2007-05-27

E DA TELEVISÃO ATÉ AO LARGO

Na passada semana, na RTP2, a blogosfera esteve em discussão no “Clube de Jornalistas”.
Não vamos aqui pedir a vossa opinião a respeito do que acham que deve ser aquele universo virtual ou quais as potencialidades que a mesma encerra, em geral, ou para a cidadania em particular.
Aquilo que lhes propomos é que partam para a reflexão a partir de duas dicas que podemos destacar em tudo o que os convidados disseram.
A primeira é quente, ainda mais numa semana em que veio a lume o castigo de um funcionário público por ditos a respeito do Primeiro-Ministro. A certa altura, na conversa, alguém defendeu a ideia de que a blogosfera deve ser controlada, submetida a regras. Pois é a partir daqui que lhes queremos colocar a primeira série de questões:
Acham que sim? Acham que a blogosfera deve ser objecto de controlo e da aplicação de regras de conduta? Será necessário fazê-lo? Se virmos este problema de outro ângulo, cabe perguntar se a liberdade na blogosfera é ilimitada? Será que cada um pode escrever o que lhe apetecer sem estar sujeito às consequências que isso possa ter? Haverá, apesar de tudo, lugar e pertinência para a implementação de regras e o controlo na blogosfera, mesmo sem chegarmos a um qualquer formato de censura e muito menos de estrutura censória?
A segunda será mais pacífica, mas ainda assim passível de ser questionada. Um dos presentes apresentou a tese de que a blogosfera tenderá a evoluir para a via do profissionalismo e naturalmente apontou isso como uma das consequências da tal necessidade de controlo do espaço em causa e, concomitantemente, como a forma de melhor responder a ela, isto é, de a materializar. Justificou a ideia com o facto de certos blogs, para manterem o ritmo de postagens, requererem um acompanhamento diário que só uma presença a tempo inteiro e remunerada conseguirá e para melhor a ilustrar deu o exemplo da comparação com o jornalismo que, na origem, terá sido assegurado em grande parte por trabalho amador, digamos assim.
Ora bem, que acham vocês disto? Faz sentido a comparação? Podemos comparar o trabalho desenvolvido num qualquer blog com o labor jornalístico em torno de um diário ou de um semanário? E quanto é profissionalização, acham que será inevitável? E a existir acham que isso impossibilitará a coexistência com a participação que actualmente se verifica por parte do cidadão anónimo e comum? Nos blogs que fazem e naqueles que conhecem, sentem que sem uma qualquer estrutura profissional a prazo deixarão de ser capazes de manterem o vosso espaço no ar?
Como sempre, o nosso maior desejo vai para que o tema seja do vosso agrado e interesse e que o mesmo lhes propicie mais uma serena troca de impressões.
A nossa gratidão para convosco e a generosidade que revelam jamais será saldada, pois não vislumbramos como poderíamos reunir os meios para o fazer.
Um grande bem-haja para todos vós.

2007-05-13

DA RUA ATÉ AO LARGO

Na semana passada, em Lisboa e no Porto, houve quem se tenha manifestado pela liberalização do consumo de drogas ligeiras, especificamente aquelas que genericamente podemos designar por ervas.
A medicina parece estar muito longe de um consenso quanto as malefícios em termos de saúde. Contudo, é aceite que estes não irão além daqueles que o consumo de álcool provoca no organismo.
Também quanto às consequências em termos do aumento dos níveis de consumo e do número de pessoas que consomem, não existem estudos suficientes que empiricamente permitam sustentar grandes afirmações num sentido ou noutro. A verdade é que há países em que essa tolerância legal existe e nada indica que por isso tenha passado a haver maiores problemas daí decorrentes e associadas aos proibicionismos surgem as redes de comércio ilícito em que se sustentam máfias poderosas.
Perante a repórter do jornal “Público”, alguém defendeu que os consumidores de cannabis são pessoas como as outras, não precisando viver no sub-mundo e também por isso muitos saíram à rua exigindo “direitos de igualdade”.
E vocês o que acham deste assunto?
Legalizar, manter a repressão penal, qual o caminho mais certo?
Há receitas ou teremos que admitir que em cada país se pode encontrar a melhor solução que não tem que ser necessariamente igual à de outro qualquer?
Como se poderia proceder à produção que necessariamente teria que alimentar a oferta que se apresentaria no mercado? Através das trocas internacionais ou por via de uma qualquer forma de produção local?
E no que respeita ao comércio, onde se venderiam tais substâncias?
Faz sentido falar em legalização em nome do quê? Da dignidade dos consumidores ou deveremos considerar essas pessoas como de alguma forma imaturas e até irresponsáveis? Ou faz sentido defender a legalização com os benefícios fiscais que o estado retiraria dessa actividade?
Sabemos que o tema é complicado e pode até levar a uma exposição que de modo algum queiramos ter. Seja como for, alguém o levou para a rua no passado fim-de-semana e o mesmo tem sido levantado um tanto demagogicamente por organizações partidárias da juventude em períodos de campanha eleitoral. É este o momento certo e um local apropriado para uma conversa serena.
O que é que vocês pensam sobre estas matérias?
Desde já os nossos melhores agradecimentos pelas vossas presenças e palavras e o desejo que a troca de impressões volte a ser do vosso e do agrado daqueles que nos visitam.
O mérito será vosso.

2007-05-08

THINKING BLOGGER AWARD

A "foryou" honrou-nos com o destaque deste prémio. Muito lhe agradecemos por isso embora tenhamos que dizer que o mérito da escolha cabe por inteiro a todos os amigos que nos visitam e contribuem para o eventual interesse desta humilde mas livre praça de oliveiras. Para ela e para aqueles lhe propiciaram os motivos para a escolha que expressou, o nosso reconhecimento é infinito.
Importa agora nomear cinco blogues que, na nossa modesta opinião, nos convidam a pensar. Com a devida vénia para todos aqueles que seguramente mereceriam aqui estar, aqui vai o nosso voto.
"Pequenos Nadas", pelos encantos que nos mostra e dá a conhecer, a sensibilidade das escolhas e a elegância com que são apresentadas. Uma casa de maravilhas a não perder que nos induz a reflexão por via da beleza que ali se reúne.
"Mia Ainiotita Kai Mia Mera" pela delicadeza e o bom gosto estético do espaço e o interesse dos temas apresentados e a inteligência revelada que, a partir de temas culturais, nos leva a pensar em muitos aspectos da vida.
"Crystalzinho" pelo espectáculo de um blog feito de originais de produção própria que não só nos presenteiam com resultados muitíssimos bonitos e cheios de interesse, sobretudo pela beleza do mundo interior responsável por tão belo trabalho.
"hainnish" pela sensibilidade e a ternura de textos originais e próprios, tão cheios de amor e esperança e a a arte de "tacci" que lhes anda associada, para nos fazer pensar, sonhar e sobretudo acreditar que apesar de tudo podemos contribuir para um mundo melhor.
"irritadinha" pela inteligência da Sofia Cristino, mas também pela irreverência e o elevado sentido de apreço pela liberdade que se constitui como um excelente exemplo cívico da convivência democrática no envolvimento de uma escrita cheia de imaginação.
De muitos outros blogues poderia escrever palavras semelhantes, mas são só cinco os que podemos nomear. Para os outros, as minhas palavras de agradecimentos pelo facto de generosamente também eles nos levarem a pensar.
Paz e saúde para todos
Luís F. de A. Gomes