2007-04-15

DEPOIS DAS FESTAS O PENSAMENTO

Este ano, o que nem sempre sucede, a Páscoa cristã dos católicos e dos ortodoxos calhou precisamente no mesmo Domingo que, por sua vez, ficou no decurso da semana das festas da Pessach. É pois este um bom momento para, passadas as festividades, conversarmos serenamente sobre Deus no mundo de hoje.
Mais do que entrar pelo caminho de discutirmos se acreditamos que Ele existe ou não o que nos parece ser uma conversa estéril, mais que isso, gostaria de lhes perguntar se acham que há espaço para Ele nos dias que correm? Neste mundo materialista e consumista em que vivemos, neste mundo em que tantas vezes somos determinados pelas obrigações das nossas vidas profissionais que em tantos casos acabam por nos afastar de nós e daqueles a quem queremos bem, nestas circunstâncias há lugar para Ele neste mundo moderno? Como, isto é, em tais contextos, que lugar lhe poderemos atribuir nas nossas vidas?
Mas estas são, naturalmente, questões que se colocam àqueles que sejam pessoas com Fé. Mas como não acreditamos no proselitismo e temos por adquirido que não é preciso sermos religiosos para sermos justos, aquilo que pergunto aos restantes amigos é se acham que as pessoas que levam uma vida de acordo com princípios religiosos são menos modernas que as outras, isto é, se fazem sentido no mundo de hoje e se, em conformidade, merecem ou não respeito? Devemos procurar abolir Deus do quotidiano actual ou pelo contrário, respeitar aqueles que O seguem? A religião, os princípios religiosos, a moral e a ética que decorrem da educação religiosa são incompatíveis com o mundo moderno? Não há nada de válido que se possa extrair de uma tal coexistência?
É claro que não estamos a considerar os extremos fundamentalistas e totalitários que muitas vezes nem mesmo nada têm a ver com a Fé mas tão só com a ganância da sede de poder absoluto sobre as pessoas e as coisas e que obviamente de todo condenamos.
Eis a nossa proposta desta quinzena, esperamos que mais uma vez motive o vosso interesse e seja do vosso agrado.

45 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Acredito que exista espaço para Ele. Como é claro cada um tem uma abordagem sobre Deus. Se para uns Ele tem a forma humana, para outros está em todo o lado. E o espaço d’Ele surge exactamente nos intervalos de pensamentos aflitivos. Onde muitos perguntam que será das suas vidas. Perante a falha do mundo material, Ele surge como o único que ouve as lamentações confessáveis e inconfessáveis.

Parece-me que as devoções (nada de fundamentalismos) devem ser respeitadas. Se a família X consegue ter ânimo para enfrentar o que de mal surge com o apoio entre os seus familiares. A família Y já pode necessitar de acreditar na existência de uma entidade superior que os apoia. Será uma fonte de ânimo. A crença desempenha um papel diferente na vida de cada um, e desde que não prejudique terceiros, deverá ser respeitada.

Quanto à educação religiosa, nomeadamente em colégios de freiras, dos casos que até hoje conheço não me parecem condicionar de modo algum que os frequenta enquanto aluno. Tratam-se de alunos que estudam em tais instituições porque os pais assim decidem, visto ser um ensino rigoroso e tem um outro tipo de acompanhamento que os estabelecimentos públicos não permitem. Todavia, e pelo que me tem sido dado a observar, quando chegam à universidade adoptam muitas vezes uma atitude dentro e fora da aula oposta à que tiveram durante vários anos no colégio de freiras. Não regem as suas vidas pelos ensinamentos da Igreja. Não gostam de frequentar igrejas. Isto obviamente, é apenas e só relativo aos casos que conheço, cerca de quinze até hoje.

A sociedade é ainda muito marcada pela religiosidade, desde logo se nota pelo uso de expressões nas quais Deus é invocado. Mas não me aprece de modo algum que isso condicione o espaço d’Ele no quotidiano. Afinal a criança imita a fala dos pais, e se os ouvir a dizer “Valha-me Deus!” preocupa-se em repetir e não pensa propriamente na frase que repete. E não sendo punida, pois não disse nenhuma asneira, continuará a repetir.

Parece-me então que o espaço de Deus nos dias que correm, depende necessariamente da sensibilidade de cada indivíduo a crenças, pois sem tal sensibilidade dificilmente existirá espaço para Ele (como o caso de alunos de instituições religiosas).

19:48  
Anonymous Anónimo said...

Há espaço para Ele nos dias que correm, sempre houve e continuará a haver. Os homens precisam da Fé para sentirem que têm uma razão de ser, de outra forma a humanidade poderia perder o sentido e obrigatorimente isso a conduziria à extinsão. Naturalmente nem todas as pessoas vivem segundo os ensinamentos das religiões, mas a Fé existe e com ela a esperança de um sentido para a humanidade. Honestamente, não sei se por outras fontes tal seria possível de atingir e por isso disse ser ela necessária.
É claro que a ninguém deve ser imposta uma Crença, qualquer que ela seja, mas também a ninguém deve ser negada a possibilidade de expressar e fazer uso dela, desde que por via disso não desrespeite quem quer que seja.
É claro que no mundo moderno já não há lugar para que a religião se imponha à sociedade e ao governo dos homens, embora isso ainda aconteça em muitos países, especialmente muçulmanos e obviamente que é condenável qualquer apologia de guerra santa ou religiosa.
Pessoalmente não vivo segundo nenhuma religião nem mesmo me sinto uma pessoa de Fé. Mas não considero quem assim se sinta diminuido por isso. Seria tão intolerante pensá-lo como o reverso de um qualquer cura querer guiar-me nos passos da minha vida.
Boa semana para todos.

23:14  
Anonymous Anónimo said...

Só a nossa espécie tem capacidade de desenvolver pensamento religioso. Essa é uma das características eminentemente humanas que nos distinguem das outras espécies de mamíferos, em especial com ou outros primatas com quem partilhamos muito do nosso código genético, mas também em relação aos anteriores hominídios e todos os antepassados da nossa árvore genealógica, se é que o termo aqui tem alguma validade.

00:11  
Blogger CIDE said...

A possibilidade de um "retorno", (eterno retorno)às nossas origens, ao "princípio" é o que melhor caracteriza o pensamento religioso. E sendo assim, continua e continuará a haver lugar para a Religião e para a fé.
Como diria Mircea Elliade, voltar atrás e "recomeçar", renovar e/ ou recomeçar é, a nível psicológico (pelo menos a esse nível)uma crença fundamental. Para além disso, o Homem é seguramente um "ser religioso" porque se "re-liga" a entidades que o superam, mesmo que não se sinta como tal. Aliás, uma das principais dimensões do ser humano (mesmo ateu), para além da dimensão ética, estética, é a dimensão religiosa; a tendência para o "incondicionado", diria Kant, o desejo de se superar a si próprio, transferindo-se para o sobrenatural ou metafísico. Se não for Deus, será concerteza o Absoluto, de que nos falava Hegel.

Luís Mourinha

09:35  
Blogger mac said...

"A religião, os princípios religiosos, a moral e a ética que decorrem da educação religiosa são incompatíveis com o mundo moderno?" A moral e a ética não decorre da educação religiosa. A moral e a ética é 1 coisa necessária à nossa vida em sociedade, e são princípios básicos e universais...
Há lugar para Deus se as pessoas asim o quiserem. Se calhar só se lembram Dele quando estão a atravessar alguma crise e precisam daquela força extra, ou quando alguém morre e vão buscar conforto Nele. A diferença entre hoje e outros tempos é que as pessoas vivem a fé, cada uma à sua maneira, sem hipocrisias, sem aquele tabu de faltarem à missa ao Domingo.

15:26  
Blogger CIDE said...

Mac,
está enganado(a). Diria, equivocado! A ligação ou "re-ligação" é das atitudes mais ancestrais de todas.

21:40  
Anonymous Anónimo said...

Nunca tive religião. Os meu pais educaram-me sem qualquer referência religiosa. Não tenho dúvida que a religão, em Portugal e no mundo, tem sido causa de guerras e de muito sofrimento. No Ocidente conseguiu-se a separação entre a igreja e o estado e com isso a religião deixou de ter o poder de impor as suas regras de vida sobre toda a sociedade. Hoje em dia a opção religiosa trata-se de um assunto privado e como tal deve permanecer pois nem todos são crentes. Nessa dimensão não vejo qual seja o problema de haverem religiões e aqueles que decidam seguir os respectivos princípios de vida, desde que não tentem impô-los aos outros.
Deus será importante para aqueles que são crentes. Eu nunca senti necessidade de o considerar para traçar o rumo da minha vida.
Cumprimentos para todos.

21:50  
Blogger CIDE said...

Temos que distinguir entre Igreja e Religião. A segunda é mais antiga que a primeira. A Igreja é uma Instituição criada pelos homens; a Religião é uma atitude, a mais antiga de todos os tempos.

E, convém que diga, daqui fala o Ateu,Luís Mourinha, que tem a noção de que a fé é uma realidade bem distinta das "obras" humanas, criadas para venerar Deus, tais com as Igrejas.

22:00  
Anonymous Anónimo said...

Estou com o Paulo, pessoalmente fui criado naquela máxima que a religião é o ópio do povo.
Desde que ninguém pretenda impor uma crença e uma vida de acordo com os padrões da mesma, as religiões são aceitaveis e acredito que têm um papel no mundo actual, pelo menos na denúncia das injustiças e na promoção de valores positivos para a vida. O problema é que nem sempre isso acontece.
Abolir Deus seria tão totalitário como a imposição de um religião a um povo. Desde que respeitem os ateus e agnósticos, os crentes merecem igualmente todo o respeito.
Cumprimentos

23:54  
Blogger CORRE PÉ said...

É claro que Ele? tem espaço e cada vez mais, uma vez que vivemos cada vez mais num mundo descredibilizado, e se há coisas que o Homem tem necessidade é de acreditar em algo, quanto mais não seja em utopias.

11:41  
Anonymous Anónimo said...

Nietzsche quis abolir Deus (Anti-Cristo)e criou uma espécie de Religião.

Luís Mourinha

19:49  
Anonymous Anónimo said...

Tema difícil, pelo menos para mim que não tenho qualquer formação nem crença religiosa e nunca reflecti sobre estes assuntos. Mas acho-o interessante, pois já várias vezes tenho dado comigo a pensar se os poderes religiosos não se estão a conseguir impor às populações numa boa parte do mundo árabe e nos países de maioria religiosamente islâmica. Mesmo na Europa temos vindo lentamente a assistir a um acréscimo de influência desses poderes sobre as comunidades imigrantes.
Não me parece que essa situação seja boa para a democracia e o estado de direito -vamos aceitar tribunais religiosos para julgarem os crentes no domínio dos seus direitos civis?- e nesta dimensão a religião acaba sempre por se incompatibilizar com a liberdade. Devemos estar atentos a isso que poderá conduzir ao tal choque de civilizações de que tanto se fala.
Confeso que não tenho muitos elementos e argumentos para adiantar muito mais do que disse.
Cumprimentos para todos.

22:44  
Anonymous Anónimo said...

"Contra o Fanatismo" de Amos Oz, saíu esta manhã no "Público". Recomendo.

23:39  
Anonymous Anónimo said...

O mal não está na religião, propriamente dita. Nenhuma religião ensina maus princípios para a vida. O mal está precisamente no fanatismo e este nunca fez qualquer sentido, mas é tão antigo quanto o homem.
Concordo com o Sr Fernando, tema difícil mas interessante e cheio de actualidade.

00:24  
Blogger Pelourinho said...

Contribuição para a Utopia - Buda

Todas as coisas são precedidas pela mente, guiadas e criadas pela mente.

Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado.

O que hoje pensamos determina o que seremos amanhã.

Nossa vida é criação de nossa mente.

Se falarmos ou agirmos com a mente contaminada (pela ilusão), o sofrimento nos acompanha tal como a roda segue os passos do boi que puxa a carroça.

Se falarmos ou agirmos com a mente lúcida, a felicidade nos acompanha tal como a sombra segue o corpo do qual se projeta.

http://institutofuturista.blogspot.com/

08:40  
Anonymous Anónimo said...

Então a religião já não é o ópio do povo?

22:36  
Anonymous Anónimo said...

O cristianismo está na origem da Europa. Foi a Igreja de Roma que a seguir ao Império Romano manteve o eixo aglotinador dos povos do continente e e o cristianismo moldou a cultura europeia, dando-lhe características específicas e um substrato comum. Apesar de todos os erros do passado, o Papa João Paulo II pediu perdão por alguns deles, a religião sempre teve um papel bastante positivo na vida das populações e é dele que decorrem a maior parte dos valores que partilhamos hoje em dia.
Omesmo continuará a acontecer no futuro.

00:18  
Anonymous Anónimo said...

Não tem sentido falar contra a religião. Como alguém diz aqui, há que distinguir religião e igreja e se esta é culpada pelos mais diversos erros e até crimes, aquela é parte fundamental da cultura europeia que ficaria irreconhecível se por absurdo abolíssemos aquela.
Mais uma vez o querido Luís nos proporciona um tema de conversa cheio de interesse.

10:15  
Blogger Hainnish said...

Também para mim, como para outros comentadores antes de mim, este é um tema difícil, porque é completamente alheio ao meu quotidiano. Não sou crente e nem sequer fui baptizada, tendo ido à igreja poucas vezes durante a vida e apenas por respeito para com terceiros, para quem o ritual religioso é importante.

Na minha opinião, religião e ética não estão intimamente relacionadas. Há, sem dúvida, uma ética religiosa, mas existem muitas outras. E todos nós conhecemos histórias de velhas beatas crentes e devotas que são profundamente mesquinhas e maldosas. Por outro lado, conheço ateus de ética inabalável.

No entanto, creio que a religião é uma das bases estruturantes da sociedade, uma das mais antigas. Fornece duas coisas importantes para o bom funcionamento social: primeiro, o apoio emocional/psicológico, o conforto que advém da crença de se estar acompanhado e vigiado por uma entidade superior; e segundo, um código moral estrito, com regras bem conhecidas, que recompensa os comportamentos socialmente “correctos” e pune os “incorrectos”.

Claro que há outro tipo de crenças, para além das religiosas, que podem fornecer exactamente as mesmas bases sociais estruturantes: por exemplo, uma ideologia.

Por fim, creio que sem qualquer tipo de crença (não obrigatoriamente religiosa), o ser humano se perde um pouco. Talvez por isso a nossa sociedade actual seja tão individualista, tão “cada um por si”, tão sem regras. Vivemos uma época de crise de fé.

11:31  
Blogger CIDE said...

Hainnish, faço minhas as suas palavras que citei em baixo. De facto, a Religião é uma dos pilares das Civilizações. Mesmo para os ateus é um modelo de organização e orientação social das comunidades.


"No entanto, creio que a religião é uma das bases estruturantes da sociedade, uma das mais antigas. Fornece duas coisas importantes para o bom funcionamento social: primeiro, o apoio emocional/psicológico, o conforto que advém da crença de se estar acompanhado e vigiado por uma entidade superior; e segundo, um código moral estrito, com regras bem conhecidas, que recompensa os comportamentos socialmente “correctos” e pune os “incorrectos”."

12:09  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns pelo tema. Parabéns pela conversa. Parabéns pelo blog.

19:13  
Anonymous Anónimo said...

Pois eu sou ateu, não preciso de religião para nada. Só há mistérios que as ciências ainda não conseguiram explicar.

22:24  
Blogger Joaquim Nobre (JJ©N) said...

Ele existe ou não...
Nós estamos aqui ou noutro lugar?
a realidade é presente ou ilusão?
o espaço e o tempo coexistem?
a alma existe ou não...

Eu pergunto, tu tens a tua opinião
Eu penso, tu esperas um sinal
Nós somos a única solução
ou pura energia espiritual?

00:01  
Anonymous Anónimo said...

Os Bispos católicos chamam a atenção para a falta de seriedade na luta contra a pobreza em Portugal.

00:14  
Anonymous Anónimo said...

O tema proposto presta-se a muitas confusões por falta de conhecimento e por se partir, muitas vezes, de princípios que não correspondem à verdade.

- A palavra religião significa re-ligação, entre o baixo e o alto, ou seja, entre os homens e Deus, como se tivesse existido um momento em que se verificou uma separação ficando como legado a saudade (do re-encontro).

-Não se deve confundir Igreja com Religião. Igrejas há muitas e Religiões também.

-Não se deve confundir Catolicismo com Cristianismo. Cristianismos há muitos - católicos, ortodoxos, protestantes, anglicanos, etc..

-Não se devem, portanto, confundir as incongruências dos católicos ao longo dos tempos (inquisião, venda de indulgências, intolerância religiosa, conservadorismo, alianças com o fascismo...) ou de outras organizações religiosas, com a mensagem de Cristo.

Falar de Cristianismo é uma coisa diferente de falar de outros sistemas religiosos, como o Judaismo, Islamismo, Induismo, Taoismo, Budismo, etc,. etc.

Todas as religiões são concordantes num ponto, embora se lhe refiram de maneira diferenciada: através do cumprimento de determinados princípios e de determinadas práticas é possível, digamos assim, a conquista de níveis de existência mais evoluídos, ou como se costuma dizer entre os cristãos, a salvação da alma.

Carlos Alves

P.S.: As notícias mais recentes do nosso Movimento das Forçs Interrogativas (MFI) estão a ser desenvolvidas em http://estoriasdeoutrosvelhos.blogspot.com
Naturalmente que aguardamos as vossas sugestões e comentários. Têm link a partir daqui.

10:12  
Anonymous Anónimo said...

Concordo que a religião tem um papel bastante positivo na vida dos homens pois aí estes podem encontrar um sentido para as suas vidas. Ainda que a esse nível não seja a única fonte, é a mais antiga.
É verdade que temos que distinguir entre a religião -a crença e a ideologia- das hierarquias e poderes religiosos. Enquanto aquela tem sido motivo de alegria para muitíssimos seres humanos, estes têm sido uma das causas dos maiores sofrimentos. É por isso que a separação entre os poderes político e temporal é importantíssima e garantia de liberdade -até ao nível religioso- e de paz social.
Mas há que evitar o fanatismo que tem sido a causa do terrorismo apocalíptico que provocou o onze de Setembro e este parece-me que só é evitável a partir de uma sólida educação cívica, coisa que no Ocidente se está perder com o reltivismo cultural e o pós-modernismo. Não tenho dúvida que será mais fácil evitar que combater o fanatismo. Quanto a este aspecto específico, tudo o que possa contribuir para a libertação da mulher confluirá indirectamente para tirar o tapete debaixo dos pés de muitos que manipulam o fanatismo para disso tirarem proveitos e poder. Quanto a mim, é este o combate político e social do século vinte e um e a par das guerras pelo controle da água, ditará se teremos um ou não um futuro neste Universo. Espero sinceramente que isso aconteça.
Bom fim-de-semana para todos.
Mais uma vez parabéns ao Luís por este tema difícil, como muitos têm dito, mas muitíssimo importante e, no meu caso pessoa, é pena que só agora esteja a pensar um pouco mais profundamente nestes assuntos, mas é aí precisamente que reside o mérito deste Largo da Graça.

10:18  
Anonymous Anónimo said...

"Mas como não acreditamos no proselitismo e temos por adquirido que não é preciso sermos religiosos para sermos justos, (...)"
Querem melhor exemplo de tolerância? Isto chegaria para afirmarmos que uma vida de acordo com princípios religiosos demodo algum pode ser incompatível com o mundo em que vivemos. Aliás, como de diferentes formas já aqui foi sublinhado, a propensão para a transcendência e mormente a religiosa, faz parte da natureza humana. Por isso, considerar os crentes em pessoas antiquadas seria um disparate de todo o tamanho.
Bom fim de semana para todos.

13:07  
Anonymous Anónimo said...

Como se explica que hajam cientistas crentes?

22:03  
Anonymous Anónimo said...

Pára-raios nas igrejas
servem para lembrar aos ateus
que os crentes por mais que o sejam
não têm confiança em Deus.

António Aleixo

22:49  
Anonymous Anónimo said...

Volto a recomendar o livro de Amos Oz, "Contra O Fanatismo". Apesar de ser de 2002 é uma leitura imprescindível para se compreender a natureza do fanatismo e as possibilidades de lhe travar o passo. Sentido de humor, a capacidade de imaginar o outro e a capacidade de reconhecer a capacidade peninsular de cada um de nós são ingredientes que podem fornecer "uma defesa pacial", para usar palavras do Autor, "contra o gene fanático que todos temos dentro de nós".
A não perder.

12:19  
Anonymous Anónimo said...

Sr. Armando Coelho, pode dar-me as referências desse livro de Amos Oz?
Desde já lhe agradeço a atenção.

12:28  
Blogger jm said...

Se imaginarmos Deus como a primeira essência do Ser, ele só pode estar dentro de cada um. Mais fechado nalguns e mais livre noutros, conforme tenham percorrido menor ou maior caminho interior na sua direcção, entrando consciente no mundo do inconsciente, através da meditação, como um espectador passivo. A paz, a integração, resultam na alegria da criatividade, o Ser a cumprir-se.

20:00  
Anonymous Anónimo said...

A religião é um assunto privado. Há separação entre o poder político e os poderes religiosos e a liberdade religiosa está salvaguardada. É assim que deve ser e enquanto for assim não há qualquer problema. O fanatismo vai existir sempre mas as suas consequências devem ser prevenidas pela lei. Deve ser combatido e prevenido apenas no plano das ideias.
Sublinho o nível de tolerância revelado nos comentários anteriores que é tanto mais expressivo se tivermos em conta que a maior parte das pessoas se afirmam estranhas a qualquer Fé e prática religiosa.
Sou da opinião que vivemos temposmuito difíceis a este nível. Cresce a intolerância e a agressividade de certos sectores mais radicais e fanáticos que advogam e proclamam o propósito de destruir o estado de Israel. Temo que se esteja a desenhar um segundo Holocausto que resultaria do bombardeamento de Israel com bombas nucleares e a verdade é que temos assistido a um subreptícia e lenta mas paulatina diabolização das populações judaicas e dos pontos de vista israelitas, cada vez mais pintados como os maus da fita. Felizmente Portugal está por enquanto alheio a este clima que se sente em muitos países europeus e que se traduz em políticas externas dúbias perante organizações como o Hamas ou o Hezbolah e o estado de guerra que mantêm com Israel. Esta conversa "No Largo da Graça" reflecte essa situação de tolerância perante o fenómeno religioso e as práticas religiosas que naturalmente se estende a todas as religiões sem descriminação de nenhuma. Dou os parabéns a todos os comentadores por isso.
A primeira barreira que colocamos à intolerância religiosa, ao racismo, ao fanatismo, a todos os fundamentalismos é precisamente o respeito pela liberdade de pensamento e expressão e por isso mesmo pela liberdade religiosa também. Numa expressão, o respeito pelo outro que será tanto mais efectivo quanto formos capazes de nos colocarmos também do lado dos seus pontos de vista e sentimentos e formos capazes de imaginar as consequências dos nossos actos para com eles.
Um resto de bom Domingo para todos e tabém uma boa semana de trabalho.

Zara Malacuto

18:27  
Anonymous Anónimo said...

Sábias palavras, Zara, sábias palavras.

21:17  
Anonymous Anónimo said...

Não sei se o livro estará à venda pois foi distribuido gratuitamente com o jornal "Púbico". A editora é a Asa, mas a publicação é uma co-edição com aquele jornal. Talvez onde compra o jornal seja o sítio mais indicado para perguntar.
Lamento não poder ser mais útil.

22:44  
Anonymous Anónimo said...

És muito amável Rudy, mas infelizmente, se bem que admita o meu pessimismo, aquilo que escrevi sobre o segundo Holocausto faz todo o sentido e cada vez mais vejo sinais que apontam para isso.
Entra num blog, "A Rua da Judiaria"; aí encontrarás todo um argumentário a esse respeito que a mim, pessoalmente, me deixou estarrecida. Seja como for, vale a pena meditar naquilo que o senhor sustenta e ele é muito erudito e escreve muitíssimo bem, com muita elegância.
Um beijinho
Zara

09:24  
Anonymous Anónimo said...

Sempre a mesma Zarita. Qual o endereço do blog?
Tudo de bom, minha querida amiga

10:43  
Anonymous Anónimo said...

Ámen.

23:37  
Anonymous Anónimo said...

Aqui vai o endereço, Rudy:
http://ruadajudiaria.com/
Entre, lê e depois diz-me o que pensas.
Zara

13:07  
Anonymous Anónimo said...

VIVA O 25 DE ABRIL!

23:00  
Anonymous Anónimo said...

Evangelho segundo S. João 6,44-51.

Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não atrair; e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia. Está escrito nos profetas: E todos serão ensinados por Deus. Todo aquele que escutou o ensinamento que vem do Pai e o entendeu vem a mim. Não é que alguém tenha visto o Pai, a não ser aquele que tem a sua origem em Deus: esse é que viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto, mas morreram. Este é o pão que desce do Céu; se alguém comer dele, não morrerá. Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.»

Da Bíblia Sagrada

08:11  
Blogger no largo da graça said...

Mais uma vez lhes agradecemos a presença e a inteligência dos pontos de vista, responsáveis pelo interesse que esta praça de oliveiras possa ter para quem a visita e aqui pretende ouvir falar sobre certos assuntos.
Voltamos a convidá-los para a próxima conversa, desta vez ligeira mas que esperamos seja do vosso inteiro agrado.
O nosso melhor bem-haja para todos vós.
Luís F. de A. Gomes

15:48  
Blogger inespimentel said...

Por falta de tempo não li senão os últimos dois comentários.
Eu diria que mais do que nunca há espaço para o lado mais espiritual da vida ganhar relevo. Quando tudo o resto se desmorona esse é o único caminho que nos atrai pela sua luz, pela sua verdade.É certo que esta merda desta sociedade consumista que "criámos" nos acena com outros brilhos, mas, cada vez são mais os que desviam o olhar dessa sedutora ilusão, desse espectáculo tão bem montado que é o mundo materialista que nos consome os dias, a vida!

09:13  
Blogger inespimentel said...

...já li + qualquer coisa...retive como se explica que certos cientistas sejam crentes?
Termino acrescentando que acredito que o mistério só é compreendido pelo "mundo" dos sentidos, das emoções, o nosso lado racional não é para aqui chamado, e ainda que o divino é uma festa interior de união com tudo o que me rodeia e não me lembraria de o apelar em promessas para me resolver algum drama pessoal.

09:26  
Blogger no largo da graça said...

Benvinda a esta humilde mas livre praça de oliveiras, Inês Pimentel.
Se só agora estamos a recebê-la é devido ao facto de terem chegado a estar quatro posts a receber ao mesmo tempo, algo de todo incomum neste blog, o que nos levou a não reparar nestas suas palavras cheias de interesse e pertinência e que muito agradecemos. O nosso maior desejo é que volte muitas mais vezes e tome por sua uma das sombras deste Largo justamente de onde muito gostaríamos de a ver entrar em outras conversas.
Até lá, o melhor para a Inês

Luís F. de A. Gomes

16:07  

Enviar um comentário

<< Home