2007-04-29

UM BRINDE À LIBERDADE E À ALEGRIA

Há trinta e três anos viveu-se, por esta altura, a semana que mediou entre o dia vinte e cinco de Abril com a queda do Estado Novo e o dia primeiro de Maio, talvez a semana de maior unanimidade a que alguma vez se assistiu em Portugal.
O derrube do salazarismo abriu uma porta de esperança que se traduziu numa rua em que era vulgar escutar buzinadelas acompanhadas de braços fora da janela com os dedos em v de vitória, a vitória sobre o medo e o ultraje de um regime que amesquinhava os portugueses e os remetia para uma menoridade cívica de que toda aquela alegria festejava o fim.
Hoje, passados todos estes anos, sendo já pais aqueles que nasceram depois desse dia maravilhoso, muito há de questionável na sociedade portuguesa mas é indiscutível que os portugueses vivem melhor e, apesar de tudo, com a liberdade a que então jamais tiveram acesso.
Pois bem, seja como for é este um tempo de festa e um período em que temos fortes motivos para nos orgulharmos de ser quem somos. Por isso mesmo, aquilo que lhe pedimos é muito simples. Vamos falar do que também temos de positivo e é muito.
Pedimos aos amigos que nos indiquem três coisas boas do nosso país. Nem é preciso que desenvolvam as ideias, bastará que enumerem, mas se a partir daí quiserem dizer mais qualquer coisa, esta humilde praça de oliveiras é vossa e em ela se fala livremente.
Vamos lá então, três coisas boas em Portugal.
Desde já agradecemos a vossa presença, bem como a generosidade e inteligência das vossas palavras.
Como dissemos, entre e converse. Partilhe connosco as suas opiniões sobre assuntos, assim o esperamos, do interesse do comum dos mortais.Para conhecer melhor este espaço entre na secretaria. Aí obterá toda a informação necessária a respeito de toda a constelação de "Atirei o Pau ao Gato".

2007-04-15

DEPOIS DAS FESTAS O PENSAMENTO

Este ano, o que nem sempre sucede, a Páscoa cristã dos católicos e dos ortodoxos calhou precisamente no mesmo Domingo que, por sua vez, ficou no decurso da semana das festas da Pessach. É pois este um bom momento para, passadas as festividades, conversarmos serenamente sobre Deus no mundo de hoje.
Mais do que entrar pelo caminho de discutirmos se acreditamos que Ele existe ou não o que nos parece ser uma conversa estéril, mais que isso, gostaria de lhes perguntar se acham que há espaço para Ele nos dias que correm? Neste mundo materialista e consumista em que vivemos, neste mundo em que tantas vezes somos determinados pelas obrigações das nossas vidas profissionais que em tantos casos acabam por nos afastar de nós e daqueles a quem queremos bem, nestas circunstâncias há lugar para Ele neste mundo moderno? Como, isto é, em tais contextos, que lugar lhe poderemos atribuir nas nossas vidas?
Mas estas são, naturalmente, questões que se colocam àqueles que sejam pessoas com Fé. Mas como não acreditamos no proselitismo e temos por adquirido que não é preciso sermos religiosos para sermos justos, aquilo que pergunto aos restantes amigos é se acham que as pessoas que levam uma vida de acordo com princípios religiosos são menos modernas que as outras, isto é, se fazem sentido no mundo de hoje e se, em conformidade, merecem ou não respeito? Devemos procurar abolir Deus do quotidiano actual ou pelo contrário, respeitar aqueles que O seguem? A religião, os princípios religiosos, a moral e a ética que decorrem da educação religiosa são incompatíveis com o mundo moderno? Não há nada de válido que se possa extrair de uma tal coexistência?
É claro que não estamos a considerar os extremos fundamentalistas e totalitários que muitas vezes nem mesmo nada têm a ver com a Fé mas tão só com a ganância da sede de poder absoluto sobre as pessoas e as coisas e que obviamente de todo condenamos.
Eis a nossa proposta desta quinzena, esperamos que mais uma vez motive o vosso interesse e seja do vosso agrado.

2007-04-01

O MELHOR PORTUGUÊS?

Um amigo de sempre perguntou-me se não estranhava que Salazar tivesse vencido o concurso televisivo para “o melhor português”. É claro que conversámos sobre o assunto e entre os dois surgiram uma série de hipóteses explicativas que, no fim, não o convenceram. “Não haverá algo mais profundo?”, terá sido a interrogação que deixou no ar.
Pois bem, é este o tema que lhes propomos para a próxima quinzena.
Naturalmente não estamos perante a autoridade de uma consulta conduzida pelos métodos e técnicas de uma sondagem cientificamente estruturada e controlada. Ainda assim, não deixa de ser curiosa a escolha e podemos tentar compreender o que a poderá explicar. Afinal, como sustentou o Rui, os portugueses viviam mal no tempo do longo consulado do Professor Salazar e muito pior do que vivem hoje em dia, para além de terem festejado genuína e espontaneamente a queda do antigo regime.
Contudo, talvez o mais interessante seja indagar a pertinência do concurso em si e dos moldes em que foi feito e se os resultados podem ser considerados representativos da opinião da maioria dos portugueses? Será aí que deveremos ler algum sinal relativamente à situação actual da sociedade portuguesa? Mesmo sabendo que daqui decorrerá aproveitamentos por parte da extrema-direita que até aqui não tem tido qualquer expressão em termos eleitorais e até sociológicos, estaremos, ainda assim, perante algo de preocupante para o regime democrático? E na vossa opinião faz sentido que se escolha Salazar como o melhor português? Como é que poderemos justificar esse qualificativo, em que realidades o podemos fundamentar? Então a miséria –a emigração da década de sessenta que terá sido a primeira responsável pelo processo de desertificação do interior não terá acontecido por motivos políticos mas sim económicos relacionados com a falta de perspectivas de melhoria de vida no país de origem- a PIDE e o seu cortejo de assassinatos e prisões e até um campo de concentração, a censura, os salários contidos por via da repressão policial, tudo isso não terá tido como primeiro responsável aquele a quem o concurso em causa elegeu como “o melhor português”?
Enfim, mais dúvidas que certezas que aqui partilhamos convosco e que podem ser tomadas como motes para a conversa que lhes propomos.
Desde já agradecemos a gentileza de todos os que participem e fazemos votos para que o tema seja do vosso agrado e interesse.