esteja a passar.
Entre o trio de blogs que refere no seu prefil, tomei a liberdade de linkar o "Outras Notas" por me parecer que é aquele cuja Autoria aó a si pode ser atribuida.
Contudo, o outro espaço que dedica à fotografia também será objecto de destaque na nossa janela das "Fotos Que Gritam". Desde já agradecemos a sua concordância com a decisão tomada e aproveitamos para lhe dizer que nos encantaria se nos oferecesse um dos seus trabalhos fotográficos, de preferência inédito, se não for pedir muito, para que o possamos exibir justamente naquele cantinho que no "Atirei o Pau ao Gato" é unicamente dedicado a um tal género artístico. O nosso bem haja pela sua atenção.

A melhor paz e saúde para si e todos os que lhe são queridos

Luís F. de A. Gomes

15:21  
Blogger Dragon Soul said...

Luís F. de A. Gomes, o meu sentido agradecimento pela sua visita à minha tasca, levou por lá uma linkadela, espero que não se importe. Bom fim-de-semana

19:13  
Anonymous Anónimo said...

Olá Zara


Obrigado pelas suas palavras tão simpáticas.
Só conheço o Luís virtualmente, mas apesar disso gosto do que tenho conhecido.
Por todo o desenvolvimento do seu raciocínio, é bem uma digna amiga do Luís.

No entanto, e apesar de não ser este bem o contexto para desenvolver muito o assunto, sabe bem que há mulheres que ainda só estão casadas, para se aproveitarem de toda uma situação económica e nível social.
Vendem-se. E é neste aspecto que se pode fazer a comparação.

Quanto à escrita....ela já existe.
O que se falou foi da edição de um livro de uma prostituta, que em menos de um mês vendeu 7 edições de 20.000 exemplares cada. É um best seller. Contra factos não há argumentos.
Não sei o que o livro trata. Não faço tenções de o comprar, ou de ler. Não tenho o mínimo de curiosiddade. Mas também não faço tenções de comprar ou de ler, tanto livro que acho deve ser uma porcaria...
Nunca esteve em causa a comparação com aqueles que "têm contribuído para o mundo ser mais belo e inteligente".

O melhor do mundo para Si.


beijinhos

20:30  
Blogger foryou said...

O que eu lamento mesmo é que haja necessidade de prostituição, quer por parte de quem a pratica quer por parte de quem a procura.

Bem o tema como de costume dava pango para mangas mas... como preciso trabalhar, acho que essa frase já basta.

13:13  
Anonymous Anónimo said...

Olá Foryou

Isso é toda uma conversa bem diferente!

Claro que sim!

Da parte da oferta, a maioria (talvez) é por necessidade, por ter nascido no meio

agora a procura...
ainda há pouco tempo (o tempo é sempre relativo, os pais ainda iniciavam, sexualmente, os seus filhos levando-os "às putas".
Até há pouco tempo, o divertimento de grupos de amigos era "irem às putas".
Até há pouco tempo, com a mulher só se fazia a posição do "missionário", quando eles queriam mais iam "às putas", porque tinham respeito para com as mulheres.
A cultura judaico-cristã, era, é, terrivelmente espartilhada no que ao sexo diz respeito.
E depois há toda uma série de problemas que só se conseguem resolver com as prostitutas.
Fiz a deriva porque este deve ser o último post.

Tudo de bom para si

Beijinhos.

13:49  
Blogger no largo da graça said...

Viva Sr. António, faço votos para que este fim-de-semana tenha sido proveitoso para si e que o seu final se encha do encanto dos momentos felizes.

E como é óbvio não nos importamos, de modo algum, antes pelo contrário, ficamos honrados pelo facto de esta janela do "Atirei O Pau Ao Gato" fazer parte da sua lista de blogs a visitar. Bem-haja por isso.

Os melhores votos de paz e saúde para si e todos aqueles a quem quer bem.

Luís F. de A.Gomes

21:13  
Blogger no largo da graça said...

Desta vez começamos por nos despedir de todos vós a quem agradecemos a generosidade e a grandeza com que participaram nesta conversa e dessa forma contribuiram para lhe conferir todo o interesse.
Perante todos, curvo-me em sinal de respeito e admiração por isso.
Desde já os convidamos para que entrem no próximo debate sobre a cidadania que mais uma vez fazemos votos para que seja do vosso inteiro agrado.

Luís F. de A. Gomes

21:15  
Blogger no largo da graça said...

Para a Marta um viva a vida, pois mais nada poderei fazer para lá de me ajoelhar e vergar-me perante tamanha grandeza.
Nunca o "No Largo da Graça" teve uma conversa em que o espírito com que o blog foi feito tivesse sido tão bem posto em prática.

Para ela, todo o amor que haja nesta vida.

Luís

21:18  
Anonymous Anónimo said...

Não der a ningem o que vovê não quer para se próprio!!!!!!!

17:48  

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